quarta-feira, 28 de julho de 2010

Verdadeira beleza!

A Isabel Moreira, blogger do Jugular, teve acesso e fez questão de publicar. Eu não consigo ficar indiferente e quero partilhar com todos os que visitam este blog. A carta que Saramago escreveu à sua avó é de uma ternura, de uma sensibilidade única. Obrigado Saramago..

"Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.

Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.

Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.

Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.

É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua
".

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sócrates, o lutador..

o Ministério Público deu por concluído o processo Freeport. lembram-se do que era o caso Freeport? foram semanas e semanas de aberturas de telejornais, de capas de jornais, foram meses de pura perseguição política a uma só pessoa: SÓCRATES. depois do processo FReeport, vieram por arrasto o caso PT/TVI e a espionagem política feita em Aveiro.
se Sócrates não fosse um combatente, um guerreiro, certamente que tinha cedido e desistido de tudo e todos. ele aguentou e agora cá está para se rir das "mouras guedes" e dos "josés manueis fernandes" deste país.
os grandes vêm-se nestes momentos. quantos teriam aguentado? quantos não teriam desistido? a partir de agora ver se aprendemos que no jornalismo não pode valer tudo. respeite-se a dignidade alheia, já que a maior parte dos jornalistas já peerderam a sua credibilidade.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Levei com a morte!

Com a morte. Hoje levei com a morte. E bateu-me mal, assim de uma forma estranha – não foi dor, como acontece quando me morrem pessoas próximas; não foi sensação de vazio, nada semelhante. Foi uma espécie de empurrão ao mesmo tempo pelas costas e pela frente. Dado à velocidade da luz - que nem saí do mesmo sítio. Tipo acorda pá, qualquer dia és tu. Podias ter sido tu. quem diria que partiria tão cedo? Deu-me para aqui, podia-me ter dado para aí. Estás a ver como isto é? Espécie de banca francesa – a fortuna que sai dum corno.

Esta cena da morte é um bocado pim-pam-pum e um gajo às vezes anda de gavetas desarrumadas e de repente dói-lhe uma unha e não é nada não é nada – é só uma unha. Vou amanhã ver disso, hoje tenho mais que fazer. E vai-se a ver e valia a pena ter ido mais cedo, que com estas idades a coisa depois foi sempre galopante. E tão novo, e o caralho. Não aguentou o galope, essa é que é essa.

Mas porquê este desatino todo com esta morte? Esta morte de hoje. Todos os dias morre gente conhecida, mais ou menos velha, mais ou menos amiga, mais ou menos próxima. Francamente, não faço ideia. Sei que me sinto agoniado. E que agora que escrevi isto ainda me sinto pior. E não devia ser para isso que um gajo escreve, para depois se sentir pior. Agonia por agonia bembondam as que provoca ouvir todos os dias a senhora de foice ao ombro. Aos berros de pim-pam-pum.

(Adaptado de um texto do Rogério Pereira do Jugular)

Conheci o tiago quando ele estava internado no IPO, ao mesmo tempo que o meu irmão. Soube que as coisas não lhe tavam a correr bem, nomeadamente na cirurgia, falei com a família e depois fui falar com ele. Apesar de todo o sofrimento que sentia, foi extremamente educado, simpático. Tinha noção do que se passava, mas manteve sempre a coragem até ao fim. Eu despedi-me dele nesse primeiro dia em que falei com ele. Ele abriu os olhos e disse: "obrigado por te preocupares comigo".
Era um campeão do Judo, uma forte promessa e eu, apesar de muitas pessoas dizerem que era impossível, achava que ele ia conseguir. Na sexta feira passadaestive no IPO e pensei ir vê-lo, mas até pensei que ele já tivesse em casa. Hoje levei com a morte dele e fico lixado comigo.
Os momentos em que falei com ele foram de uma enorme alegria para mim. Era mesmo um CAMPEÃO. Disse-me que desejava criar uma fundação de apoio às pessoas que sofrem de Cancro. Vejam se percebem a grandeza do rapaz.
Devemos todos pensar nisto. Deixem-se de merdas, de intrigas, de futilidades.. Cresçam e percebam o que é a vida. ÀS vezes só percebemos nestes sítios e nestes momentos.
Aqui fica o blog dele para perceberem um pouco da sua história:
www.ipponforlife-tiagoalves.blogspot.com

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Estado da Nação!

Realizou-se mais um debate sobre o Estado da Nação, que ficou marcado pela ideia genial de Paulo Portas de se criar um Governo de coligação entre o PS o PSD e o CDS, e assim, se resolveriam todos os problemas do país. Não sei se Sócrates é a pessoa mais capaz para ocupar o lugar de Primeiro Ministro neste momento, mas Portas considerar esta a melhor opção só revela uma coisa, a sua ânsia de poder. PSD e CDS querem apenas isto, poder. Não estão interessados nos reais problemas do país e isto é preocupante.
Recordo-me de outra frase de Portas. "Os portugueses já não confiam na pessoa que levou portugal à crise em que se encontra". demagogia, isto é demagogia pura, por parte de uma pessoa responsável. O líder do CDS sabe que o Mundo enfrenta uma crise, que não estamos sozinhos nisto, que vivemos num Mundo globalizado! Portas sabe isto, mas finge não saber. Falta responsabilidade a estes políticos.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Para os heróis!

Numa noite recente, daquelas em que são três da manhã e andamos às voltas na cama, meti-me a ler uma revista masculina e num texto li a seguinte frase: "Lutar contra a morte sempre fez parte do teu destino". Não sei porque raio me apareceu esta frase num texto de uma revista masculina, mas tinha tudo a ver contigo. Contigo e com todos aqueles que são GRANDES. Não daqueles e daquelas que vivem a sua vida apenas por viver, que a felicidade deles e delas é passar a vida a olhar pra vida dos outros e a criticar, a dizer mal. Não és dessa gente miúda. És dos GRANDES. Dos que sabem o que é a vida, dos que conhecem o sabor da vitória e da derrota, dos que conhecem o sabor da verdadeira felicidade e da verdadeira tristeza, dos que sabem o que é amar e ser amado, dos que sabem bem o significado da palavra amizade (tanto que eu te invejo nisso). Hoje fazes anos. Hoje é o teu dia. Não sei qual a importância que os heróis dão ao seu dia de anos. Para mim fazer anos é bom, as pessoas com mais ou menos falsidade sentem-se bem, é um dia especial, diferente, mas para os heróis não sei como será, eventualmente é mais um dia, uma vez que, todos os dias vocês são venerados, adorados. Os verdadeiros heróis merecem. Tu és um deles. Hoje Casillas, Xavi, Alonso, Iniesta e companhia são os heróis de muita gente. Tu continuarás a ser o meu e continuarei a AMAR-TE eternamente!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Confiança!

Entregamos demasiadas vezes a nossa vida aos outros, a estranhos e desconhecidos inclusivé. Faz parte da rotina, confiamos nos outros e na segurança estabelecida pela sociedade. Viajamos dentro de aviões confiando que aquilo é seguro, metemo-nos dentro de táxis confiando a nossa vida a um desconhecido qualquer, colocamos a nossa vida nas mãos dos médicos considerando que eles são infalíveis. confiamos demasiado nos homens, nos desconhecidos e até me convenço que confiamos demasiado nos amigos, naqueles que consideramos ser nossos amigos, embora não o tenham provado ainda!Somos demasiados inocentes, inconscientes e irresponsáveis. entregamos muito levianamente o mais precioso que temos nas mãos dos outros. Eu sei que são condicionantes da vida. Que não podemos passar sem médicos, que precisamos de andar de transportes públicos ou apanhar boleia com familiares ou amigos.
Há quem confie nos Políticos. Cada vez menos pessoas, acho, mas eu próprio ainda gosto de confiar neles. Agora eu sou um deles e gostava que as pessoas confiassem em mim. Há quem confie, outros que não. O normal. Confesso que isso não me preocupa muito. só quero que aqueles que confiam que acreditem que faço o meu melhor em tudo. Erro. Muito. faço asneiras. Frequentemente. Mas faço sobretudo aquilo que acho melhor em cada momento. Peço desculpas pelos meus erros, pelas minhas falhas, como presidente, como amigo, como familiar..