segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

...

este blog talvez já não tenha razão de existir. provavelmente, eu já o deveria ter "morto", mas não o faço pelo carinho que tenho por ele. aqui estão contidas algumas reflexões, alguns desabafos, confissões, as alegrias e tristezas, as dúvidas e os problemas da vida de um jovem.
já há muito tempo que aqui não "deposito" nada meu.
iniciei muitos "posts", que acabaram por ficar a meio, que achei inúteis, que achei que não interessassem a ninguém. assim como este, como tudo o que se escreve. (quantos acharão isto ridículo, tal como as cartas de amor. quantos gozarão disto, falarão disto e, provavelmente, nem um único comentário). é como a vida. vivemos demasiado sozinhos junto dos homens.
talvez comece a ficar apático, desprendido, desiludido. sei que neste momento não vivo neste corpo, sei que preciso de ressuscitar. não sei se haverá volta a dar, um retorno, não sei se este nevoeiro que invadiu o meu corpo, me permitirá de novo, um dia, voltar a ver a luz ao fundo do túnel.
este blog voltará a ser o reflexo desta vida, ou ausência dela. eu cá continuarei, procurando-me. e a vós.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

texto para ler até ao fim, se faz favor..

Hamlet – aquela caveira já teve língua e outrora pôde cantar. Como aquele patife a atira para a terra, como se fosse a queixada usada por Caim para cometer o primeiro crime! Talvez aquele crânio que este bruto assim maltrata, pertencesse outrora a um homem de estado; a alguém que pensava poder enganar o próprio Deus, não é verdade?

Horácio – pois, talvez, meu senhor.

Hamlet – ou a um cortesão que sabia dizer “bom dia, meu senhor! Como vais tu, meu bom senhor?” …
...
Aí está outra! Quem sabe se será o crânio de um advogado? Onde estão agora as suas subtilezas, subterfúgios, argúcias e cláusulas? Porque suporta ele que este patife lhe bata com uma pá suja, sem intentar contra ele uma acção por vias de facto? Hum! Aquele parceiro talvez fosse, em vida, um grande negociante de terras , com os seus sinais, garantias, hipotecas, recibos, fiadores? Acaso para ele é a multa das suas multas, o activo dos seus activos ter a sua bela tola, cheia de bela lama? Será que os seus fiadores não lhe afiançam mais que o comprimento de duas folhas de contrato? Os próprios títulos das suas propriedades mal caberiam nesta caixa. Nem o proprietário poderá ter um pouco mais?



Primeiro camponês – aqui está uma caveira que esteve na terra vinte e três anos.

Hamlet - de quem era?

Primeiro camponês – dum maluco filho duma dessas. De quem pensais que era?

Hamlet - não sei.

Primeiro camponês – diabos levem esse malandro. Uma vez despejou-me uma garrafa de vinho na cabeça. Este crânio era de yorick, o bobo do rei.

Hamlet – este?

Primeiro camponês – esse mesmo.

Hamlet – deixa-me ver. Ah, pobre yorick! Conheci-o horácio. Era um moço de uma graça infinita, duma invulgar fantasia. Quantas vezes andei às cavalitas nele! E agora como a recordação é penosa para a minha imaginação! Aqui eram os lábios que tantas vezes beijei. Onde estão agora os teus gracejos, os teus ditos, as tuas canções, as tuas brincadeiras, que tão estrondosas gargalhadas provocavam à mesa? E agora? Nem um simples dito para troçar do teu próprio esgar? Já não tens queixo? Vai procurar a minha senhora e diz-lhe que, por mais pintura que ponha no rosto, é a este estado que tem de chegar. Fá-la rir com isso.




in hamlet, de shakespeare.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

vale a pena acreditar em jesus cristo?

hoje, por volta das 21h00, aproveitando o facto de estar por lisboa, irei participar numa conferência intitulada "desculpe perguntar mas... porque é que acredita em jesus cristo", na igreja são jorge de arroios, onde irá estar presente o professor marcelo rebelo de sousa, o actor miguel guilherme e a jornalista laurinda alves.

espero que seja esclarecedora. bem que preciso.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

muitas felicidades, joão

não me posso queixar da minha infância. tive sempre bons amigos. brincávamos muito, às mais variadas brincadeiras, sempre até ao anoitecer. eram bons momentos. isto era mais durante a semana. ao fim-de-semana o programa costumava ser diferente, nomeadamente ao sábado, onde eu e o meu irmão costumávamos ir para a casa dos meus primos, joão e pedro. sempre foram os primos mais chegados, os que viviam perto de mim, aqueles com os quais tinha uma ligação mais próxima. nesta fase as nossas idades rodavam entre os 6 e os 10 anos e não passávamos de umas crianças que se queriam divertir. hoje, passados quase 20 anos é bom olhar para trás, recordar tudo o que passámos e o que vivemos juntos.
o joão, aquele rapaz que adorava ir aos pássaros de pressão de ar (a tua vertente ecologista surgiu bem depois), que era o rapaz responsável, com quem jogava elifoot, o rapaz que me ensinou a jogar ping-pong, modalidade na qual me tornei várias vezes campeão a nível escolar, o rapaz que foi numa tarde de calor, no autocarro da rodoviária, comigo e com o meu irmão comprar a nossa primeira consola, uma mega drive, o rapaz que vinha almoçar todos os dias de verão a minha casa e aqui deixava o pedro, para poder ir namorar e divertir-se à vontade com os amigos, o rapaz que me acompanhava nos almoços de sábado no feijão frade com atum e o sumo de laranja natural (o da minha tia é único, acreditem) até rebentarmos de tanto comer, o rapaz que depois de um pequeno acidente, numa noite de inverno, veio chorar aqui para casa, o grande defesa esquerdo da adm, entre muitas outras coisas que aqui poderia referir, enfim, esse rapaz vai casar amanhã e quero desejar-lhe as maiores felicidades. é um passo importante na sua vida e amanhã, por mais contrariedades que possam surgir, lá estarei para lhe dar um abraço, um grande abraço. os anos passarão, mas estaremos sempre aqui, como família para nos apoiarmos uns aos outros. as maiores felicidades joão e ana.




p.s. nesta altura, a que foi referida neste texto, esta era uma das tuas bandas predilectas. espero não estar enganado..

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

dúvidas..

nunca me disseram que a vida seriam só facilidades. nunca me disseram que nunca teria problemas, nem preocupações. nunca ouvi dizer que podemos fazer apenas aquilo que nos satisfaz. sim, muitas vezes temos que aguentar o que não queremos e aprender a lidar com isso. e quando isso nos destrói, temos que continuar a suportar o sofrimento de nos sentirmos sufocados? desistir ou abandonar é um sinal das nossas fraquezas?

como a música do jorge palma, eu ando a tentar inventar alguma paz interior.

sábado, 10 de setembro de 2011

as bandas sonoras dos líderes socialistas..

a moda das bandas sonoras no partido socialista começou com antónio guterres, que escolheu a música conquest of paradis dos vangelis



sócrates mudou de banda sonora. escolheu o main theme, música que fez parte do filme o gladiador.



antónio josé seguro apresentou, ontem, a música que o vai acompanhar nesta caminhada enquanto líder socialista.



qual a sua preferida?

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

a escola IPO

entre a praça de espanha e sete rios há um mundo desconhecido para muitos. daqueles sítios controversos. onde as situações mais complicadas da natureza humana, o tornam num sítio mágico. é completamente perceptível os que dizem não conseguir por lá passar, mas digo-lhes, que as vitórias mais duras são as mais belas e todos nós podemos contribuir para a vitória de alguém, naquele local.

entre árvores enormes, prédios altos, parques de estacionamento, há pessoas, muitas pessoas. carros, ambulâncias vindas de muitos locais, com gente dentro, gente que mal consegue andar, que amparados por bombeiros, voluntários ou familiares dão passos curtos, à força, em busca de uma hipótese, de uma chance, que a vida lhe quer negar. pessoas deformadas, pálidas, cansadas, tristes, sozinhas, magríssimas, onde só a pele segura os ossos. pessoas com uma dignidade arrepiante, pessoas que me esmagam nesta batalha que travam. apetece-me abraçá-los, dar-lhes a saúde, que julgo ter, apetece-me levar tanta gente para casa, aprender com eles o quão bom é viver, aprender como se luta com tamanha adversidade, porque eu, um sortudo, não sei faço ideia do que isso é. gente débil, fraca, pessoas que me enchem de vergonha por ser apenas eu.
a família. os que empurram a cadeira de rodas, os que acompanham o doente na consulta, que vão buscar a sandes e o sumo ao doente, mas que nunca lhes apetece degustar. a família que assoa, que ampara, que se revolta, que chora no canto escondido para ninguém ver, que coloca a cabeça sobre os joelhos para tentar esconder o sofrimento, a revolta de não poder fazer nada perante um inimigo tão temível. a família que mais que consoladora é consolada pela coragem de gente ímpar.
profissionais. médicos, enfermeiros, analistas, técnicos, auxiliares, senhoras da limpeza. dedicação. amor. respeito. coragem. companheiros de luta. o "estar aqui ao teu lado". fazer da tua luta, a minha luta. o sorriso garantido. a piada fácil, mas desconcertante.
ali, naquele local distante, pode-se privar com a natureza humana no seu estado mais puro. pode ser o estado mais débil, mas o mais verdadeiro, o mais glorioso, aquele que encarnamos quando sentimos que podemos estar a chegar ao fim da linha. aqueles estado em que percebemos o que realmente interessa, o que nos faz falta, o que nos move e o estado em que tomamos consciência daquilo que não aproveitámos.
levem-me às cavalitas. vocês são tão fortes.





terça-feira, 23 de agosto de 2011

pode-se servir a deus e ao diabo?

a blogosfera portuguesa está a ferro e fogo, com a nomeação de um tal de antónio figueira para assessor do ministro miguel relvas. não conheço o percurso de antónio figueira, não faço a mínima ideia do seu profissionalismo ou a falta dele, conheço apenas aquilo que ele defendeu publicamente, nos textos que escrevia no blog, conotado com a extrema-esquerda, o 5 dias. não me repugna o convite, repugna-me, isso sim, que antónio figueira o tenha aceitado. isto de querer servir a deus e ao diabo tem muito que se diga. figueira escreve num blog de esquerdistas radicais, que estão contra o sistema e defendem a revolução através da violência, assim como aconteceu em inglaterra, mas depois vai servir o próprio sistema. perderam-se os valores e a coerência, fica para memória futura aquilo de que todos desconfiávamos, a forte ligação da extrema-esquerda com a direita portuguesa, o seu maior aliado.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

que futuro será o nosso?

o mundo está a desabar a olhos vistos. a cada dia que passa podemos verificar que ao nosso lado há cada vez mais desempregados, sejam amigos ou familiares, com imensas dificuldades em arranjar uma ocupação. percebemos que as pessoas vivem cada vez pior, com menos meios, menos dinheiro e a pobreza invade a classe média, que se vê sem soluções, sem um rumo para a sua vida. já se viveu bem em portugal, os nossos governantes já tiveram muito dinheiro para distribuir, que dava para tudo e mais alguma coisa. mas o mundo mudou e os líderes não conseguiram dar resposta a estas mudanças. pensámos que sempre viveríamos em prosperidade e entrámos num forte ciclo de endividamento que nos levou à actual situação. agora todos nos mandam poupar, cortar e investir para ser uma medida errada neste momento.
vários países europeus já tiveram que recorrer à ajuda externa e continuam a pagar juros insustentáveis a médio e longo prazo, mas continuamos a seguir as mesmas regras, os mesmos desígnios. cortes, reduções e aumento de impostos.
e as pessoas? sim, e as pessoas? onde é que ficam no meio disto tudo?
os problemas destes países, mais do que a sua dívida é a ausência de crescimento económico. sem crescimento nunca sairemos desta situação aterradora, desta bola de neve, de mais falências, mais desemprego, mais pobreza. e o problema da falta de crescimento não se resolve com cortes, resolve-se com poder de compra e investimento. é simples, mas vamos continuar a ignorar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

o fim do moody's

a moody's decidiu cortar o rating da república portuguesa para Ba2, ao nível do lixo, ou seja, para esta agência financeira investir em portugal não é aconselhável. isto tudo, um dia antes de portugal voltar aos mercados.
os juros das obrigações portuguesas dispararam, as empresas cotadas em bolsa estão em forte queda, isto tudo devido a uma posição, tomada por uma agência de notação financeira norte-americana. tenho um amigo (pfg) que apelidou de "terrorismo" esta tomada de posição da moody's. concordo. tudo isto não passa da mais pura especulação, com o objectivo de destruir as economias europeias. quem anda a ganhar com isto? quem tem lucros fabulosos à custa deste circo em torno das economias europeias? não sei, mas é necessário que se tomem medidas sérias em torno destas matérias.
o que me causa algum espanto são as virgens ofendidas que agora se espantam com aquilo que se está a passar, que acham indigno que se trate a economia portuguesa como lixo. pois é. também o acho, acho isto ridículo e sem justificação, mas assim como o achava antes do dia 5 de junho. ou o mundo da especulação só começou agora? ou em que mundo viviam?
com sócrates pagávamos os juros das obrigações a 7 ou 8% e havia abertura de telejornais, os comentadores lá estavam presentes, sem dó nem piedade, a culpar sócrates pelo que se estava a suceder. sabem hoje os juros estão em quanto?? o dobro. sim, o dobro. o mundo não mudou desde o dia 5 de junho, nós é que nos queríamos abstrair da realidade. quando acordamos para ela, o choque nunca é fácil.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

grécia nossa!

o parlamento grego aprovou com 154 votos a favor, dos 298 deputados presentes, um novo plano de austeridade, com medidas bastantes exigentes. todos, mas mesmo todos, os europeus têm que ficar satisfeitos com esta notícia. o desmoronar da grécia, que ainda está longe de ser evitado, teria consequências nefastas para portugal e poderia ser o princípio do fim do projecto europeu. a situação é dura, compreendo que os gregos estejam cansados e percebo aqueles que acham que a solução poderia ser tomada por outra via, como é o caso de mário soares. esta é aquela que os actuais líderes europeus decidiram seguir, que se faça o caminho. as notícias começam a ser positivas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

nunca acabes..

como já referi neste espaço, eu adoro transportes públicos. gosto de espaços onde tudo e todos podem estar presentes, como num simples livro, por exemplo. quando viajo de metro, o que acontece frequentemente, e quando passo na estação do saldanha, o que também acontece frequentemente, não fico a olhar para a porta mais próxima, a ver quem entra e sai, como é normal acontecer nas outras estações, mas fixo-me nas paredes do metro, nas frases que elas ostentam. há uma que gosto especialmente: "as pessoas que mais admiro são aquelas que nunca acabam". esta frase, que nos foi legada por almada negreiros, reflecte tudo aquilo que eu penso sobre os outros, aqueles de quem gosto. gente imprevisível, surpreendente, irreverente, pessoas que têm sempre mais um sorriso, mais uma expressão, pessoas que sabem o valor do bem e do amor, da loucura e da boémia, pessoas grandes, que sabem ser anjos e diabos, consoante as situações.

terça-feira, 21 de junho de 2011

COELHOS DA PÁSCOA...

Paula Teixeira da Cruz, ex-mulher do presidente do Millennium BCP (vulgo banco dos ricos) Paulo Teixeira Pinto, afirma-se como uma das novas superministras indigitadas pelo correctíssimo e fidelíssimo Chefe Cavaco Silva, cuja baba lhe cai do queixo em tropel, fazendo olhos tilintantes à nova mestre da (in)Justiça, relembrando os tempos em que, apesar de feio que nem um camelo do Saara, ainda atraía atenções de mulheres analfabetas e outras mais jeitosas que os anos rosa do seu primeiro-ministério lhe achavam, e cujos atributos físicos são cobiçosa e secretamente invejados pela rainha das causas e sua esposa de aparências. Arrebanhou todo um rol de papéis enfiados à força numa secretária com o aspecto de quem acumula orgulhosamente participações estatais e académicas de franca importância para o Conselho Superior da Magistratura e Câmara de Lisboa, e não perdeu tempo a dizer o "sim" ao seu novo querubim Troca-o-Passo, cujo discurso foi hoje deveras iluminador. Armado em coelho da Páscoa, exalta as nobres qualidades da já velha socialite do PSD, e as suas sátiras jocosas sobre as figuras do Executivo torpemente atirado ao ar e cuja reputação se determinou a ajudar a sanar, confiando-lhe aquilo a que muitos já não vêem como sendo uma ordem social, a Justiça. A dedicação com que surge neste pódio será certamente suplantado pelo fulgor glamouroso de suceder ao afilhado, como vice-presidente do partido laranja, caso lhe encomendem demasiados ralhetes que ficam mal no jornal Sol e outros tantos, para lhe refrear a cabeça quente pelas ideias novas, assombradas pelo totalitarismo dantesco nele desperto e que as nossas pedras das calçadas não esquecerão facilmente. Se ela ama, não é à Pátria, mas sim à segregação em todos os níveis, da qual será o engenhoso cérebro: brilhantemente engendradas pela cacofonia de desesperados pelo assento mágico e de aspecto austero do hemiciclo, estão já distribuídas as mais diversas campanhas anti-liberais e anti-socialistas pelos seus arquitectos da Direita moderna. Os gays e lésbicas deste País (segundo o Correio da Manhã e o Público, pelo menos um milhão e meio, à solta e no armário, cuja mente o tempo entorpece e a língua desacredita - só 15% da população?! admira-me que o INE não saiba da missa a metade, eles que tudo sabem...) vão passar a ser hereges declarados, sanções de índole inquisitória e arquétipos conservadores cuspidos serão mascarados pelo falso altruísmo desta culta senhora, bem ao estilo da Igreja Católica Apostólica Romana (e da portuguesa, salvo seja), as minorias religiosas vão ser exploradas, e os criminosos de colarinho branco, como o compadre Ângelo Correia, permitem-se continuar a ir ao sábado de manhã dissimulados em pólos da Zara e calçanitos de linho fazer compras ao Colombo ou ao Saldanha. Os desfavorecidos amontoar-se-ão à porta do Ministério que tutela os tribunais de forma alarmante, e os processos a favor dos réus ao invés dos lesados (ai a canção da Desgraçadinha!) passarão a ser executados de uma maneira quase vertiginosa e pidesca, misturando porcos com cigarras, sequóias com nenúfares, chocolates com pudins.
Tanto que promete... e tão pouco há-de cumprir. Siga o exemplo dos Julgados de Paz. Levam em média 60 dias para dirimir conflitos de interesses, desde a entrada do requerimento da acção nos assentos daqueles muito modernos complexos que cabem em prédios de habitação, até ao momento em que o juíz de paz brande o martelo e condena implacavelmente os demandados sem se compadecer com "habeas corpus" articulados por cima do joelho, se estes tentarem engrossar a sua podridão ao recusar uma mediação que se pode sempre afigurar pacífica, fora o "high-spirit" de alguns portugueses com tiques marcelistas com o propósito enriquecedor de achincalhar. Não falemos de tiques, se calhar, não é boa ideia, visto que enrolar o cabelo e arrasar as empregadas dos cafés da Liberdade são o passatempo preferido da pobre mestre, e ela assim, além de acumular ordenado de ministra com funções executivas em órgãos nacionais e europeus de gestão e outros negócios obscuros (de mau grão nunca bom pão, lembrai-vos, leitores), exige ainda uma choruda avença por publicarem aspectos da sua existência infecta, sob pena de ir fazer queixinhas ao lacaio dos Assuntos Parlamentares para inibir constitucionalmente o direito à informação nessas vertentes, apressadamente promulgado pelo avô cantigas do Palácio de Belém, guardado por aquelas pobres cavalgaduras, de corpos robustos e trabalhados quase a escopro e a cinzel, e cornos habilmente pendurados sobre a cabeça que está farta de comunicar ao resto do corpo se já não ganhou varizes e caruncho de tanta hora que naquela soleira fica plantado. Eu é que devia ser chamado a gerir a pasta da Justiça. Despachava funcionários incapazes e imbecis, corria com os cães e a canalha, fanfarrões e malandros, abria um mega-concurso público no território nacional de cem mil pessoas para trabalhar nos tribunais, no magistério e nos órgãos consultivos e policiais, a par com o MAI, e assim as instâncias percorriam-se com a rapidez de uma flecha; às escadarias dos palcos da tribuna, infelizmente, não se lhes conhece mais do que a amizade com os caracóis, petisco muito apreciado pelos habilidosamente qualificados para muito pouco ou nada fazer. A seguir, se o Professor Álvaro me pedisse para opinar, diria para enfiar o seu nariz descomunalmente grande na sua pasta e que, se quisesse ajuda, pensasse em aumentar as exportações, criando fábricas, empregos e subindo os salários mínimos via DR, que afinal, continua a ser o único ainda de respeito pela sociedade. Já não haveria móbil de queixas para isso, nem falta de competitividade, concorrência, usufruto socioeconómico, emprego, poder de compra e milhentos outros parâmetros que fazem hoje pelo mau aspecto delícias e água na boca de miúdos e graúdos, sem sentido de Estado ou cidadania.
Ah, voltando ao que estava aqui a magicar... não se esquecem da declaração de guerra à comunidade cigana, nem da expulsão dos judeus de volta ao Monte Sinai, decerto. Mas eu sou português, acontece aos melhores e, portanto, posso celebrar o Yom Kippur com a efusividade que quiser, ou organizar o mais barulhento Hanukkah de sempre... e fá-lo-ei (adoro quando me sai este sorrisinho melífluo misturado com ódiozinho de estimação pelos lábios fora), quando os ovos da Páscoa se escaqueirarem no chão pelo fim de 2011, visto que o coelho desertou e deixou portas a bater, num escândalo de iliteracia, corrupção descarada, despotismo, despesismo, atraso mental e civilizacional, e gestão danosa; uma receita perfeita mas recheada de veneno para quem projectou a orelha na direcção da melodia encantadora do recém-chegado inquilino a São Bento. O pior é que leva para aí seis meses a cozer.

PS - Doutora Paula, quantos kits de maquilhagem oferece à AR? É que para aquelas cinco mulheres de grandes tomates chegava um, e sobejava :) Mas se quiser sempre pode elaborar um despacho que contemple a pena de prisão de 30 dias e coima entre 50-500 euros às suas malditas secretárias de Estado e escrivãos febris e caquécticos que depositarem a lancheira no Ministério, atrevendo-se a picar ponto sem um quilograma de pó compacto na cara... só custa 8,90€ na Sephora do Vasco da Gama, e estão em saldos, aproveite. Faça campanha com isso quando lhe der um lampejo de génio e processar o tarado do seu ex-marido por clientelismo político e cartelização bancária, (isso sim, é prevaricação) que seria resolvida de forma estupidamente fácil se eu estivesse no seu adorado lugar, a braços com o Economista-chefe. Se preferir poupar-nos, porém, a um desastroso desaire sem precendentes, aborreça-se, peça um desconto ao seu compincha da TAP e parta para a sua terra natal, ou ajude a Mariazinha das Neves na campanha presidencial de São Tomé, vós que sois mui poderosas e virtuosas mulheres...

(Alguém por acaso já reparou que as ministras deste Governo são todas pretas? É que assim vão dar uma de Hitler ou Mussolini e renegar as origens :)

Seja Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amén. Shal'lom :)

um novo ciclo

não escrevo neste espaço desde a semana que antecedeu as eleições legoslativas, no dia 5 de junho. apaixonado pela política, tive o meu período de nojo (mais fácil do que inicialmente julgava). sócrates perdeu, um novo ciclo político, sempre de louvar. passos tem que ter o apoio de todos nós, uma vez que, o seu sucesso será o nosso sucesso. não gosto de quem olha para a política como "nós e os outros", normalmente não se presta um bom serviço, quando assim funciona. temos divergências políticas de fundo, é certo, discordamos em questões essenciais como a educação, a saúde ou a segurança social, mas acima disso tudo, está algo, incondicionalmente mais importante, que é a democracia. podem-me dizer que as pessoas quando votaram psd, não tinham noção da sua agenda neoliberal, o que eu concordo, mas as pessoas decidiram no dia 5 de junho que queriam passos e o seu programa, o que me leva a respeitar, sem objecções algumas, a legitimidade do novo governo. cá estarei para mostrar a minha opinião, o que acho que poderia ser feito de forma diferente, mas meus amigos, acima de tudo a democracia, o respeito pela decisão da maioria. daqui a quatro anos, se tudo correr bem, iremos votar de novo. aí as pessoas irão reflectir e perceber se acertaram na escolha ou se preferiam diferente. eu acho que sei a resposta, mas acredito que ainda me posso surpreender. como não olho para a política como um jogo de futebol, seria algo positivo, para todos nós.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

EXÉRCITO DE SÓCRATES...

Muitas vezes, nestes dias que antecedem a chegada do solstício de Verão, pergunto-me como será, no âmbito do meu anterior julgamento neste blog, como será dispender os nossos dias à porta de casa ou na esplanada do café, assistindo ao subir do Sol no nosso lindo céu português e manter trajo curto, num convite à brisa inexistente que teima em não nos apaziguar o quente do corpo flácido e de veias dilatadas. A simpatia pelas ruas é bem maior nesta altura, embora não ocorra pelos melhores motivos. Os portugueses vivem com o seu nome nas bocas do Mundo e, com efeito, amargurados, tentam desesperadamente encontrar propósitos para a sobrevivência que, não raras vezes, apelidam de desinteressante. O desinteresse, meus caros leitores, é extremamente relativo, tão relativo como os Teoremas da Incompletude de Gödel e da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Eu arranjo tempo para trabalhar, para estudar, exercitar-me, visitar familiares, confraternizar com os amigos, reuniões do PS, marchas a monumentos e concelhos de Portugal, causas solidárias e toda uma parafernália que levaria horas infindas a descrever.
Espero que Sócrates partilhe desta minha humilde opinião. O celibato político por que acaba de enveredar, mercê da torpe e suicida sede de poder evidenciada por todos aqueles que falam à Direita (será do Pai?), é uma manobra inteligente para dar tempo ao povo de relembrar os seus mais altos valores, os seus séculos de independência, o legado dos Descobrimentos, e o mais importante de tudo, dar espaço à Comunicação Social para desferir ininterruptos ataques exorbitantes de mal-dizer contra o nosso... líder, será um termo adequado. Francisco Assis remexe-se certamente no covil parlamentar, com um incómodo pior do que o causado pela urticária, lembrando-se fora de tempo que António José Seguro sempre primou pela humildade e sincero empenho, facto que engenhosamente lhe permite gozar actualmente de um confortável favoritismo dentro do partido. Os velhos dinossauros acham que sangue novo é sublime, é confortante, e eu partilho dessa conversa fiada. Muitos se esquecem de princípios ideológicos e psicológicos com a mesma facilidade com que esqueceram da gestão ruinosa de Durão Barroso e Santana Lopes, mais o chorrilho de asneiras que Manuela Ferreira Leite proferia (com ou sem senilidade), para gáudio dos mais derrotistas. Relembrem-se... temos no PS vozes que ficarão para sempre no nosso coração. Maria de Lurdes Rodrigues, com a sua determinação inabalável, conquistou o mais que merecido reconhecimento na FLAD. Maria Helena André, que com tanto empenho e dedicação retirou o açaime dos corruptos e rosnou aos sindicatos de má rês, sem pôr em causa as suas próprias convicções, correndo com patronato imbecil e precursor da ilicitude e escarrapachando em cima da mesa 219 000 empregos que ninguém pega. Conveniente, não é? Ana Jorge, que aprendeu depressa como lidar com a incompetência, conseguindo quase in extremis dividir-se em trezentos clones dela própria para assistir com olhos de ministra sábia a balbúrdia em que colocaram os hospitais, e arregaçar as mãos para resolver tão ingrato legado. Fernando Teixeira dos Santos, que tão a custo impediu a bancarrota de atingir Portugal de modo indelével, resistindo à sabotagem da praça financeira e fazendo entre nós e os capitalistas um escudo invisível, no qual restaram graves mazelas que o tempo há-de curar, se Deus quiser. Dulce Pássaro, que mostrou dotes de negociata e esteve sempre presente em todo o tipo de investimentos e poupança ambiental com um comportamento praticamente mecénico, brilhante. Já, por outro lado, vêm aí as coligações reles e cobardes do centro com a direita, que é aquilo de que dispomos. O português contenta-se com caras larocas, para um mês depois poder massacrar o Governo com a língua afiada à força da arte do bem-falar e do mal-fazer. Pedro Passos Coelho aprendeu o secretismo e as mentiras no colo da mãe, e soma e segue com práticas de índole proibida que nos farão caminhar a passos largos para um abismo infernal. Apraz-me, no fim disto tudo, comunicar que, afinal, ainda há quem permaneça fiel ao "Exército de Sócrates": e aviso, não estou sozinho. Agora, é continuar a trabalhar com a mesma fidelidade e com o intuito de servir a Pátria, com base nos nobres valores do Socialismo que, hoje e sempre, serão a última voz, a palavra derradeira, o caminho último e atingível. Eu estou por aqui... e dedico-me o mais que puder. Se o meu Estado um dia me chamar à nobre profissão de gerir (não que isso esteja nos meus planos), é porque é pródiga a minha dedicação para isso, e a natureza... é líder.

BRANDOS COSTUMES...

"A velha descasca maçarocas no umbral da porta que dá acesso a uma das milhentas casas idênticas e de aspecto antiquado que ensombram as ruas da Estrela e de Campo de Ourique. Lamenta os joanetes que fazem prender o rabo rotundo a uma cadeira todo o dia, em geral, e a péssima visão, alegando ser a implacável idade a única responsável por isso. Chama a vizinha Albertina, e a Dona Miquelina à saída da mercearia, e não-sei-quantas mais "-inas" que dividem o tempo entre a afeição aos gatos, à choraminguice de uma reforma que não sabem gerir e do amor pelos netos e o chafurdar em fotografias antiquíssimas que o tempo amareleceu. Comentam, ávidas e sedentas de motivos para trocar por palavras os pensamentos corrompidos, segundo fazem constar, pelos muitos episódios dignos de Hollywood que lhes atravessaram o caminho durante os tempos áureos da sua vida. A Dona Lurdes, a matriarca rica que reside na mansão no final da rua, com o seu gradeamento verde-aquamarinho e estátuas que fazem lembrar os ditames lindíssimos da minha tão desejada expedição à terra da Santa Sé, palco de carnificinas mil que a História decidiu repetir ad nauseam, como se de um diabólico jogo de cadeiras se tratasse, não lhes (como é a expressão na moda desta juventude que se diz à rasca)... passa cartão, assim é que é, nada deve macular o seu bom nome e prestígio de uma família que em tempos idos foi mui fielmente admitida por el-Rei D. Carlos, o Diplomata e que, de cuja existência, actualmente, não lhe restam senão resquícios de memórias de família e diários putrefactos, que contam a história de outra maneira. Tampouco, conversar com aquelas plebeias jurássicas que se acotovelam todos os dias ao balcão da boutique de pão da esquina, para saber quem são os mortos do dia e mordiscar uma torrada seca.
No final da rua, está o Joãozinho das obras, mente obstinada que grita com a mulher porque lhe falta o álcool em casa; no entanto, na taberna, será difícil obra não satisfazer esse requinte vicioso até onde o fígado e a boca lho permitirem. O futebol, mui nobre e supremo desporto-rei, é o tema dominante, que por meio de portas e travessas, um alvitrar aqui e um redarguir ali acendem as mais que gastas acendalhas da discussão sobre o contrato milionário de Fábio Coentrão pelo Real Madrid ou sobre a injustiça do árbitro que ditou a derrota reiterada contra a Grécia, faz já não-sei-quantos anos. No meio dos guinchos de índole quase zoológica e do estrebuchar entre mesas imundas e chão escorregadio devido à escorregadia mão de quem já perdeu o norte há muito, uma alminha farta do convívio alcoólatra dispensa-se a si mesmo e decide fomentar a sua coscuvilhice, rodando os polegares dentro dos bolsos, qual figa, à falta de melhor ocupação. Ao passar pela avenida, nem reconhece o valor belo do céu azul ou do chilreio incessante dos pássaros que aqui e ali brindam crianças satisfeitas e enroladas em brincadeiras de gaiatos para quem tudo é uma descoberta, uma novidade fantástica. Entra pela porta reluzente da boutique de pão, e observa o televisor a regurgitar as ignomínias levadas a cabo contra os cidadãos pelo Governo socialista, e essa abominável forma de comunicação social estende-se como um vapor denso e liquefeito até à esplanada banhada de sol, onde famílias enchem todas as cadeiras metálicas já cansadas de servir de prateleiras para aqueles rabos gordos. Discute-se política na mais pobre das versões, num ruído tonitruante do infecto do mecânico que, muito convicto, considera ser culpa do Governo os desgraçados dos receptores de RSI não terem emprego, brandindo o jornal no nariz dos vizinhos que o ouvem de forma quase hipnótica. Nem sequer se dá, por um momento, conta de que os seus filhos tropeçam nas pessoas e mascam batatas fritas com regozijo, como se isso fosse o alimento mais prazenteiro e saudável do mundo, as mulheres, vulgo galinhas, falam mal da irmã da colega de trabalho porque adquiriu um iPhone e do marido que comprou um automóvel de cinco lugares melhor que o delas, porque ele é um pé-rapado que não tem onde cair morto e deve ter contraído um empréstimo ao banco para comprar uns cortinados de dez euros e servir a mesa à família toda a semana, já que a esposa, muito servil e competente, advoga apaixonadamente que os números do INE são claros, e nem para ela, portadora de três brilhantes canudos obtidos pela Nova de Lisboa a custo, existe uma função adequada, visto que é uma desonra e uma perfídia oferecerem-lhe um terço do salário a que tão mal estava habituada. Gucci para quê? Agora nem para canja de galinha.
E é assim o triste e fiel retrato da sociedade portuguesa. Diaboliza a esquerda e responsabiliza-a pela sua falta de capacidade de economia e gestão, de instrumentalização dos seus haveres, e pela sua constante e repetitiva incompetência enquanto actores sociais. Agora... a direita deles que os governe, já que tão sábia se afigura. Continuai, senhores, com o mesmo savoir-faire de sempre... e vereis onde pára o barco que um dia descobriu a Taprobana."

novo inquilino

tem-me sido difícil escrever no blog, por várias razões, o que me deixa um pouco triste, uma vez que, gostava que o blog fosse actualizado mais frequentemente, mas também por todos aqueles que visitam o blog frequentemente, não havendo nenhuma novidade. nesse sentido, decidi convidar alguém para me acompanhar nesta tarefa difícil, mas estimulante. hélder almeida, 23 anos, socialista, sendo este o ponto de partida para este conhecimento, que se aprofundou devido à sua inteligência, cultura, versatilidade de conhecimentos e história de vida apaixonante. trabalha desde os 14, vive só desde os 16, acaba o secundário com média de 18, ao mesmo tempo que trabalhava, não tendo ainda possibilidades económicas para frequentar o curso de medicina que tanto ambiciona. enquanto o sonho não se torna realidade continua a sua busca incessante por mais e mais conhecimento. aceitou o meu convite, o que agradeço, sabendo eu que servirá para engrandecer o blog. ficamos todos a ganhar, penso eu. espero a vossa opinião. brevemente, também eu voltarei a publicar um novo post. até já!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

eleições

compreendo este ódio que se nutre por josé sócrates. juízes, médicos, enfermeiros, professores, entre outras classes profissionais, viram os seus privilégios postos em causa. além disso, nunca um político em portugal foi tão perseguido, humilhado, caluniado por uma comunicação social que não olhou a meios para deitar o homem a baixo. o próprio presidente, num gesto inqualificável, inventou uma mentira para ajudar a sua amiga manuela ferreira leite. cavaco sai impune, não é questionado, sai com a cara limpa de uma jogada nojenta, da maior deslealdade entre órgãos de soberania. sócrates aguenta-se, não desarma, continua o seu trajecto. sócrates chegou ao governo em 2005, depois de dois governos fracassados, liderados pelo psd/cds. até ao ano de 2007 o que se assistiu em portugal? sim, antes de uma grave crise internacional, que muitos querem ignorar, o défice caiu substancialmente, ficando abaixo dos 3% pela primeira vez na história da democracia portuguesa e, em 2007, a economia portuguesa cresceu 2,7%.
foram feitas reformas importantíssimas na segurança social, que lhe garantiam a sustentabilidade por mais 40 anos, a nível da educação foram conseguidas transformações abissais, que se transformaram em resultados de sucesso. a aposta nos cursos profissionais levaram a que existisse uma quebra de 11% no abandono escolar. as famílias têm escola a tempo inteiro, há inglês no primeiro ciclo, desporto, música, dança. foram criados centros escolares e hoje os alunos e os professores têm meios tecnológicos que permitem uma melhor educação, virada para o futuro. foram encerradas escolas com menos de 20 alunos, onde se arrastavam crianças isoladas, com poucas condições físicas para a sua aprendizagem. a nível de modernização administrativa do estado nem vale a pena falar. o simplex foi um programa que agilizou os processos e acabou com a burocracia infindável nas repartições públicas. a nível de saúde todos conhecemos os avanços conhecidos. redução de tempo de espera para cirurgias, hoje fazem-se mais 3 milhões de consultas por ano, há menos portugueses sem médico de família e, felizmente, continuamos a ter um serviço nacional de saúde tendencialmente gratuito. a nível civilizacional foram dados avanços substanciais. um país maus justo, mais livre, onde foram reduzidas as desigualdades entre sexos. poderia enumerar muito mais factores porque respeito e admiro josé sócrates. podemos ignorar isto tudo e falar em desempregos, despedimentos, falências. sim, isso acontece e tem várias justificações. sócrates não fez tudo bem feito, mas ignorar a crise e o excelente trabalho que foi feito em várias matérias demonstra a cegueira, o ódio que lhe nutrem. a história cá estará para lhe fazer justiça, se os portugueses não a fizerem dia 5 de junho. sócrates é, sem dúvida, o melhor primeiro-ministro que portugal conheceu. temos um país melhor, depois de 2005.

terça-feira, 10 de maio de 2011

quero a simplicidade

Quero uma mesa e pão sobre essa mesa
na toalha de linho nódoas de vinho
quero só isso nem isso quero

Quero a casa de terra à minha volta
cães altos na noite a minha mãe mais nova
quero só isso nem isso quero

Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos
e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira
quero só isso nem isso quero

Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no [sapatinho
e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas
quero só isso nem isso quero

Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal
ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo
quero só isso nem isso quero

Quero uma aldeia umas pedras um rio
umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras
quero só isso nem isso quero

Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos
rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira
quero só isso nem isso quero

Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre
o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado
quero só isso nem isso quero

Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco
laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore
quero só isso nem isso quero

Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera
a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas
quero só isso nem isso quero

Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol
as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra
quero só isso nem isso quero

Quero que voltem os que morreram os que emigraram
matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega
quero só isso nem isso quero

Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos
saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa
quero só isso nem isso quero

Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores
uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas
quero só isso nem isso quero
Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos
a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr
quero só isso nem isso quero

Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras
e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão
quero só isso nem isso quero

Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar
a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira
quero só isso nem isso quero

Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol
o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história
quero só isso nem isso quero

Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão
os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul
quero só isso nem isso quero

Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano
o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas
com uma rapariga
quero só isso nem isso quero

Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço
o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio
quero só isso nem isso quero

Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira
roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso
quero só isso nem isso quero

Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo
quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra
quero só isso nem isso quero

poema de ruy belo

terça-feira, 3 de maio de 2011

a morte de bin laden

não sou norte-americano, nem conhecia ninguém que fosse vítima dos vários atentados que foram cometidos pela al qaeda, organização liderada, até ontem, por osama bin laden. talvez isto explique a minha indignação. ver várias pessoas manifestarem a sua alegria, rejubilo, pela morte de um homem, é algo que não aceito. sim, ele é mau. sim, eventualmente se ele não fosse assassinado, ele seria responsável por mais ataques e por mais mortes, contudo, eu acho a execução de alguém um acto horribilis, que ninguém merece. deveria ter sido capturado, julgado e deveria cumprir a pena que merecia. isto do olho por olho, dente por dente, não deve ser a regra nas sociedades ditas avançadas.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

raiva

tinha três anos e ia a pé para o jardim de infância. no caminho parava no café e adorava beber galão. lembro-me das visitas de estudo e do saco de verga que eu e o meu irmão partilhávamos. a fruta voltava sempre para casa. lembro-me dos primeiros dias de aulas, onde os meus pais nunca estavam presentes, o que me impedia de lhes apresentar a minha escola nova. com oito anos já ficava até à meia noite na rua, com os amigos mais velhos e não havia nada como os sábados de manhã. brinquei muito, diverti-me muito, trabalhei muito em criança. sei o que é passar privações e sei o que é a abastança. sei o que é nunca ter férias no verão, nem fins-de-semana fora. sei o que é chorar muito com as discussões dos pais, sei o que é sofrer pelo sofrimento dos outros, ver pessoas que amo aflitas e não saber o que fazer. trato a angústia por tu e a solidão é a nossa companheira. nunca soube o que é desabafar com ninguém. nos momentos duros só os sei viver sozinhos. não fui um adolescente normal, dado a vidas mundanas, descobrindo-as, curiosamente, bem mais tarde. o sabor do cigarro, ou da erva esquisita que os outros fumam e nos oferecem. a primeira bebdeira chegou quando já tinha idade para ter juízo e os prazeres da carne também. estudei. estudo. lutei. luto. consegui. consigo. já cometi muitos erros, já rejeitei boas propostas profissionais, tenho com 24 anos experiências que outros não conhecem. amigos. o melhor que há. a alegria de estar com um amigo que nos entende e aceita as nossas angústias. que sabe como nos levantar a moral. não sei quando chegará o fim terreno deste ser que cá chegou em 1986. já tenho alegrias, sofrimentos e responsabilidades (ou falta delas) que me permitem perceber que gosto muito disto ou que o melhor é desaparecer. que o melhor é apanhar um comboio e viver um "brave new world" ou ficar debaixo dele. cansa-me pessoas que não sabem viver, que não sabem amar, que não sabem perdoar. cansam-me.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

obrigado!

adoro a minha idade, mas há alturas em que não me importaria de ter já 60 anos. hoje é um desses dias. adorava, mas adorava mesmo poder ter vivido intensamente o 25 de abril. não consigo imaginar a alegria vivida por aqueles que viveram toda a sua vida num regime opressor, conhecerem o verdadeiro sabor da liberdade. não sei como reagiria, não faço ideia, acho que choraria muito, iria para a rua gritar, iria aprender a viver em liberdade.
na minha opinião, não se dá a devida atenção ao dia da liberdade. não só os jovens, mas também as pessoas de gerações anteriores, que se dizem traídas pelo que abril prometeu. sou de uma geração que não sabe o que é viver em ditadura, que sempre teve liberdade para fazer o que quis, que nunca foi proibido de criticar quem quer que fosse. agradeço a todos os que lutaram por estes direitos, a todos os que me permitem viver, a poder ter opção de escolha política, entre outros direitos que abril nos trouxe! não vivemos numa democracia perfeita, claro que não. há vários problemas que terão que ser corrigidos, mas como disse churchill "a democracia é o pior de todos os sistemas à excepção de todos os outros".

terça-feira, 12 de abril de 2011

os reis

gosto de música, muito. é daquelas banalidades mas, embora não seja um melómano, é algo muito presente na minha vida. sem dúvida que sempre tive uma enorme paixão pela música de intervenção, as mensagens encapotadas, o aprender a ler nas entrelinhas. gostaria de ter vivido o apogeu de ary dos santos, um génio da poesia portuguesa. acredito na força das músicas. que a sua mensagem podem transformar-nos. jorge palma, deolinda, clã, david fonseca, sérgio godinho, ana moura, antónio variações, entre outros, são alguns das minhas preferências musicais. contudo, percebo que já perdi muitos anos de ouro da música mundial. há fenómenos que não entendemos, mas os queen foram, sem dúvida, os reis da música. como é que é possível, que passados tantos anos, alguém vá a um concerto de tributo a esta banda, e conheça as músicas de uma ponta à outra? não é para todos, não. é para os grandes.





estes vídeos mostram a grandeza da banda!

quarta-feira, 23 de março de 2011

"agora ou nunca"

no congresso do cds, que se realizou no passado fim-de-semana, em viseu, paulo portas disse tudo: "é agora ou nunca".
a oposição tem consciência de que portugal estava no bom caminho, que depois do fmi não ter entrado em portugal, depois de uma execução orçamental brilhante, com um acordo extremamente favorável para portugal na zona euro e com as exportações portuguesas a darem cartas, pareciam reunidas as condições para sairmos desta situação extremamente difícil que estamos a atravessar.
a oposição, e sobretudo o psd, percebeu isso, então, a única forma de derrubar sócrates, seria inventar uma crise política, esquecendo o superior interesse de portugal.
ferreira leite disse, hoje, que o que se estava a discutir ali não era o pec e as suas medidas, o que estava ali em causa era quem as executava. o que ferreira leite disse é que as medidas apresentadas no pec iv eram as necessárias, mas que por virem de sócrates perdiam a sua credibilidade.
eu percebo a oposição. conhecem muito bem as potencialidades políticas de josé sócrates e que o melhor é afastá-lo o quanto antes, porque "é agora ou nunca".
passos coelho amedontrou-se perante a oposição interna e para não abrir uma crise interna, abriu uma crise política nacional que terá graves consequências para os portugueses.
cavaco diz que não teve tempo de intervir, ou seja, treze dias não lhe chegam para tomar uma posição, para falar aos portugueses, chamar os partidos, criar consenso. não lhe chegam porque não a quer. ele e o seu ar sonso, a sua atitude cínica, mostram que aquilo que ele diria ser - garante de estabilidade política - não passa de mera retórica. ele, que achava que o país não comportava uma segunda volta nas presidenciais, ajudou à festa, levando o país a novas eleições.
os portugueses não querem barulho nas ruas, não querem caravanas, não querem comícios, os portugueses querem políticos responsáveis, que defendam os portugueses e resolvam os problemas. todo este folclore vai ajudar a descredibilizar, ainda mais, a classe política. mas era "agora ou nunca". esta sofreguidão de poder vai sair-nos cara, mas o país pode esperar, o psd é que não!

terça-feira, 22 de março de 2011

terceira via

diz-se que os políticos não estão acima dos partidos, porque os políticos vão e vêm, enquanto os partidos permanecem iguais. percebo a ideia, mas repugno totalmente aquela lógica de de que os partidos devem manter-se iguais, fiéis à sua ideologia, não acompanhando a evolução dos tempos. olhe-se para o partido comunista, penso que dá para entender o que estou a dizer.
gosto de ser polémico, não me preocupando muito com as consequências.
sempre fui simpatizante do partido socialista, por uma variada ordem de razões, de ordem familiar, até aos meus 14/16 anos, depois de uma ordem mais racional, por o ps representar a esquerda, o campo ideológico que mais me preenche, mas o ps era o único partido que representava uma esquerda democrática, o que me levou a estar sempre mais próximo do ps.
sócrates veio mudar o ps e a forma de se fazer política em portugal, assim como a minha forma de olhar para a política. o primeiro político com uma ideia para o país. sabia o que queria, ao que vinha, enfrentou o défice deixado por santana lopes de uma forma brilhante e, pela primeira vez em 30 anos, o défice português esteve abaixo dos 3%, a economia começava a crescer a um bom ritmo e fez-se reformas importantíssimas neste nosso portugal, e as sondagens continuavam a dar uma larga vantagem ao ps, numas hipotéticas eleições. sim, antes de 2008, portugal estava no bom caminho. isto antes da crise económica e financeira internacional, aquilo que muitos gostam de ignorar.
sócrates representa a 3ª via, uma linha ideológica que ganhou uma forte expressão com tony blair, enquanto líder do "labour" e primeiro ministro inglês, mas bill clinton e gerard schroder também seguiram esta orientação ideológica. a 3ªa via, em poucas palavras, tenta conciliar o melhor de dois mundos, para os seus defensores, o melhor da direita e o melhor da esquerda. o título do meu blog refere-se a isso. eu sou um esquerdista e defendo uma sociedade mais livre, mais igualitária, mas ao mesmo tempo,considero que o estado não tem que ser assistencialista, deve procurar um estado que esteja presente quando necessário, mas que procure uma economia mais forte, longe de um estado totalitário ou minimalista. é preciso adequar o estado à conjuntura.
sócrates defendia isto e sócrates fez-me vibrar com a política (ainda faz) e decidi tornar-me militante socialista. não me arrependo de nada e estarei ao lado de sócrates até ao último momento.
o portugal democrático não conheceu primeiro ministro como sócrates. a história cá estará para lhe fazer justiça.
"realizo-me ao pagar as quotas do meu partido", esta frase foi dita por mário castrim. eu também me realizo, pelo menos enquanto sócrates estiver à frente dele.

quarta-feira, 16 de março de 2011

fmi. cuidado, ele vem aí

a crise política está instalada e não me parece que tenha remédio. a cimeira europeia foi um sucesso e estava afastada a ideia de o fmi entrar em portugal (aquela que era a única forma de o psd chegar ao pote sem a abertura de uma crise política directa).
sócrates foi chamado por merkel a berlim, onde a chanceler teceu os louvores necessários, referiu que portugal estava no caminho certo para sair da crise, mas se sócrates queria que os outros países autorizassem a flexibilização do fundo de estabilidade europeu, teria que levar à cimeira europeia novas medidas de austeridade, que garantissem aquilo a que este governo se propôs, nomeadamente na redução do défice.
sócrates levou as medidas, conseguiu os resultados desejados na cimeira, mas não o deveria ter feito antes de apresentar as medidas aos portugueses.
contudo, esta não pode ser a desculpa para se abrir uma crise política, porque isso será catastrófico para os portugueses. não é só a mudança de governo e a hipotética chegada de passos coelho ao governo, com os relvas, marcos antónios e menezes atrás, é sobretudo a chegada imediata do fmi a portugal. aqueles que defendem a intervenção do fmi não têm noção do que dizem. haverá mais recessão, mais pobreza, cortes nos salários, retirada de 13º mês e subsídio de natal, entre muitas outras mudanças.
a oposição, com o psd à cabeça, não quer aprovar este novo pacote de medidas, para o ano de 2012 e 2013 (devem pensar que o défice nos próximos anos descia por obra e graça de deus), que são difíceis, nem diz quais seriam as medidas que tomariam, mas não terão dúvidas em aprovar as medidas que o fmi vier propor, que essas sim, vão doer, mas a sério e as taxas de juro continuarão altíssimas.
estar na política exige responsabilidade e a defesa dos superiores interesses dos cidadãos, não na defesa dos interesses pessoais e partidários. passos coelho não está disposto a aprovar estas medidas e sócrates já afirmou que, nesse cenário, deseja eleições antecipados e que se voltará a recandidatar.
era bom que este governo, que tem legitimidade, conseguisse chegar ao fim da legislatura. a economia e os portugueses agradecem. tenho a certeza que olhando os dois cenários, a maior parte dos portugueses preferia continuar este caminho difícil que tem sido trilhado por todos.

sábado, 12 de março de 2011

a manif..

não era para ir à manifestação da "geração à rasca", contudo, devido a uma série de razões - não políticas - acabei por descer a avenida.
não era para ir por várias razões. em primeiro lugar, considero que esta manifestação não vai ter nenhuma consequência na prática. depois iria estar a pactuar com uma lógica dos partidos da extrema esquerda que é o de dizer mal por dizer, não avançando com qualquer ideia e proposta, limitando-se a ser do contra. todos sabem o que não querem, mas ninguém parece entender o mundo em que vivemos. é pena.
apesar de tudo, gostei de sentir o povo na rua. nunca tinha estado numa manifestação e achei que é interessante este fenómeno de nos unirmos em prol de uma causa. a força da rua é enorme - olhem para o norte de áfrica.
sim, as coisas não estão fáceis, mas mais fácil é o discurso demagógico e irresponsável da maior parte das pessoas que lá estavam.

sábado, 5 de março de 2011

carnaval

não tenho muitas memórias da minha infância. há quem diga que a nossa memória é selectiva, guardando apenas aquilo que nos marcou. então, poderei concluir que a minha infância me passou ao lado. esta conversa vem a propósito do carnaval e da ausência de memórias carnavalescas na minha infância. na minha memória não há fatos de pirata, nem de cowboy. não há memórias de desfiles, de máscaras, nem de balões de água. na minha memória dos carnavais passados há apenas o acordar cedo e ir ao jardim da aldeia ver o que os jovens levaram para lá, o que tinham conseguido roubar aos velhotes, as carroças, os vasos, os animais. algo muito peculiar, algo muito tradicional, algo muito nosso. apenas isto. talvez por isso não ligue ao carnaval e a disfarces. assim como não sinto necessidade de ir para a praia todos os verões, uma vez que, em criança só tive férias de praia um único verão.
para quem goste do carnaval, desejo-lhe bons disfarces, bons desfiles. eu irei procurar ir ao jardim da minha aldeia. chega-me.

quinta-feira, 3 de março de 2011

sócrates e merkel

mais um dia terrível para os grandes opositores a sócrates. a comunicação social passa a vida a anunciar que está próximo o fim do reino de sócrates, mas o anúncio do apocalipse nunca se realiza. é a vida. ninguém esconde que a situação é complicada, mas eu olho para a oposição e percebo a irresponsabilidade daquela gente, que não coloca o interesse nacional à frente dos interesses partidários. no entanto o psd começa a voltar à normalidade, com a oposição interna a revelar-se e a falar em "falta de consistência" de passos coelho, nas palavras de pacheco pereira e paulo rangel considera que "o psd não tem programa para a educação nem para a agricultura". enquanto isso, há quem faça o seu trabalho. sócrates. primeira redução efectiva na despesa nos últimos 15 anos. execução orçamental muito positiva. propõe-se a cumprir as metas do défice. aquilo que tem que ser feito. merkel sabe que o caminho é difícil e quis felicitar o seu trabalho, a sua coragem e as suas medidas dando-lhe o maior palco da europa. foi isso que ela fez. não sei o que se falou na reunião, provavelmente até serão notícias não muito animadoras para portugal quanto ao fundo de estabilização financeira, mas é óbvio para todos que sócrates está a fazer aquilo que tem que ser feito, tentando causar o menor dano na econoomia portuguesa.
merkel começa a perder o seu eleitorado, porque não querem que a alemanha continue a financiar o fundo de estabilização financeira, mas isso seria contrariar toda a lógica europeia, aquilo que os líderes europeus sempre quiseram. uma economia forte e solidária. resta a merkel ter a coragem suficiente e a europa conseguirá sair deste impasse.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

sporting

o sporting tem a história de um clube grande. apenas isso. história. infelizmente, a nível futebolístico é um clube mediano. não tem a força de outras tempos, não é equipa para vencer um campeonato, não consegue lutar pela champions e a maior parte dos seus jogadores titulares, que são os que têm menos responsabilidade no cartório, teriam que suar muito a sua camisola para poder jogar num braga, num guimarães ou no nacional. é uma equipa sem direcção, com directores desportivos que entram e saiem a cada mês, com presidentes incompetentes, sem um rumo traçado para a sua equipa.
contudo, embora tenha uma equipa fraca, o sporting poderia fazer mais. poderia ser uma equipa mais organizada e o seu treinador, a quem lhe foi prometido mundos e fundos, não tem arte nem engenho para aproveitar da melhor forma os valores de que dispõe.
espero que o sporting venha a ganhar a força de outros tempos, que saia das próximas eleições um presidente com um obectivo bem traçado e que possibilite que a equipa ganhe competições. isto é o que eu espero, embora saiba que o sporting terá muitas dificuldades para sair desta situação. espero que não tenha o mesmo destino da amadora ou do belenenses.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

a morte..

fernanda câncio escreveu uma crónica chamada "novembro" que começava assim:"nunca sei se se deve escrever sobre os mortos". assim como a jornalista, também eu nunca sei. sei que o problema de nós, os que ficámos, é não saber se o que morreu sabia tudo aquilo que pensávamos dele, se lhe dissémos tudo, se lhe fizémos tudo, se poderíamos ter feito mais. e podemos ir ao velório, ir ao funeral, chorar com a família, levantar o sudário e beijar o morto. de que vale isso? nada há como aquela angústia da ausência, de não nos podermos voltar a rir juntos, de não podermos voltar a discutir um com o outro, de não nos podermos voltar a encontrar no café do costume.
como diria ruy belo, "o problema da morte é o dos vivos". dos que ficam, dos que sofrem, dos que encaram de frente a sua própria morte, daqueles que a percebem bem mais presente, bem mais surpreendente do que imaginam e que têm vontade de ser mais explícitos no que sentem, não vá a morte voltar a surpreender-nos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

muitas vidas numa só

embora seja uma "canseira" tremenda, gosto da vida que levo. desta vida de "autarca" e de estudante. gosto por várias razões. gosto do voluntariado, de ajudar a resolver alguns problemas, desde que me sejam possíveis de resolver, de tornar a vida de alguém um pouco melhor, com um pequeno nada, que é tanto. poderia ser melhor? podia. gosto também muito desta vida de estudante. não das festas e das bebedeiras, porque neste nível não são coisas que aconteçam, uma vez que os horários das aulas são concentrados e não permitem que nos metemos em aventuras (a idade é outra), mas gosto do aprender, do estar nas aulas a ouvir quem muito sabe, pessoas com grande saber, que nos dão lições a cada passo.
mas gosto sobretudo desta vida por outra razão. a divisão. os dois mundos. a vida que tenho no interior do país, sempre agitada, mas num meio bem mais calmo e a vida mais cosmopolita de lisboa. dão-me duas visões diferentes. dão-me realidades diferentes. isso é bom. é bom perceber que o mundo não é só aquilo que está à frente dos nossos olhos, que há mais, muito mais desconhecido por trás de cada esquina, de cada prédio, há muito mais desconhecido oculto em cada rosto. gosto deste "way of life". gosto da tranquilidade de um sítio e da agitação do outro. gosto do afecto da aldeia e da liberdade da cidade. gosto das pessoas de penhascoso e das ofertas culturais que lisboa me permite. sim, preciso muito dos dois. preciso de acordar e ir à varanda da minha casa contemplar uma excelente manhã de sol, a tranquilidade dos dias, o ruralismo no seu sentido mais profundo, mas também preciso de acordar e poder passear na gulbenkian, almoçar numa esplanada e ir ao starbucks quando me apetece. manias.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

o caminho

acredito que dentro da nossa existência, ou seja, desde o nosso nascimento, até ao dia da nossa morte, hajam várias vidas. não digo que temos várias personalidades, ou que nos transformamos, o que eu pretendo dizer é que se hoje somos engenheiros e temos uma vida estável, poderíamos ter sido professores e teríamos uma vida menos estável, ou o inverso (porque certamente há muitos professores com vidas boas e engenheiros com vidas menos equilibradas). resumindo, somos nós que traçamos o nosso caminho, com as nossas escolhas, opções, gostos. se hoje sou licenciado em jornalismo, poderia estar licenciado em economia, ou direito, ou enfermagem e aí, que vida seria a minha? é uma coisa sobre a qual me debruço bastante, deve ser a crise da meia idade. será que tomei as opções correctas, será que estou a ser um bom cidadão, será que era este o caminho? não sei, sei que podemos voltar ao cruzamento e isso reconforta-me. se não tomei a decisão certa, posso corrigi-la. acredito que vamos sempre a tempo de ser felizes.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

o ensino particular

está na ordem do dia, os apoios que o estado concede às escolas particulares, com as quais contraiu um contrato de associação.
estas escolas são privadas, ou seja, a maior parte dos alunos que as frequentam tem que pagar uma propina, em alguns casos, com valores a rondar os 400/500€. estas escolas queixam-se do facto de o estado - que tem uma ampla rede de escolas públicas - ter reduzido o seu apoio a estas escolas, fixando-o nos 80 mil euros por turma. confesso que nem sequer imaginava que o estado financiava este tipo de escolas, sendo elas de cariz particular, onde se pagam propinas exurbitantes, na maioria dos casos. hoje, fizeram-se ouvir, em pleno saldanha, professores e alunos dessas instituições de ensino, afirmando que o estado está a matar o ensino particular.
não sou um profundo conhecedor desta matéria, mas não compreendo a lógica de um tipo de ensino especial, certamente com muito mais regalias que o próprio ensino público, com actividades imensas, espere apoio do estado, ele que não consegue garantir as condições que estes institutos dão aos seus alunos.
se os pais desses miúdos privilegiam o ensino particular, algo que não condeno, têm que ser eles a pagá-lo. há outras opções, onde eventualmente a qualidade do ensino não seja a melhor, onde a segurança dos seus filhos esteja mais vulnerável, mas é isso mesmo, se queremos mais e melhor temos que pagar, não tem que ser os pais dos outros miúdos que frequentam o ensino público a pagar o ensino particular dos meninos ricos, cujos pais os preferem colocar em guettos.
mais uma vez refiro que não domino a matéria e, eventualmente, cada caso é diferente, mas numa maneira geral, é esta a minha opinião.

domingo, 23 de janeiro de 2011

eleições

se há coisa que me arrepia são as eleições. gosto da disputa política, dos ataques, da troca de ideias, de analisar o discurso, mas aquilo que mais me agrada é estar ali na secção de voto e ver as pessoas depositar o seu voto. é tudo aquilo que abril nos permitiu. a igualdade no seu extremo. a senhora de 85 anos, analfabeta, que veste o seu melhor traje e se dirige à urna e pode dizer que aquele voto, vale tanto como o do senhor que irá ser eleito. isto sim, é a democracia no seu esplendor. e é isto que eu queria para o meu país, igualdade, igualdade, igualdade.
bons votos, boas escolhas. bom futuro para portugal, com quem quer que seja eleito.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

o estatuto da gorjeta..

quando passava os olhos por um artigo jornalístico, descobri que nos E.U.A., quando se vai a um restaurante, na conta já vem contabilizado um valor para as gorjetas. ou seja, aquilo que se costuma dar arbitrariamente, mediante a qualidade do serviço, é-nos impingido. falaram em liberalismo?
eu, que já passei muitas horas e dias da minha vida a vender pão, muito raramente me deram gorjeta. confesso, também nao as queria, mas isto para explicar uma coisa, qual a razão porque é bastante comum dar gorjeta a um empregado de restaurante, a um empregado de hotel, a um táxista e nao se dá gorjetas a um vendedor de pão, a um empregado de uma dependência das finanças? não faz o serviço com a mesma competência, os que nos levam a comida à mesa, como quem nos diz o valor que temos a pagar às finanças? porque carga de água é bastante comum dar gorjeta a um taxista e nunca vi ninguém dirigir-se a um motorista da carris para lhe dar uma moeda para um café. e ele não faz o mesmo percurso com a mesma segurança?
estas são questões que me inquietam, agradecia que me ajudassem a perceber, porque se decidiu começar a dar gorjetas a uns e não a todos..

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

o mundo dos sonhos..

há coisas muito difíceis de entender. não consigo, por mais que tente, me esforce, por mais que leia. a morte de carlos castro é um desses casos. desconhecia a existência de um renato seabra, o suposto homicida, e a figura de carlos castro não me fascinava, não me merecia grande respeito. e não, não vou, agora que ele faleceu, mudar de opinião, tecer louvores ao senhor, ou considerá-lo um deus. algo muito típico nos portugueses, que mudam facilmente a opinião que têm sobre os outros, sobretudo quando estes morrem.
renato seabra foi vítima do seu sonho. apenas isto. o jovem encontrou em carlos castro o trampolim para o seu sucesso no mundo da moda, fazendo para isso o sacrifício de ser namorado do cronista social. não acredito em amor. desculpem-me, mas não acredito. renato teve direito a férias em londres, madrid e foi até passar o ano a nova iorque, imaginem. e era só isso, fingir amar carlos castro.
quando se lê ou ouvem testemunhos de amigos, familiares, conhecidos a dizer que o jovem seria incapaz de tal acto, eu juro-vos que acredito nessas pessoas. acho mesmo que alguém minimamente normal, seria incapaz daquele acto. mas aquele rapaz mudou, já não é o amigo do basquete, o menino da catequese, o estudante do secundário. o renato quis o mundo, a fama e não aguentou a pressão. uma sexualidade mal resolvida. um amor falso. um mundo que não era o seu. mérito não lhe devemos tirar, conseguiu o que queria. fama. até na capa de jornais norte-americanos.
devolvam-no a cantanhede e voltarão a ter o mesmo renato. acreditem.

domingo, 9 de janeiro de 2011

hoje apetece-me desmistificar. ajudam-me? partilhem..

naquele que é para mim o melhor blog português, com o melhor blogger nacional, o valupi, que muitos querem desmascarar, num simples post, alguém deixou um comentário brilhante, que acho urgente partilhar. eu vou publicar aqui no meu blog. o texto é longo, mas juro-vos, vale a pena.

Porque a memória é uma condição indispensável à nossa vida e também à própria vida política, pedia-vos, se possível, para recordarem aqui no Aspirina B a todos nós, em formato de notícias ou (desejavelmente) de imagens, várias passagens normalmente esquecidas pela nossa “suave” Comunicação Social da trajectória política de Cavaco Silva. Começamos pelo BPN, mas, para que não se diga que está tudo centrado nessa questão, há mais 12 recuerdos de Cavaco e sus muchachos, um por dia da campanha eleitoral que hoje se inicia (desculpem o testamento, mas aqui vai…):

- as notícias e imagens dos seus (não) esclarecimentos e/ou mesmo declarações incoerentes sobre o processo BPN, dizendo que não tinha dinheiro no BPN (afinal era na SLN), não explicando o contexto das mais valias de mais de 140% em dois anos (um economista que se vangloria da sua seriedade, experiência e conhecimento dos mercados entranhou e não estranhou esta… pseudo-lotaria?) e defendendo Dias Loureiro a todo o transe até ao limite do insustentável. Curiosamente e certamente apenas por mera coincidência, nos dias seguintes à demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, a primeira página do Expresso abria com a notícia dos notáveis lucros das transacções das acções não cotadas de Cavaco na SLN… Enfim, todos nós precisaríamos certamente de nascer duas vezes para ter níveis de lucro assim; agora, pelo contrário, todos nós teremos certamente que trabalhar por dois para… pagar mais valias como estas de Cavaco e sus muchachos;

- as imagens da tristemente célebre declaração de Cavaco em Março de 2002 na Faculdade de Economia do Porto a propósito dos funcionários públicos “Como é que nos vemos livres deles? Reformá-los não resolve o problema, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e, portanto, diminui também a receita do IRS. Só resta esperar que acabem por morrer”. Enfim, precisamos de ter em Belém alguém que, além de refinado humor e bom gosto, constitua um paladino do Estado Social…;

- as imagens da célebre declaração com que Cavaco deixou cair Fernando Nogueira nos dias finais da campanha do PSD em 1995, ou as notícias sobre as suas recusas em aparecer nos cartazes de campanha ao lado de ex-lideres do PSD em 2005 e em pagar parte das despesas de campanha de Freitas do Amaral após a derrota na segunda volta das Presidenciais de 1986. Enfim, necessitamos de alguém em Belém dotado de elevados princípios de solidariedade institucional com quem possamos contar nos momentos de dificuldade;

- da participação da Presidência da República de Cavaco Silva no famigerado processo das escutas, que, num País normal, exigiria pelo menos um inquérito sobre se foram ou não cometidos quaisquer tipos de crimes de responsabilidade de titulares de cargos político (esta lei prevê várias hipóteses – atentado contra Estado de Direito, coacção contra orgãos constitucionais, prevaricação, abuso de poderes, violação de segredo) e, a confirmar-se a intervenção do Presidente, a sua própria demissão. Sobre isto vale a pena ouvir um depoimento efectuado por Sarsfield de Cabral na altura na SIC Notícias – que, além de apoiante de muitos anos, já trabalhou directamente com Cavaco – onde afirmou que, na sua opinião, conhecendo bem Fernando Lima, este nunca faria nada sem orientações do Presidente. Enfim, precisamos de alguém em Belém rodeado por pessoas também elas eivadas de inatacável sentido de Estado e que nunca tenham recorrido a conspirações (em pastelarias da Avenida de Roma, ou noutro sítio qualquer) para pôr em causa a acção de outros órgãos constitucionais…;

- da forma lamentável como foi lançada e gerida, nos Governos de Cavaco Silva, a primeira Parceria Público Privado da Ponte Vasco da Gama (se alguém tem dúvidas sobre se isto é uma PPP leiam o livro ou ouçam as declarações do Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas Carlos Moreno), processo que esteve na origem, aliás, do famoso bloqueio da Ponte 25 de Abril (os novos preços impostos na Ponte 25 de Abril resultavam do acordo de concessão; como os preços na Ponte 25 de Abril foram depois revistos em baixa, a Lusoponte teve que ser largamente compensada – a decisão foi anunciada pelo Ministro Ferreira do Amaral que, uns tempos mais tarde, passou a presidir à… Lusoponte). Enfim, precisamos de alguém em Belém que, de facto, conheça como poucos os enormes buracos das PPP…;

- o brutal buraco financeiro e a forma absolutamente inqualificável como foi conduzido pelos Governos de Cavaco Silva o processo de modernização da linha de caminho de ferro do Norte (várias centenas de milhões de contos – repito centenas de milhões de contos – com deslizamentos orçamentais e temporais impensáveis, para ganhos nulos nos tempos de percurso), originando um brutal desperdício de recursos públicos. Ou ainda, os vultuosos prémios contratuais atribuídos pelos Governos de Cavaco Silva a empreiteiros adjudicatários de diversas obras públicas para que as mesmas fossem concluídas em timings compatíveis, claro, com as eleições legislativas. Enfim, precisamos de alguém em Belém que, de facto, tenha experiência no combate contra os desperdícios das grandes obras públicas…;

- a forma como os Governos de Cavaco Silva não cumpriram por diversas vezes a Lei das Finanças Locais e abriram um buraco na Segurança Social ao não transferir as verbas estipuladas em termos legais. Enfim, necessitamos de alguém em Belém com apurado sentido institucional e que defenda como ninguém o Estado de Direito em Portugal;

- a entrevista ao Expresso de Miguel Cadilhe, Ministro das Finanças do primeiro Governo de Cavaco Silva, onde ele afirmava peremptoriamente que Cavaco foi o pai do “monstro” pelas implicações que teve o regime remuneratório da função pública (e sobretudo as múltiplas excepções criadas – fazendo praticamente com que, de facto, a excepção seja o regime… normal) aprovado pouco antes das legislativas de 1991… Recordo, também, o processo de negociação com os parceiros sociais dos aumentos salariais em 1991 (ano de eleições, pois claro) em que, tanto quanto me recordo, o Governo de Cavaco Silva propôs aumentos superiores aos propostos pela delegação da própria … CGTP… Enfim, é essencial termos alguém em Belém que, em nome de eleitoralismos fáceis, não tenha contribuído para onerar significativamente as próximas gerações, actuando sempre, pelo contrário, com a preocupação central da sustentabilidade futura do Estado Português;

- a forma caótica como foram geridos os fundos estruturais – em particular o FSE e o FEOGA – nos Governos de Cavaco Silva. Sobre o FSE há notícias várias e processos diversos no Tribunal. No Feoga, há certamente noticias e imagens, por exemplo, da visita com pompa e circunstância, de Cavaco à Odefruta, bem como aos seus elogios estusiásticos ao projecto protótipo de sucesso do milionário francês Thierry Roussel – projecto que permitiu a este último deitar a mão a um milhão de contos – 5 milhões de euros! – em fundos comunitários e ajudas do Estado português e “dar às de Vila Diogo” cerca de um ano depois…. Enfim, é fundamental elegermos alguém para Belém que a União Europeia reconheça como bom exemplo do rigor e qualidade na utilização dos recursos comunitários…;

- ainda a propósito do seu mítico rigor e competência recordo aqui também o famigerado “coeficiente de erro de Braga” (assim baptizado por Paulo Portas, sim, esse mesmo, então Director do Independente devido ao nome do Ministro das Finanças, Braga de Macedo, sim, esse mesmo), quando no fim de 1993 o Governo de Cavaco Silva atingiu um défice público elevadíssimo, cerca de três vezes superior ao que tinha estimado no inicio do ano (uma das principais razões desse catastrófico lapso de previsão terá sido provocado pela decisão da então Senhora Secretária de Estado do Orçamento – essa mesma, a também muito competente e rigorosa Manuela Ferreira Leite – de despedir contratados da DGCI, o que, associado a alterações legais, teve como brilhante resultado que nesse ano e a partir desse momento o Estado praticamente deixou de arrecadar o IVA). Enfim, é crucial ter alguém em Belém que tenha grande capacidade de previsão e rigor inatacável na gestão das contas públicas…;

- recordo também notícias da proposta de demissão de Cavaco Silva da Universidade, efectuada pelo Conselho de Reitores em 1985, por ter-se ausentado do serviço docente que lhe fora atribuído. Esta proposta não terá ido para a frente porque Deus Pinheiro, na altura ministro da Educação do Bloco Central, segundo essas notícias, lhe teria concedido licença sem vencimento sem que para isso tivesse qualquer competência. Enfim, precisamos de alguém em Belém que constitua um exemplo irrepreensível de profissionalismo para todos os portugueses…;

- lembro também as notícias sobre a falta de transparência e casuísmo que terão marcado os processos de privatizações e negociações de aquisições de bancos e seguradoras (recordam-se, da Tranquilidade ou do Totta / Banesto?), ou sobre a forma atabalhoada e pouco rigorosa como foi lançada e realizada nos Governos de Cavaco Silva a criação das universidades privadas (regra geral, sem a mínima garantia ou exigência de qualidade do ensino). Enfim, necessitamos de alguém em Belém que seja um exemplo de rigor, exigência e transparência nos processos de negociação e/ou interacção entre o Estado e os privados…;

- a propósito do controlo da comunicação social recordo também o Ministro do Governo de Cavaco que, segundo notícias da altura, combinava com o Director de Programas o alinhamento dos telejornais da RTP – pois, esses mesmos que agora rasgam as vestes pela asfixia democrática – o Marques Mendes e o José Eduardo Moniz. Recordo também as notícias sobre o processo de atribuição de licenças de rádios e televisões nos Governos de Cavaco Silva – e que fez com que parte relevante da comunicação social privada tenha, então (alguns desde então), ficado sob a dependência de grupos económicos mais ou menos sintonizados com os Governos de Cavaco Silva e sus muchachos (por exemplo, alguém já se esqueceu do afastamento da “incómoda” TSF das licenças nacionais?). Enfim, precisamos de alguém em Belém que tenha no seu curriculum um respeito exemplar pelo papel e pela isenção da comunicação social…;

Há mais, muito mais, para recordar e para acabar de vez com o mito construído pela Comunicação Social do homem providencial, um poço de virtudes, que raramente tem dúvidas e nunca se engana… Enfim, só a “suave” imprensa nacional não vê ou não quer ver que… Cavaco rima com… buraco… Recorrendo àquela máxima famosa da política brasileira – com o actual Governo Sócrates, chegamos à beira do abismo; com Cavaco (e sus muchachos) daremos certamente o passo em frente…

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ajudem-me, pff

já que não há jornalistas com tomates neste nosso país à beira-mar plantado, venho aqui pedir urgentemente que alguém me explique o caso das supostas suspeitas de que o Governo liderado por Sócrates, andava a espiar a presidência da República. afinal, havia ou não escutas? afinal foi ou não a presidência da república que lançou as suspeitas? se, eventualmente, não foi a presidência da república que lançou essas suspeitas, qual a razão porque não desmentiu a notícia logo que ela saiu? expliquem-me, por favor. ou não se fala nisto porque não convém ao jornalismo, sempre adoradores da figura de sua excelência. não entendo tanta perseguição a uns e tão pouca a outros. já do caso BPN, tanto que há para explicar..