tag:blogger.com,1999:blog-17904106885647455202024-03-13T01:48:48.940-07:00Esquerdismos LiberaisEu vou pela Esquerda!Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.comBlogger216125tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-40693643301087075032012-02-09T10:56:00.001-08:002012-02-09T10:59:09.641-08:00O FIM DO MUNDO NUM GEMIDO!JÁ O REFERI ANTES. CLARA FERREIRA ALVES É, NO MEU ENTENDER, UMA DAS PESSOAS MAIS LÚCIDAS DESTE PAÍS. ESTE TEXTO, PUBLICADO NA ÚLTIMA "REVISTA" QUE ACOMPANHA O JORNAL EXPRESSO, DEMONSTRA CLARAMENTE TODA ESSA LUCIDEZ. BRILHANTE. APENAS ISSO. BRILHANTE!<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">Quase todos os dias podemos ver a procissão de homens ocos. A sair dos carros blindados com vidros escuros, caminhando apressados no centro de um grupo de assistentes que carregam as pastas e caminham um passoa trás, como os súbditos, sorrindo ou franzindo os olhos para as câmaras, conforme a gravidade da situação. Apertam muito as mãos uns dos outros E às vezes fazem pose para a fotografia de grupo, com os olhos espantados e a imobilidade de espantalhos.<br /><br />"The hollow men", um dos grandes poemas de T.S. Eliot, e um dos que mais influenciaram a literatura posterior, não poderia ter melhores representantes do que esse conjunto de fraquezas e conveniências a que chamamos "líderes europeus".<br /><br />O que fazem os líderes europeus? Cimeiras. Fazem cimeiras. E antes das cimeiras dizem que vão resolver os problemas da europa e da zona euro e depois das cimeiras dizem que novos passos e definitivos passos foram dados para resolver os problemas da Europa e da zona euro e uma semana depois, esgotado o primeiro impulso optimista dos mercados, volta tudo ao mesmo. Os juros sobem, os ratings descem, os bancos descapitalizam, o desemprego aumenta. E a Grécia continua a descida ao fundo do poço. Em cada cimeira aparece um pacote de medidas que serão "implementadas" no futuro, sabendo todos que o futuro é para a semana que vem.<br /><br />Antes das cimeiras os líderes europeus dizem que não pode ser a Alemanha a decidir o futuro do euro, depois das cimeiras os líderes europeus concordam com as decisões alemãs sobre o euro. Antes das cimeiras os líderes europeus juram que já perceberam que a austeridade é perigosa para as economias, depois das cimeiras os líderes europeus afirmam que mais austeridade é o único caminho. Estamos nisto há uma eternidade.<br /><br />Custa a crer como é que um conjunto de gente supostamente eleita por ser inteligente consegue ser tão vilmente estúpida. Custa a crer como é que o Governo alemão resolve impor unilateralmente aos gregos um "comissário" financeiro, destituindo-os da última parcela de soberania, como se a Grécia fosse um protectorado, sem que o resto da Europa se levante num clamor. <br /><br />T.S. Eliot escreveu "The Hollow Men" em 1925, no rescaldo da I Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, The hollow men, the stuffed men. Os homens ocos, os homens de palha. As nossas vozes secas/ Quando sussurramos juntos/ São silenciosas e sem sentido. O poema acaba com a estrofe catastrófica: This is the way word ends/ This is the way the world ends/ No with a bang, but a whimper. E assim acaba o mundo, não com um estrondo mas com um gemido. O poema entro no vocabulário anglo-americano e foi citado milhares de vezes em escritos posteriores, em livros, filmes, séries de televisão. Coo uma profecia, a leitura actual do poema devolve-nos este tempo histórico comandado por homens ocos.<br /><br />O verdadeiro défice europeu não é financeiro. É humano. Na história da Europa dos últimos séculos nunca houve um conjunto de burocratas e de chefes tão afastados da grandeza europeia como esta gente que se junta em Bruxelas para decidir sobre gente que não conhece. O provincianismo de Merkel, uma engenheira química que cresceu no outro lado do Muro, mostra-se nos discursos. A senhora Merkel tem a eloquência prudente e limitada de um alemão da Alemanha interior, um território mental sem pingo de cosmopolitismo, conservador nos costumes e nos hábitos, inspirado pela frugalidade luterana ou a centrifugação ideológica do marxismo-leninismo soviético. Esta Alemanha desdenha o desconhecido território do hedonismo e do esbanjamento, desdenha os povos de "índole voluptuária" (citando Latino Coelho) que agora estendem a mão.<br /><br />O falhanço de Merkel foi o de não ter explicado as razões pelas quais os hedonistas ameaçam o sistema capitalista mundial. E ameaçam a economia, o bem-estar e a estabilidade da Alemanha. Uma Alemanha que ainda não perdeu a mania do lebensraum le quer estender uma hegemonia às soberanias nacionais que não conseguiu controlar ou vigiar antes do desastre. Nem a Alemanha nem a Europa. A Grécia dava sinais inequívocos de descontrolo financeiro e fiscal e nem um único chefe europeu ou alemão entendeu colocar a burocracia europeia não ao serviço de si mas da fiscalização. A punição pela punição não produz efeitos e só serve para afastar a Grécia (e Portugal) da Europa do centro e sentenciá-los à morte. Sem investimento nem estímulo, a economia não cresce e fica nas mãos de meia dúzia de agentes e intermediários, o que está a acontecer. Portugal torna-se um entreposto. A austeridade tem um preço alto. Aniquilação da soberania política e económica. Destruição do Estado. Miséria social. Desemprego. Desigualdade. Emigração. Dependência. A quantas cimeiras de homens ocos teremos de assistir antes de o nosso mundo acabar com um gemido?<br /></span>Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-2259838726601619802012-01-07T05:48:00.000-08:002012-01-07T06:22:38.381-08:00a vida..a mãe, com as pernas inchadas, mal se conseguia movimentar. deitada na cama, não parava de pedir algo que lhe pudesse aliviar as dores. o filho, na casa dos trinta anos, com aspecto de manequim, não a largava. amparou-a até à casa de banho e mudou-lhe a fralda. o aspecto dele era sofrido. trincava os lábios para tentar segurar as lágrimas que lhe queriam à força cair dos olhos. angústia e revolta. a senhora tentou comer a sopa, mas não demorou muito a mandá-la fora. a maçã assada, cortada aos poucos pelo filho, foi o que ela conseguiu manter no estômago. o marido entrava e saia da sala a todo o momento. a dor de ver alguém, de quem se gosta, naquele estado, estava a consumi-lo. a cara vermelha, os olhos húmidos, o abanar a cabeça em gesto de reprovação.<br /><br />o senhor deitado na cama. a normalidade da cara pálida. a senhora sentada ao seu lado. mãos que se entrelaçam, num gesto de conforto e de presença. os olhos fechados do senhor, a cabeça baixa da senhora. a dor que os une. a notícia de que o senhor teria que ficar internado. os olhos que se abrem, a cabeça que se ergue. os olhares que se cruzam. as mãos mais apertadas. o choro incontrolável ao deixar o marido e ter que ir.<br /><br />o choro compulsivo de quem perdeu alguém. os gritos que nos ferem a pele. o deitar no chão. os abraços que deixam os ombros molhados. a dor. o sofrimento. a vida. sobretudo isto. a vida!Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-17062317147193907332011-12-26T17:22:00.000-08:002011-12-26T17:42:35.658-08:00...este blog talvez já não tenha razão de existir. provavelmente, eu já o deveria ter "morto", mas não o faço pelo carinho que tenho por ele. aqui estão contidas algumas reflexões, alguns desabafos, confissões, as alegrias e tristezas, as dúvidas e os problemas da vida de um jovem.<br />já há muito tempo que aqui não "deposito" nada meu. <br />iniciei muitos "posts", que acabaram por ficar a meio, que achei inúteis, que achei que não interessassem a ninguém. assim como este, como tudo o que se escreve. (quantos acharão isto ridículo, tal como as cartas de amor. quantos gozarão disto, falarão disto e, provavelmente, nem um único comentário). é como a vida. vivemos demasiado sozinhos junto dos homens. <br />talvez comece a ficar apático, desprendido, desiludido. sei que neste momento não vivo neste corpo, sei que preciso de ressuscitar. não sei se haverá volta a dar, um retorno, não sei se este nevoeiro que invadiu o meu corpo, me permitirá de novo, um dia, voltar a ver a luz ao fundo do túnel.<br />este blog voltará a ser o reflexo desta vida, ou ausência dela. eu cá continuarei, procurando-me. e a vós.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-23450903092852607502011-10-07T08:19:00.000-07:002011-10-07T08:32:54.679-07:00texto para ler até ao fim, se faz favor..Hamlet – aquela caveira já teve língua e outrora pôde cantar. Como aquele patife a atira para a terra, como se fosse a queixada usada por Caim para cometer o primeiro crime! Talvez aquele crânio que este bruto assim maltrata, pertencesse outrora a um homem de estado; a alguém que pensava poder enganar o próprio Deus, não é verdade?<br /><br />Horácio – pois, talvez, meu senhor.<br /><br />Hamlet – ou a um cortesão que sabia dizer “bom dia, meu senhor! Como vais tu, meu bom senhor?” …<br />...<br />Aí está outra! Quem sabe se será o crânio de um advogado? Onde estão agora as suas subtilezas, subterfúgios, argúcias e cláusulas? Porque suporta ele que este patife lhe bata com uma pá suja, sem intentar contra ele uma acção por vias de facto? Hum! Aquele parceiro talvez fosse, em vida, um grande negociante de terras , com os seus sinais, garantias, hipotecas, recibos, fiadores? Acaso para ele é a multa das suas multas, o activo dos seus activos ter a sua bela tola, cheia de bela lama? Será que os seus fiadores não lhe afiançam mais que o comprimento de duas folhas de contrato? Os próprios títulos das suas propriedades mal caberiam nesta caixa. Nem o proprietário poderá ter um pouco mais?<br /><br />…<br /><br />Primeiro camponês – aqui está uma caveira que esteve na terra vinte e três anos.<br /><br />Hamlet - de quem era?<br /><br />Primeiro camponês – dum maluco filho duma dessas. De quem pensais que era?<br /><br />Hamlet - não sei.<br /><br />Primeiro camponês – diabos levem esse malandro. Uma vez despejou-me uma garrafa de vinho na cabeça. Este crânio era de yorick, o bobo do rei.<br /><br />Hamlet – este?<br /><br />Primeiro camponês – esse mesmo.<br /><br />Hamlet – deixa-me ver. Ah, pobre yorick! Conheci-o horácio. Era um moço de uma graça infinita, duma invulgar fantasia. Quantas vezes andei às cavalitas nele! E agora como a recordação é penosa para a minha imaginação!<span style="font-weight:bold;"> Aqui eram os lábios que tantas vezes beijei. Onde estão agora os teus gracejos, os teus ditos, as tuas canções, as tuas brincadeiras, que tão estrondosas gargalhadas provocavam à mesa? E agora? Nem um simples dito para troçar do teu próprio esgar? Já não tens queixo? Vai procurar a minha senhora e diz-lhe que, por mais pintura que ponha no rosto, é a este estado que tem de chegar. Fá-la rir com isso.<br /></span><br /><br /><iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/CXixlEy5Gfc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br /><span style="font-style:italic;">in hamlet</span>, de shakespeare.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-33761504817466162472011-10-03T03:05:00.000-07:002011-10-03T03:13:28.790-07:00vale a pena acreditar em jesus cristo?hoje, por volta das 21h00, aproveitando o facto de estar por lisboa, irei participar numa conferência intitulada "desculpe perguntar mas... porque é que acredita em jesus cristo", na igreja são jorge de arroios, onde irá estar presente o professor marcelo rebelo de sousa, o actor miguel guilherme e a jornalista laurinda alves. <br /><br />espero que seja esclarecedora. bem que preciso.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-15174833598131777002011-09-30T01:56:00.000-07:002011-09-30T02:21:01.499-07:00muitas felicidades, joãonão me posso queixar da minha infância. tive sempre bons amigos. brincávamos muito, às mais variadas brincadeiras, sempre até ao anoitecer. eram bons momentos. isto era mais durante a semana. ao fim-de-semana o programa costumava ser diferente, nomeadamente ao sábado, onde eu e o meu irmão costumávamos ir para a casa dos meus primos, joão e pedro. sempre foram os primos mais chegados, os que viviam perto de mim, aqueles com os quais tinha uma ligação mais próxima. nesta fase as nossas idades rodavam entre os 6 e os 10 anos e não passávamos de umas crianças que se queriam divertir. hoje, passados quase 20 anos é bom olhar para trás, recordar tudo o que passámos e o que vivemos juntos. <br />o joão, aquele rapaz que adorava ir aos pássaros de pressão de ar (a tua vertente ecologista surgiu bem depois), que era o rapaz responsável, com quem jogava elifoot, o rapaz que me ensinou a jogar ping-pong, modalidade na qual me tornei várias vezes campeão a nível escolar, o rapaz que foi numa tarde de calor, no autocarro da rodoviária, comigo e com o meu irmão comprar a nossa primeira consola, uma mega drive, o rapaz que vinha almoçar todos os dias de verão a minha casa e aqui deixava o pedro, para poder ir namorar e divertir-se à vontade com os amigos, o rapaz que me acompanhava nos almoços de sábado no feijão frade com atum e o sumo de laranja natural (o da minha tia é único, acreditem) até rebentarmos de tanto comer, o rapaz que depois de um pequeno acidente, numa noite de inverno, veio chorar aqui para casa, o grande defesa esquerdo da adm, entre muitas outras coisas que aqui poderia referir, enfim, esse rapaz vai casar amanhã e quero desejar-lhe as maiores felicidades. é um passo importante na sua vida e amanhã, por mais contrariedades que possam surgir, lá estarei para lhe dar um abraço, um grande abraço. os anos passarão, mas estaremos sempre aqui, como família para nos apoiarmos uns aos outros. as maiores felicidades joão e ana. <br /><br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/xJOGq5XTojo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />p.s. nesta altura, a que foi referida neste texto, esta era uma das tuas bandas predilectas. espero não estar enganado..Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-51249157761276508132011-09-26T05:52:00.000-07:002011-09-26T06:03:52.957-07:00dúvidas..nunca me disseram que a vida seriam só facilidades. nunca me disseram que nunca teria problemas, nem preocupações. nunca ouvi dizer que podemos fazer apenas aquilo que nos satisfaz. sim, muitas vezes temos que aguentar o que não queremos e aprender a lidar com isso. e quando isso nos destrói, temos que continuar a suportar o sofrimento de nos sentirmos sufocados? desistir ou abandonar é um sinal das nossas fraquezas?<br /><br />como a música do jorge palma, eu ando a tentar inventar alguma paz interior.<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/esdJR5JygRc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-76598761912482803542011-09-10T06:03:00.000-07:002011-09-10T06:23:11.696-07:00as bandas sonoras dos líderes socialistas..a moda das bandas sonoras no partido socialista começou com antónio guterres, que escolheu a música <span style="font-style:italic;">conquest of paradis</span> dos vangelis<br /><br /><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/JOUEfB7u4_4" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />sócrates mudou de banda sonora. escolheu o <span style="font-style:italic;">main theme</span>, música que fez parte do filme o gladiador.<br /><br /><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/AlY42MmkEiM" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />antónio josé seguro apresentou, ontem, a música que o vai acompanhar nesta caminhada enquanto líder socialista.<br /><br /><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/fo2HSeo0z4w" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />qual a sua preferida?Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-74988156419168944182011-08-29T03:02:00.000-07:002011-09-03T08:34:46.476-07:00a escola IPOentre a praça de espanha e sete rios há um mundo desconhecido para muitos. daqueles sítios controversos. onde as situações mais complicadas da natureza humana, o tornam num sítio mágico. é completamente perceptível os que dizem não conseguir por lá passar, mas digo-lhes, que as vitórias mais duras são as mais belas e todos nós podemos contribuir para a vitória de alguém, naquele local.
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<br />entre árvores enormes, prédios altos, parques de estacionamento, há pessoas, muitas pessoas. carros, ambulâncias vindas de muitos locais, com gente dentro, gente que mal consegue andar, que amparados por bombeiros, voluntários ou familiares dão passos curtos, à força, em busca de uma hipótese, de uma chance, que a vida lhe quer negar. pessoas deformadas, pálidas, cansadas, tristes, sozinhas, magríssimas, onde só a pele segura os ossos. pessoas com uma dignidade arrepiante, pessoas que me esmagam nesta batalha que travam. apetece-me abraçá-los, dar-lhes a saúde, que julgo ter, apetece-me levar tanta gente para casa, aprender com eles o quão bom é viver, aprender como se luta com tamanha adversidade, porque eu, um sortudo, não sei faço ideia do que isso é. gente débil, fraca, pessoas que me enchem de vergonha por ser apenas eu.
<br />a família. os que empurram a cadeira de rodas, os que acompanham o doente na consulta, que vão buscar a sandes e o sumo ao doente, mas que nunca lhes apetece degustar. a família que assoa, que ampara, que se revolta, que chora no canto escondido para ninguém ver, que coloca a cabeça sobre os joelhos para tentar esconder o sofrimento, a revolta de não poder fazer nada perante um inimigo tão temível. a família que mais que consoladora é consolada pela coragem de gente ímpar.
<br />profissionais. médicos, enfermeiros, analistas, técnicos, auxiliares, senhoras da limpeza. dedicação. amor. respeito. coragem. companheiros de luta. o "estar aqui ao teu lado". fazer da tua luta, a minha luta. o sorriso garantido. a piada fácil, mas desconcertante.
<br />ali, naquele local distante, pode-se privar com a natureza humana no seu estado mais puro. pode ser o estado mais débil, mas o mais verdadeiro, o mais glorioso, aquele que encarnamos quando sentimos que podemos estar a chegar ao fim da linha. aqueles estado em que percebemos o que realmente interessa, o que nos faz falta, o que nos move e o estado em que tomamos consciência daquilo que não aproveitámos.
<br />levem-me às cavalitas. vocês são tão fortes.
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<br /><iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/Dyo4tNwNIvQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
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<br />Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-35090966110828805192011-08-23T06:55:00.001-07:002011-08-23T08:12:00.492-07:00pode-se servir a deus e ao diabo?a blogosfera portuguesa está a ferro e fogo, com a nomeação de um tal de antónio figueira para assessor do ministro miguel relvas. não conheço o percurso de antónio figueira, não faço a mínima ideia do seu profissionalismo ou a falta dele, conheço apenas aquilo que ele defendeu publicamente, nos textos que escrevia no blog, conotado com a extrema-esquerda, o <a href="http://5dias.net/">5 dias</a>. não me repugna o convite, repugna-me, isso sim, que antónio figueira o tenha aceitado. isto de querer servir a deus e ao diabo tem muito que se diga. figueira escreve num blog de esquerdistas radicais, que estão contra o sistema e defendem a revolução através da violência, assim como aconteceu em inglaterra, mas depois vai servir o próprio sistema. perderam-se os valores e a coerência, fica para memória futura aquilo de que todos desconfiávamos, a forte ligação da extrema-esquerda com a direita portuguesa, o seu maior aliado.
<br />Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-45706083739321679402011-08-16T05:09:00.000-07:002011-08-16T05:31:00.677-07:00que futuro será o nosso?o mundo está a desabar a olhos vistos. a cada dia que passa podemos verificar que ao nosso lado há cada vez mais desempregados, sejam amigos ou familiares, com imensas dificuldades em arranjar uma ocupação. percebemos que as pessoas vivem cada vez pior, com menos meios, menos dinheiro e a pobreza invade a classe média, que se vê sem soluções, sem um rumo para a sua vida. já se viveu bem em portugal, os nossos governantes já tiveram muito dinheiro para distribuir, que dava para tudo e mais alguma coisa. mas o mundo mudou e os líderes não conseguiram dar resposta a estas mudanças. pensámos que sempre viveríamos em prosperidade e entrámos num forte ciclo de endividamento que nos levou à actual situação. agora todos nos mandam poupar, cortar e investir para ser uma medida errada neste momento.
<br />vários países europeus já tiveram que recorrer à ajuda externa e continuam a pagar juros insustentáveis a médio e longo prazo, mas continuamos a seguir as mesmas regras, os mesmos desígnios. cortes, reduções e aumento de impostos.
<br />e as pessoas? sim, e as pessoas? onde é que ficam no meio disto tudo?
<br />os problemas destes países, mais do que a sua dívida é a ausência de crescimento económico. sem crescimento nunca sairemos desta situação aterradora, desta bola de neve, de mais falências, mais desemprego, mais pobreza. e o problema da falta de crescimento não se resolve com cortes, resolve-se com poder de compra e investimento. é simples, mas vamos continuar a ignorar.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-32691700965726017932011-07-06T01:32:00.000-07:002011-07-06T04:50:44.959-07:00o fim do moody'sa moody's decidiu cortar o rating da república portuguesa para Ba2, ao nível do lixo, ou seja, para esta agência financeira investir em portugal não é aconselhável. isto tudo, um dia antes de portugal voltar aos mercados.<br />os juros das obrigações portuguesas dispararam, as empresas cotadas em bolsa estão em forte queda, isto tudo devido a uma posição, tomada por uma agência de notação financeira norte-americana. tenho um amigo (pfg) que apelidou de "terrorismo" esta tomada de posição da moody's. concordo. tudo isto não passa da mais pura especulação, com o objectivo de destruir as economias europeias. quem anda a ganhar com isto? quem tem lucros fabulosos à custa deste circo em torno das economias europeias? não sei, mas é necessário que se tomem medidas sérias em torno destas matérias. <br />o que me causa algum espanto são as virgens ofendidas que agora se espantam com aquilo que se está a passar, que acham indigno que se trate a economia portuguesa como lixo. pois é. também o acho, acho isto ridículo e sem justificação, mas assim como o achava antes do dia 5 de junho. ou o mundo da especulação só começou agora? ou em que mundo viviam? <br />com sócrates pagávamos os juros das obrigações a 7 ou 8% e havia abertura de telejornais, os comentadores lá estavam presentes, sem dó nem piedade, a culpar sócrates pelo que se estava a suceder. sabem hoje os juros estão em quanto?? o dobro. sim, o dobro. o mundo não mudou desde o dia 5 de junho, nós é que nos queríamos abstrair da realidade. quando acordamos para ela, o choque nunca é fácil.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-6310896338094927812011-06-29T08:55:00.000-07:002011-06-29T09:13:05.121-07:00grécia nossa!o parlamento grego aprovou com 154 votos a favor, dos 298 deputados presentes, um novo <a href="http://economia.publico.pt/Noticia/grecia-aprova-planochave-para-garantir-financiamento_1500756">plano de austeridade</a>, com medidas bastantes exigentes. todos, mas mesmo todos, os europeus têm que ficar satisfeitos com esta notícia. o desmoronar da grécia, que ainda está longe de ser evitado, teria consequências nefastas para portugal e poderia ser o princípio do fim do projecto europeu. a situação é dura, compreendo que os gregos estejam cansados e percebo aqueles que acham que a solução poderia ser tomada por outra via, como é o caso de mário soares. esta é aquela que os actuais líderes europeus decidiram seguir, que se faça o caminho. as <a href="http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=493337">notícias</a> começam a ser positivas.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-35002145205882217082011-06-27T08:03:00.000-07:002011-06-29T03:41:15.143-07:00nunca acabes..como já referi neste espaço, eu adoro transportes públicos. gosto de espaços onde tudo e todos podem estar presentes, como num simples livro, por exemplo. quando viajo de metro, o que acontece frequentemente, e quando passo na estação do saldanha, o que também acontece frequentemente, não fico a olhar para a porta mais próxima, a ver quem entra e sai, como é normal acontecer nas outras estações, mas fixo-me nas paredes do metro, nas frases que elas ostentam. há uma que gosto especialmente: "as pessoas que mais admiro são aquelas que nunca acabam". esta frase, que nos foi legada por almada negreiros, reflecte tudo aquilo que eu penso sobre os outros, aqueles de quem gosto. gente imprevisível, surpreendente, irreverente, pessoas que têm sempre mais um sorriso, mais uma expressão, pessoas que sabem o valor do bem e do amor, da loucura e da boémia, pessoas grandes, que sabem ser anjos e diabos, consoante as situações.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-18467089002976224552011-06-21T15:59:00.000-07:002011-06-21T08:01:43.030-07:00COELHOS DA PÁSCOA...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span><span class="Apple-style-span">Paula Teixeira da Cruz, ex-mulher do presidente do Millennium BCP (vulgo banco dos ricos) Paulo Teixeira Pinto, afirma-se como uma das novas superministras indigitadas pelo correctíssimo e fidelíssimo Chefe Cavaco Silva, cuja baba lhe cai do queixo em tropel, fazendo olhos tilintantes à nova mestre da (in)Justiça, relembrando os tempos em que, apesar de feio que nem um camelo do Saara, ainda atraía atenções de mulheres analfabetas e outras mais jeitosas que os anos rosa do seu primeiro-ministério lhe achavam, e cujos atributos físicos são cobiçosa e secretamente invejados pela rainha das causas e sua esposa de aparências. Arrebanhou todo um rol de papéis enfiados à força numa secretária com o aspecto de quem acumula orgulhosamente participações estatais e académicas de franca importância para o Conselho Superior da Magistratura e Câmara de Lisboa, e não perdeu tempo a dizer o "sim" ao seu novo querubim Troca-o-Passo, cujo discurso foi hoje deveras iluminador. Armado em coelho da Páscoa, exalta as nobres qualidades da já velha socialite do PSD, e as suas sátiras jocosas sobre as figuras do Executivo torpemente atirado ao ar e cuja reputação se determinou a ajudar a sanar, confiando-lhe aquilo a que muitos já não vêem como sendo uma ordem social, a Justiça. A dedicação com que surge neste pódio será certamente suplantado pelo fulgor glamouroso de suceder ao afilhado, como vice-presidente do partido laranja, caso lhe encomendem demasiados ralhetes que ficam mal no jornal Sol e outros tantos, para lhe refrear a cabeça quente pelas ideias novas, assombradas pelo totalitarismo dantesco nele desperto e que as nossas pedras das calçadas não esquecerão facilmente. Se ela ama, não é à Pátria, mas sim à segregação em todos os níveis, da qual será o engenhoso cérebro: brilhantemente engendradas pela cacofonia de desesperados pelo assento mágico e de aspecto austero do hemiciclo, estão já distribuídas as mais diversas campanhas anti-liberais e anti-socialistas pelos seus arquitectos da Direita moderna. Os gays e lésbicas deste País (segundo o <i>Correio da Manhã</i> e o <i>Público</i>, pelo menos um milhão e meio, à solta e no armário, cuja mente o tempo entorpece e a língua desacredita - só 15% da população?! admira-me que o INE não saiba da missa a metade, eles que tudo sabem...) vão passar a ser hereges declarados, sanções de índole inquisitória e arquétipos conservadores cuspidos serão mascarados pelo falso altruísmo desta culta senhora, bem ao estilo da Igreja Católica Apostólica Romana (e da portuguesa, salvo seja), as minorias religiosas vão ser exploradas, e os criminosos de colarinho branco, como o compadre Ângelo Correia, permitem-se continuar a ir ao sábado de manhã dissimulados em pólos da <i>Zara</i> e calçanitos de linho fazer compras ao Colombo ou ao Saldanha. Os desfavorecidos amontoar-se-ão à porta do Ministério que tutela os tribunais de forma alarmante, e os processos a favor dos réus ao invés dos lesados (ai a canção da Desgraçadinha!) passarão a ser executados de uma maneira quase vertiginosa e pidesca, misturando porcos com cigarras, sequóias com nenúfares, chocolates com pudins.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Tanto que promete... e tão pouco há-de cumprir. Siga o exemplo dos Julgados de Paz. Levam em média 60 dias para dirimir conflitos de interesses, desde a entrada do requerimento da acção nos assentos daqueles muito modernos complexos que cabem em prédios de habitação, até ao momento em que o juíz de paz brande o martelo e condena implacavelmente os demandados sem se compadecer com "habeas corpus" articulados por cima do joelho, se estes tentarem engrossar a sua podridão ao recusar uma mediação que se pode sempre afigurar pacífica, fora o "<i>high-spirit</i>" de alguns portugueses com tiques marcelistas com o propósito enriquecedor de achincalhar. Não falemos de tiques, se calhar, não é boa ideia, visto que enrolar o cabelo e arrasar as empregadas dos cafés da Liberdade são o passatempo preferido da pobre mestre, e ela assim, além de acumular ordenado de ministra com funções executivas em órgãos nacionais e europeus de gestão e outros negócios obscuros (de mau grão nunca bom pão, lembrai-vos, leitores), exige ainda uma choruda avença por publicarem aspectos da sua existência infecta, sob pena de ir fazer queixinhas ao lacaio dos Assuntos Parlamentares para inibir constitucionalmente o direito à informação nessas vertentes, apressadamente promulgado pelo avô cantigas do Palácio de Belém, guardado por aquelas pobres cavalgaduras, de corpos robustos e trabalhados quase a escopro e a cinzel, e cornos habilmente pendurados sobre a cabeça que está farta de comunicar ao resto do corpo se já não ganhou varizes e caruncho de tanta hora que naquela soleira fica plantado. Eu é que devia ser chamado a gerir a pasta da Justiça. Despachava funcionários incapazes e imbecis, corria com os cães e a canalha, fanfarrões e malandros, abria um mega-concurso público no território nacional de cem mil pessoas para trabalhar nos tribunais, no magistério e nos órgãos consultivos e policiais, a par com o MAI, e assim as instâncias percorriam-se com a rapidez de uma flecha; às escadarias dos palcos da tribuna, infelizmente, não se lhes conhece mais do que a amizade com os caracóis, petisco muito apreciado pelos habilidosamente qualificados para muito pouco ou nada fazer. A seguir, se o Professor Álvaro me pedisse para opinar, diria para enfiar o seu nariz descomunalmente grande na sua pasta e que, se quisesse ajuda, pensasse em aumentar as exportações, criando fábricas, empregos e subindo os salários mínimos via DR, que afinal, continua a ser o único ainda de respeito pela sociedade. Já não haveria móbil de queixas para isso, nem falta de competitividade, concorrência, usufruto socioeconómico, emprego, poder de compra e milhentos outros parâmetros que fazem hoje pelo mau aspecto delícias e água na boca de miúdos e graúdos, sem sentido de Estado ou cidadania. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Ah, voltando ao que estava aqui a magicar... não se esquecem da declaração de guerra à comunidade cigana, nem da expulsão dos judeus de volta ao Monte Sinai, decerto. Mas eu sou português, acontece aos melhores e, portanto, posso celebrar o <i>Yom Kippur</i> com a efusividade que quiser, ou organizar o mais barulhento <i>Hanukkah</i> de sempre... e fá-lo-ei (adoro quando me sai este sorrisinho melífluo misturado com ódiozinho de estimação pelos lábios fora), quando os ovos da Páscoa se escaqueirarem no chão pelo fim de 2011, visto que o coelho desertou e deixou portas a bater, num escândalo de iliteracia, corrupção descarada, despotismo, despesismo, atraso mental e civilizacional, e gestão danosa; uma receita perfeita mas recheada de veneno para quem projectou a orelha na direcção da melodia encantadora do recém-chegado inquilino a São Bento. O pior é que leva para aí seis meses a cozer.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">PS - Doutora Paula, quantos kits de maquilhagem oferece à AR? É que para aquelas cinco mulheres de grandes tomates chegava um, e sobejava :) Mas se quiser sempre pode elaborar um despacho que contemple a pena de prisão de 30 dias e coima entre 50-500 euros às suas malditas secretárias de Estado e escrivãos febris e caquécticos que depositarem a lancheira no Ministério, atrevendo-se a picar ponto sem um quilograma de pó compacto na cara... só custa 8,90€ na <i>Sephora</i> do Vasco da Gama, e estão em saldos, aproveite. Faça campanha com isso quando lhe der um lampejo de génio e processar o tarado do seu ex-marido por clientelismo político e cartelização bancária, (isso sim, é prevaricação) que seria resolvida de forma estupidamente fácil se eu estivesse no seu adorado lugar, a braços com o Economista-chefe. Se preferir poupar-nos, porém, a um desastroso desaire sem precendentes, aborreça-se, peça um desconto ao seu compincha da TAP e parta para a sua terra natal, ou ajude a Mariazinha das Neves na campanha presidencial de São Tomé, vós que sois mui poderosas e virtuosas mulheres...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">(Alguém por acaso já reparou que as ministras deste Governo são todas pretas? É que assim vão dar uma de Hitler ou Mussolini e renegar as origens :)</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Seja Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amén. Shal'lom :)</span></div>Hélder Serrazinahttp://www.blogger.com/profile/00542864041233834417noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-19191352498086425422011-06-21T12:13:00.001-07:002011-06-21T12:32:37.408-07:00um novo ciclonão escrevo neste espaço desde a semana que antecedeu as eleições legoslativas, no dia 5 de junho. apaixonado pela política, tive o meu período de nojo (mais fácil do que inicialmente julgava). sócrates perdeu, um novo ciclo político, sempre de louvar. passos tem que ter o apoio de todos nós, uma vez que, o seu sucesso será o nosso sucesso. não gosto de quem olha para a política como "nós e os outros", normalmente não se presta um bom serviço, quando assim funciona. temos divergências políticas de fundo, é certo, discordamos em questões essenciais como a educação, a saúde ou a segurança social, mas acima disso tudo, está algo, incondicionalmente mais importante, que é a democracia. podem-me dizer que as pessoas quando votaram psd, não tinham noção da sua agenda neoliberal, o que eu concordo, mas as pessoas decidiram no dia 5 de junho que queriam passos e o seu programa, o que me leva a respeitar, sem objecções algumas, a legitimidade do novo governo. cá estarei para mostrar a minha opinião, o que acho que poderia ser feito de forma diferente, mas meus amigos, acima de tudo a democracia, o respeito pela decisão da maioria. daqui a quatro anos, se tudo correr bem, iremos votar de novo. aí as pessoas irão reflectir e perceber se acertaram na escolha ou se preferiam diferente. eu acho que sei a resposta, mas acredito que ainda me posso surpreender. como não olho para a política como um jogo de futebol, seria algo positivo, para todos nós.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-39734983703224734162011-06-20T15:25:00.000-07:002011-06-20T07:54:15.985-07:00EXÉRCITO DE SÓCRATES...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Muitas vezes, nestes dias que antecedem a chegada do solstício de Verão, pergunto-me como será, no âmbito do meu anterior julgamento neste blog, como será dispender os nossos dias à porta de casa ou na esplanada do café, assistindo ao subir do Sol no nosso lindo céu português e manter trajo curto, num convite à brisa inexistente que teima em não nos apaziguar o quente do corpo flácido e de veias dilatadas. A simpatia pelas ruas é bem maior nesta altura, embora não ocorra pelos melhores motivos. Os portugueses vivem com o seu nome nas bocas do Mundo e, com efeito, amargurados, tentam desesperadamente encontrar propósitos para a sobrevivência que, não raras vezes, apelidam de desinteressante. O desinteresse, meus caros leitores, é extremamente relativo, tão relativo como os Teoremas da Incompletude de Gödel e da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Eu arranjo tempo para trabalhar, para estudar, exercitar-me, visitar familiares, confraternizar com os amigos, reuniões do PS, marchas a monumentos e concelhos de Portugal, causas solidárias e toda uma parafernália que levaria horas infindas a descrever.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Espero que Sócrates partilhe desta minha humilde opinião. O celibato político por que acaba de enveredar, mercê da torpe e suicida sede de poder evidenciada por todos aqueles que falam à Direita (será do Pai?), é uma manobra inteligente para dar tempo ao povo de relembrar os seus mais altos valores, os seus séculos de independência, o legado dos Descobrimentos, e o mais importante de tudo, dar espaço à Comunicação Social para desferir ininterruptos ataques exorbitantes de mal-dizer contra o nosso... líder, será um termo adequado. Francisco Assis remexe-se certamente no covil parlamentar, com um incómodo pior do que o causado pela urticária, lembrando-se fora de tempo que António José Seguro sempre primou pela humildade e sincero empenho, facto que engenhosamente lhe permite gozar actualmente de um confortável favoritismo dentro do partido. Os velhos dinossauros acham que sangue novo é sublime, é confortante, e eu partilho dessa conversa fiada. Muitos se esquecem de princípios ideológicos e psicológicos com a mesma facilidade com que esqueceram da gestão ruinosa de Durão Barroso e Santana Lopes, mais o chorrilho de asneiras que Manuela Ferreira Leite proferia (com ou sem senilidade), para gáudio dos mais derrotistas. Relembrem-se... temos no PS vozes que ficarão para sempre no nosso coração. Maria de Lurdes Rodrigues, com a sua determinação inabalável, conquistou o mais que merecido reconhecimento na FLAD. Maria Helena André, que com tanto empenho e dedicação retirou o açaime dos corruptos e rosnou aos sindicatos de má rês, sem pôr em causa as suas próprias convicções, correndo com patronato imbecil e precursor da ilicitude e escarrapachando em cima da mesa 219 000 empregos que ninguém pega. Conveniente, não é? Ana Jorge, que aprendeu depressa como lidar com a incompetência, conseguindo quase <i>in extremis</i> dividir-se em trezentos clones dela própria para assistir com olhos de ministra sábia a balbúrdia em que colocaram os hospitais, e arregaçar as mãos para resolver tão ingrato legado. Fernando Teixeira dos Santos, que tão a custo impediu a bancarrota de atingir Portugal de modo indelével, resistindo à sabotagem da praça financeira e fazendo entre nós e os capitalistas um escudo invisível, no qual restaram graves mazelas que o tempo há-de curar, se Deus quiser. Dulce Pássaro, que mostrou dotes de negociata e esteve sempre presente em todo o tipo de investimentos e poupança ambiental com um comportamento praticamente mecénico, brilhante. Já, por outro lado, vêm aí as coligações reles e cobardes do centro com a direita, que é aquilo de que dispomos. O português contenta-se com <i>caras larocas</i>, para um mês depois poder massacrar o Governo com a língua afiada à força da arte do bem-falar e do mal-fazer. Pedro Passos Coelho aprendeu o secretismo e as mentiras no colo da mãe, e soma e segue com práticas de índole proibida que nos farão caminhar a passos largos para um abismo infernal. Apraz-me, no fim disto tudo, comunicar que, afinal, ainda há quem permaneça fiel ao "Exército de Sócrates": e aviso, não estou sozinho. Agora, é continuar a trabalhar com a mesma fidelidade e com o intuito de servir a Pátria, com base nos nobres valores do Socialismo que, hoje e sempre, serão a última voz, a palavra derradeira, o caminho último e atingível. Eu estou por aqui... e dedico-me o mais que puder. Se o meu Estado um dia me chamar à nobre profissão de gerir (não que isso esteja nos meus planos), é porque é pródiga a minha dedicação para isso, e a natureza... é líder.</span></div>Hélder Serrazinahttp://www.blogger.com/profile/00542864041233834417noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-33975621909998617742011-06-20T14:57:00.000-07:002011-06-20T06:54:23.267-07:00BRANDOS COSTUMES...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="font-family: arial; white-space: pre; "> </span><span class="Apple-style-span">"A velha descasca maçarocas no umbral da porta que dá acesso a uma das milhentas casas idênticas e de aspecto antiquado que ensombram as ruas da Estrela e de Campo de Ourique. Lamenta os joanetes que fazem prender o rabo rotundo a uma cadeira todo o dia, em geral, e a péssima visão, alegando ser a implacável idade a única responsável por isso. Chama a vizinha Albertina, e a Dona Miquelina à saída da mercearia, e não-sei-quantas mais "-inas" que dividem o tempo entre a afeição aos gatos, à choraminguice de uma reforma que não sabem gerir e do amor pelos netos e o chafurdar em fotografias antiquíssimas que o tempo amareleceu. Comentam, ávidas e sedentas de motivos para trocar por palavras os pensamentos corrompidos, segundo fazem constar, pelos muitos episódios dignos de Hollywood que lhes atravessaram o caminho durante os tempos áureos da sua vida. A Dona Lurdes, a matriarca rica que reside na mansão no final da rua, com o seu gradeamento verde-aquamarinho e estátuas que fazem lembrar os ditames lindíssimos da minha tão desejada expedição à terra da Santa Sé, palco de carnificinas mil que a História decidiu repetir <i>ad nauseam</i>, como se de um diabólico jogo de cadeiras se tratasse, não lhes (como é a expressão na moda desta juventude que se diz à rasca)... passa cartão, assim é que é, nada deve macular o seu bom nome e prestígio de uma família que em tempos idos foi mui fielmente admitida por el-Rei D. Carlos,<i> o Diplomata</i> e que, de cuja existência, actualmente, não lhe restam senão resquícios de memórias de família e diários putrefactos, que contam a história de outra maneira. Tampouco, conversar com aquelas plebeias jurássicas que se acotovelam todos os dias ao balcão da boutique de pão da esquina, para saber quem são os mortos do dia e mordiscar uma torrada seca.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>No final da rua, está o Joãozinho das obras, mente obstinada que grita com a mulher porque lhe falta o álcool em casa; no entanto, na taberna, será difícil obra não satisfazer esse requinte vicioso até onde o fígado e a boca lho permitirem. O futebol, mui nobre e supremo desporto-rei, é o tema dominante, que por meio de portas e travessas, um alvitrar aqui e um redarguir ali acendem as mais que gastas acendalhas da discussão sobre o contrato milionário de Fábio Coentrão pelo Real Madrid ou sobre a injustiça do árbitro que ditou a derrota reiterada contra a Grécia, faz já não-sei-quantos anos. No meio dos guinchos de índole quase zoológica e do estrebuchar entre mesas imundas e chão escorregadio devido à escorregadia mão de quem já perdeu o norte há muito, uma alminha farta do convívio alcoólatra dispensa-se a si mesmo e decide fomentar a sua coscuvilhice, rodando os polegares dentro dos bolsos, qual figa, à falta de melhor ocupação. Ao passar pela avenida, nem reconhece o valor belo do céu azul ou do chilreio incessante dos pássaros que aqui e ali brindam crianças satisfeitas e enroladas em brincadeiras de gaiatos para quem tudo é uma descoberta, uma novidade fantástica. Entra pela porta reluzente da boutique de pão, e observa o televisor a regurgitar as ignomínias levadas a cabo contra os cidadãos pelo Governo socialista, e essa abominável forma de comunicação social estende-se como um vapor denso e liquefeito até à esplanada banhada de sol, onde famílias enchem todas as cadeiras metálicas já cansadas de servir de prateleiras para aqueles rabos gordos. Discute-se política na mais pobre das versões, num ruído tonitruante do infecto do mecânico que, muito convicto, considera ser culpa do Governo os desgraçados dos receptores de RSI não terem emprego, brandindo o jornal no nariz dos vizinhos que o ouvem de forma quase hipnótica. Nem sequer se dá, por um momento, conta de que os seus filhos tropeçam nas pessoas e mascam batatas fritas com regozijo, como se isso fosse o alimento mais prazenteiro e saudável do mundo, as mulheres, vulgo galinhas, falam mal da irmã da colega de trabalho porque adquiriu um<i> iPhone </i>e do marido que comprou um automóvel de cinco lugares melhor que o delas, porque ele é um pé-rapado que não tem onde cair morto e deve ter contraído um empréstimo ao banco para comprar uns cortinados de dez euros e servir a mesa à família toda a semana, já que a esposa, muito servil e competente, advoga apaixonadamente que os números do INE são claros, e nem para ela, portadora de três brilhantes canudos obtidos pela Nova de Lisboa a custo, existe uma função adequada, visto que é uma desonra e uma perfídia oferecerem-lhe um terço do salário a que tão mal estava habituada. <i>Gucci</i> para quê? Agora nem para canja de galinha.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre; "> </span>E é assim o triste e fiel retrato da sociedade portuguesa. Diaboliza a esquerda e responsabiliza-a pela sua falta de capacidade de economia e gestão, de instrumentalização dos seus haveres, e pela sua constante e repetitiva incompetência enquanto actores sociais. Agora... a direita deles que os governe, já que tão sábia se afigura. Continuai, senhores, com o mesmo <i>savoir-faire</i> de sempre... e vereis onde pára o barco que um dia descobriu a Taprobana."</span></div>Hélder Serrazinahttp://www.blogger.com/profile/00542864041233834417noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-43856634062277505092011-06-20T06:19:00.000-07:002011-06-20T06:52:18.016-07:00novo inquilinotem-me sido difícil escrever no blog, por várias razões, o que me deixa um pouco triste, uma vez que, gostava que o blog fosse actualizado mais frequentemente, mas também por todos aqueles que visitam o blog frequentemente, não havendo nenhuma novidade. nesse sentido, decidi convidar alguém para me acompanhar nesta tarefa difícil, mas estimulante. hélder almeida, 23 anos, socialista, sendo este o ponto de partida para este conhecimento, que se aprofundou devido à sua inteligência, cultura, versatilidade de conhecimentos e história de vida apaixonante. trabalha desde os 14, vive só desde os 16, acaba o secundário com média de 18, ao mesmo tempo que trabalhava, não tendo ainda possibilidades económicas para frequentar o curso de medicina que tanto ambiciona. enquanto o sonho não se torna realidade continua a sua busca incessante por mais e mais conhecimento. aceitou o meu convite, o que agradeço, sabendo eu que servirá para engrandecer o blog. ficamos todos a ganhar, penso eu. espero a vossa opinião. brevemente, também eu voltarei a publicar um novo post. até já!Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-10141395319691657032011-05-23T03:44:00.000-07:002011-05-23T04:40:57.899-07:00eleiçõescompreendo este ódio que se nutre por josé sócrates. juízes, médicos, enfermeiros, professores, entre outras classes profissionais, viram os seus privilégios postos em causa. além disso, nunca um político em portugal foi tão perseguido, humilhado, caluniado por uma comunicação social que não olhou a meios para deitar o homem a baixo. o próprio presidente, num gesto inqualificável, inventou uma mentira para ajudar a sua amiga manuela ferreira leite. cavaco sai impune, não é questionado, sai com a cara limpa de uma jogada nojenta, da maior deslealdade entre órgãos de soberania. sócrates aguenta-se, não desarma, continua o seu trajecto. sócrates chegou ao governo em 2005, depois de dois governos fracassados, liderados pelo psd/cds. até ao ano de 2007 o que se assistiu em portugal? sim, antes de uma grave crise internacional, que muitos querem ignorar, o défice caiu substancialmente, ficando abaixo dos 3% pela primeira vez na história da democracia portuguesa e, em 2007, a economia portuguesa cresceu 2,7%.<br />foram feitas reformas importantíssimas na segurança social, que lhe garantiam a sustentabilidade por mais 40 anos, a nível da educação foram conseguidas transformações abissais, que se transformaram em resultados de sucesso. a aposta nos cursos profissionais levaram a que existisse uma quebra de 11% no abandono escolar. as famílias têm escola a tempo inteiro, há inglês no primeiro ciclo, desporto, música, dança. foram criados centros escolares e hoje os alunos e os professores têm meios tecnológicos que permitem uma melhor educação, virada para o futuro. foram encerradas escolas com menos de 20 alunos, onde se arrastavam crianças isoladas, com poucas condições físicas para a sua aprendizagem. a nível de modernização administrativa do estado nem vale a pena falar. o simplex foi um programa que agilizou os processos e acabou com a burocracia infindável nas repartições públicas. a nível de saúde todos conhecemos os avanços conhecidos. redução de tempo de espera para cirurgias, hoje fazem-se mais 3 milhões de consultas por ano, há menos portugueses sem médico de família e, felizmente, continuamos a ter um serviço nacional de saúde tendencialmente gratuito. a nível civilizacional foram dados avanços substanciais. um país maus justo, mais livre, onde foram reduzidas as desigualdades entre sexos. poderia enumerar muito mais factores porque respeito e admiro josé sócrates. podemos ignorar isto tudo e falar em desempregos, despedimentos, falências. sim, isso acontece e tem várias justificações. sócrates não fez tudo bem feito, mas ignorar a crise e o excelente trabalho que foi feito em várias matérias demonstra a cegueira, o ódio que lhe nutrem. a história cá estará para lhe fazer justiça, se os portugueses não a fizerem dia 5 de junho. sócrates é, sem dúvida, o melhor primeiro-ministro que portugal conheceu. temos um país melhor, depois de 2005.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-19180160688270549322011-05-10T06:56:00.000-07:002011-05-10T07:02:53.557-07:00quero a simplicidadeQuero uma mesa e pão sobre essa mesa <br />na toalha de linho nódoas de vinho <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero a casa de terra à minha volta<br />cães altos na noite a minha mãe mais nova<br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos <br />e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no [sapatinho <br />e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal<br />ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero uma aldeia umas pedras um rio<br />umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos <br />rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre<br />o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado<br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco <br />laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera <br />a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol <br />as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero que voltem os que morreram os que emigraram <br />matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos<br />saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa<br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores <br />uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas <br />quero só isso nem isso quero<br />Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos <br />a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras <br />e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão<br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar <br />a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol <br />o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão <br />os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano <br />o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas <br />com uma rapariga <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço <br />o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira<br />roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso<br />quero só isso nem isso quero<br /><br />Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo <br />quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra <br />quero só isso nem isso quero<br /><br />poema de ruy beloValter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-58978364283680759322011-05-03T10:02:00.000-07:002011-05-03T11:19:04.509-07:00a morte de bin ladennão sou norte-americano, nem conhecia ninguém que fosse vítima dos vários atentados que foram cometidos pela al qaeda, organização liderada, até ontem, por osama bin laden. talvez isto explique a minha indignação. ver várias pessoas manifestarem a sua alegria, rejubilo, pela morte de um homem, é algo que não aceito. sim, ele é mau. sim, eventualmente se ele não fosse assassinado, ele seria responsável por mais ataques e por mais mortes, contudo, eu acho a execução de alguém um acto <span style="font-style:italic;">horribilis</span>, que ninguém merece. deveria ter sido capturado, julgado e deveria cumprir a pena que merecia. isto do olho por olho, dente por dente, não deve ser a regra nas sociedades ditas avançadas.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-75519065910824956892011-04-27T09:16:00.000-07:002011-04-27T09:32:09.874-07:00raivatinha três anos e ia a pé para o jardim de infância. no caminho parava no café e adorava beber galão. lembro-me das visitas de estudo e do saco de verga que eu e o meu irmão partilhávamos. a fruta voltava sempre para casa. lembro-me dos primeiros dias de aulas, onde os meus pais nunca estavam presentes, o que me impedia de lhes apresentar a minha escola nova. com oito anos já ficava até à meia noite na rua, com os amigos mais velhos e não havia nada como os sábados de manhã. brinquei muito, diverti-me muito, trabalhei muito em criança. sei o que é passar privações e sei o que é a abastança. sei o que é nunca ter férias no verão, nem fins-de-semana fora. sei o que é chorar muito com as discussões dos pais, sei o que é sofrer pelo sofrimento dos outros, ver pessoas que amo aflitas e não saber o que fazer. trato a angústia por tu e a solidão é a nossa companheira. nunca soube o que é desabafar com ninguém. nos momentos duros só os sei viver sozinhos. não fui um adolescente normal, dado a vidas mundanas, descobrindo-as, curiosamente, bem mais tarde. o sabor do cigarro, ou da erva esquisita que os outros fumam e nos oferecem. a primeira bebdeira chegou quando já tinha idade para ter juízo e os prazeres da carne também. estudei. estudo. lutei. luto. consegui. consigo. já cometi muitos erros, já rejeitei boas propostas profissionais, tenho com 24 anos experiências que outros não conhecem. amigos. o melhor que há. a alegria de estar com um amigo que nos entende e aceita as nossas angústias. que sabe como nos levantar a moral. não sei quando chegará o fim terreno deste ser que cá chegou em 1986. já tenho alegrias, sofrimentos e responsabilidades (ou falta delas) que me permitem perceber que gosto muito disto ou que o melhor é desaparecer. que o melhor é apanhar um comboio e viver um "brave new world" ou ficar debaixo dele. cansa-me pessoas que não sabem viver, que não sabem amar, que não sabem perdoar. cansam-me.Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-75129966846961087702011-04-25T14:46:00.000-07:002011-04-25T15:34:38.744-07:00obrigado!adoro a minha idade, mas há alturas em que não me importaria de ter já 60 anos. hoje é um desses dias. adorava, mas adorava mesmo poder ter vivido intensamente o 25 de abril. não consigo imaginar a alegria vivida por aqueles que viveram toda a sua vida num regime opressor, conhecerem o verdadeiro sabor da liberdade. não sei como reagiria, não faço ideia, acho que choraria muito, iria para a rua gritar, iria aprender a viver em liberdade.<br />na minha opinião, não se dá a devida atenção ao dia da liberdade. não só os jovens, mas também as pessoas de gerações anteriores, que se dizem traídas pelo que abril prometeu. sou de uma geração que não sabe o que é viver em ditadura, que sempre teve liberdade para fazer o que quis, que nunca foi proibido de criticar quem quer que fosse. agradeço a todos os que lutaram por estes direitos, a todos os que me permitem viver, a poder ter opção de escolha política, entre outros direitos que abril nos trouxe! não vivemos numa democracia perfeita, claro que não. há vários problemas que terão que ser corrigidos, mas como disse churchill "a democracia é o pior de todos os sistemas à excepção de todos os outros".<br /><br /><iframe title="YouTube video player" width="640" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/MeUgkNFRKKQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1790410688564745520.post-46309685551274256802011-04-12T10:38:00.000-07:002011-04-12T10:56:16.745-07:00os reisgosto de música, muito. é daquelas banalidades mas, embora não seja um melómano, é algo muito presente na minha vida. sem dúvida que sempre tive uma enorme paixão pela música de intervenção, as mensagens encapotadas, o aprender a ler nas entrelinhas. gostaria de ter vivido o apogeu de ary dos santos, um génio da poesia portuguesa. acredito na força das músicas. que a sua mensagem podem transformar-nos. jorge palma, deolinda, clã, david fonseca, sérgio godinho, ana moura, antónio variações, entre outros, são alguns das minhas preferências musicais. contudo, percebo que já perdi muitos anos de ouro da música mundial. há fenómenos que não entendemos, mas os queen foram, sem dúvida, os reis da música. como é que é possível, que passados tantos anos, alguém vá a um concerto de tributo a esta banda, e conheça as músicas de uma ponta à outra? não é para todos, não. é para os grandes.<br /><br /><iframe title="YouTube video player" width="480" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/fJ9rUzIMcZQ" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br /><iframe title="YouTube video player" width="640" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/LRt2jX1kaYo" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />estes vídeos mostram a grandeza da banda!Valter Marqueshttp://www.blogger.com/profile/11896344078013509065noreply@blogger.com0