compreendo este ódio que se nutre por josé sócrates. juízes, médicos, enfermeiros, professores, entre outras classes profissionais, viram os seus privilégios postos em causa. além disso, nunca um político em portugal foi tão perseguido, humilhado, caluniado por uma comunicação social que não olhou a meios para deitar o homem a baixo. o próprio presidente, num gesto inqualificável, inventou uma mentira para ajudar a sua amiga manuela ferreira leite. cavaco sai impune, não é questionado, sai com a cara limpa de uma jogada nojenta, da maior deslealdade entre órgãos de soberania. sócrates aguenta-se, não desarma, continua o seu trajecto. sócrates chegou ao governo em 2005, depois de dois governos fracassados, liderados pelo psd/cds. até ao ano de 2007 o que se assistiu em portugal? sim, antes de uma grave crise internacional, que muitos querem ignorar, o défice caiu substancialmente, ficando abaixo dos 3% pela primeira vez na história da democracia portuguesa e, em 2007, a economia portuguesa cresceu 2,7%.
foram feitas reformas importantíssimas na segurança social, que lhe garantiam a sustentabilidade por mais 40 anos, a nível da educação foram conseguidas transformações abissais, que se transformaram em resultados de sucesso. a aposta nos cursos profissionais levaram a que existisse uma quebra de 11% no abandono escolar. as famílias têm escola a tempo inteiro, há inglês no primeiro ciclo, desporto, música, dança. foram criados centros escolares e hoje os alunos e os professores têm meios tecnológicos que permitem uma melhor educação, virada para o futuro. foram encerradas escolas com menos de 20 alunos, onde se arrastavam crianças isoladas, com poucas condições físicas para a sua aprendizagem. a nível de modernização administrativa do estado nem vale a pena falar. o simplex foi um programa que agilizou os processos e acabou com a burocracia infindável nas repartições públicas. a nível de saúde todos conhecemos os avanços conhecidos. redução de tempo de espera para cirurgias, hoje fazem-se mais 3 milhões de consultas por ano, há menos portugueses sem médico de família e, felizmente, continuamos a ter um serviço nacional de saúde tendencialmente gratuito. a nível civilizacional foram dados avanços substanciais. um país maus justo, mais livre, onde foram reduzidas as desigualdades entre sexos. poderia enumerar muito mais factores porque respeito e admiro josé sócrates. podemos ignorar isto tudo e falar em desempregos, despedimentos, falências. sim, isso acontece e tem várias justificações. sócrates não fez tudo bem feito, mas ignorar a crise e o excelente trabalho que foi feito em várias matérias demonstra a cegueira, o ódio que lhe nutrem. a história cá estará para lhe fazer justiça, se os portugueses não a fizerem dia 5 de junho. sócrates é, sem dúvida, o melhor primeiro-ministro que portugal conheceu. temos um país melhor, depois de 2005.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
quero a simplicidade
Quero uma mesa e pão sobre essa mesa
na toalha de linho nódoas de vinho
quero só isso nem isso quero
Quero a casa de terra à minha volta
cães altos na noite a minha mãe mais nova
quero só isso nem isso quero
Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos
e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira
quero só isso nem isso quero
Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no [sapatinho
e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas
quero só isso nem isso quero
Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal
ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo
quero só isso nem isso quero
Quero uma aldeia umas pedras um rio
umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras
quero só isso nem isso quero
Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos
rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira
quero só isso nem isso quero
Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre
o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado
quero só isso nem isso quero
Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco
laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore
quero só isso nem isso quero
Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera
a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas
quero só isso nem isso quero
Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol
as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra
quero só isso nem isso quero
Quero que voltem os que morreram os que emigraram
matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega
quero só isso nem isso quero
Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos
saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa
quero só isso nem isso quero
Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores
uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas
quero só isso nem isso quero
Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos
a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr
quero só isso nem isso quero
Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras
e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão
quero só isso nem isso quero
Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar
a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira
quero só isso nem isso quero
Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol
o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história
quero só isso nem isso quero
Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão
os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul
quero só isso nem isso quero
Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano
o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas
com uma rapariga
quero só isso nem isso quero
Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço
o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio
quero só isso nem isso quero
Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira
roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso
quero só isso nem isso quero
Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo
quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra
quero só isso nem isso quero
poema de ruy belo
na toalha de linho nódoas de vinho
quero só isso nem isso quero
Quero a casa de terra à minha volta
cães altos na noite a minha mãe mais nova
quero só isso nem isso quero
Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos
e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira
quero só isso nem isso quero
Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no [sapatinho
e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas
quero só isso nem isso quero
Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal
ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo
quero só isso nem isso quero
Quero uma aldeia umas pedras um rio
umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras
quero só isso nem isso quero
Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos
rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira
quero só isso nem isso quero
Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre
o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado
quero só isso nem isso quero
Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco
laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore
quero só isso nem isso quero
Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera
a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas
quero só isso nem isso quero
Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol
as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra
quero só isso nem isso quero
Quero que voltem os que morreram os que emigraram
matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega
quero só isso nem isso quero
Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos
saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa
quero só isso nem isso quero
Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores
uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas
quero só isso nem isso quero
Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos
a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr
quero só isso nem isso quero
Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras
e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão
quero só isso nem isso quero
Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar
a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira
quero só isso nem isso quero
Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol
o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história
quero só isso nem isso quero
Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão
os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul
quero só isso nem isso quero
Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano
o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas
com uma rapariga
quero só isso nem isso quero
Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço
o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio
quero só isso nem isso quero
Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira
roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso
quero só isso nem isso quero
Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo
quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra
quero só isso nem isso quero
poema de ruy belo
terça-feira, 3 de maio de 2011
a morte de bin laden
não sou norte-americano, nem conhecia ninguém que fosse vítima dos vários atentados que foram cometidos pela al qaeda, organização liderada, até ontem, por osama bin laden. talvez isto explique a minha indignação. ver várias pessoas manifestarem a sua alegria, rejubilo, pela morte de um homem, é algo que não aceito. sim, ele é mau. sim, eventualmente se ele não fosse assassinado, ele seria responsável por mais ataques e por mais mortes, contudo, eu acho a execução de alguém um acto horribilis, que ninguém merece. deveria ter sido capturado, julgado e deveria cumprir a pena que merecia. isto do olho por olho, dente por dente, não deve ser a regra nas sociedades ditas avançadas.
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