quarta-feira, 29 de junho de 2011

grécia nossa!

o parlamento grego aprovou com 154 votos a favor, dos 298 deputados presentes, um novo plano de austeridade, com medidas bastantes exigentes. todos, mas mesmo todos, os europeus têm que ficar satisfeitos com esta notícia. o desmoronar da grécia, que ainda está longe de ser evitado, teria consequências nefastas para portugal e poderia ser o princípio do fim do projecto europeu. a situação é dura, compreendo que os gregos estejam cansados e percebo aqueles que acham que a solução poderia ser tomada por outra via, como é o caso de mário soares. esta é aquela que os actuais líderes europeus decidiram seguir, que se faça o caminho. as notícias começam a ser positivas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

nunca acabes..

como já referi neste espaço, eu adoro transportes públicos. gosto de espaços onde tudo e todos podem estar presentes, como num simples livro, por exemplo. quando viajo de metro, o que acontece frequentemente, e quando passo na estação do saldanha, o que também acontece frequentemente, não fico a olhar para a porta mais próxima, a ver quem entra e sai, como é normal acontecer nas outras estações, mas fixo-me nas paredes do metro, nas frases que elas ostentam. há uma que gosto especialmente: "as pessoas que mais admiro são aquelas que nunca acabam". esta frase, que nos foi legada por almada negreiros, reflecte tudo aquilo que eu penso sobre os outros, aqueles de quem gosto. gente imprevisível, surpreendente, irreverente, pessoas que têm sempre mais um sorriso, mais uma expressão, pessoas que sabem o valor do bem e do amor, da loucura e da boémia, pessoas grandes, que sabem ser anjos e diabos, consoante as situações.

terça-feira, 21 de junho de 2011

COELHOS DA PÁSCOA...

Paula Teixeira da Cruz, ex-mulher do presidente do Millennium BCP (vulgo banco dos ricos) Paulo Teixeira Pinto, afirma-se como uma das novas superministras indigitadas pelo correctíssimo e fidelíssimo Chefe Cavaco Silva, cuja baba lhe cai do queixo em tropel, fazendo olhos tilintantes à nova mestre da (in)Justiça, relembrando os tempos em que, apesar de feio que nem um camelo do Saara, ainda atraía atenções de mulheres analfabetas e outras mais jeitosas que os anos rosa do seu primeiro-ministério lhe achavam, e cujos atributos físicos são cobiçosa e secretamente invejados pela rainha das causas e sua esposa de aparências. Arrebanhou todo um rol de papéis enfiados à força numa secretária com o aspecto de quem acumula orgulhosamente participações estatais e académicas de franca importância para o Conselho Superior da Magistratura e Câmara de Lisboa, e não perdeu tempo a dizer o "sim" ao seu novo querubim Troca-o-Passo, cujo discurso foi hoje deveras iluminador. Armado em coelho da Páscoa, exalta as nobres qualidades da já velha socialite do PSD, e as suas sátiras jocosas sobre as figuras do Executivo torpemente atirado ao ar e cuja reputação se determinou a ajudar a sanar, confiando-lhe aquilo a que muitos já não vêem como sendo uma ordem social, a Justiça. A dedicação com que surge neste pódio será certamente suplantado pelo fulgor glamouroso de suceder ao afilhado, como vice-presidente do partido laranja, caso lhe encomendem demasiados ralhetes que ficam mal no jornal Sol e outros tantos, para lhe refrear a cabeça quente pelas ideias novas, assombradas pelo totalitarismo dantesco nele desperto e que as nossas pedras das calçadas não esquecerão facilmente. Se ela ama, não é à Pátria, mas sim à segregação em todos os níveis, da qual será o engenhoso cérebro: brilhantemente engendradas pela cacofonia de desesperados pelo assento mágico e de aspecto austero do hemiciclo, estão já distribuídas as mais diversas campanhas anti-liberais e anti-socialistas pelos seus arquitectos da Direita moderna. Os gays e lésbicas deste País (segundo o Correio da Manhã e o Público, pelo menos um milhão e meio, à solta e no armário, cuja mente o tempo entorpece e a língua desacredita - só 15% da população?! admira-me que o INE não saiba da missa a metade, eles que tudo sabem...) vão passar a ser hereges declarados, sanções de índole inquisitória e arquétipos conservadores cuspidos serão mascarados pelo falso altruísmo desta culta senhora, bem ao estilo da Igreja Católica Apostólica Romana (e da portuguesa, salvo seja), as minorias religiosas vão ser exploradas, e os criminosos de colarinho branco, como o compadre Ângelo Correia, permitem-se continuar a ir ao sábado de manhã dissimulados em pólos da Zara e calçanitos de linho fazer compras ao Colombo ou ao Saldanha. Os desfavorecidos amontoar-se-ão à porta do Ministério que tutela os tribunais de forma alarmante, e os processos a favor dos réus ao invés dos lesados (ai a canção da Desgraçadinha!) passarão a ser executados de uma maneira quase vertiginosa e pidesca, misturando porcos com cigarras, sequóias com nenúfares, chocolates com pudins.
Tanto que promete... e tão pouco há-de cumprir. Siga o exemplo dos Julgados de Paz. Levam em média 60 dias para dirimir conflitos de interesses, desde a entrada do requerimento da acção nos assentos daqueles muito modernos complexos que cabem em prédios de habitação, até ao momento em que o juíz de paz brande o martelo e condena implacavelmente os demandados sem se compadecer com "habeas corpus" articulados por cima do joelho, se estes tentarem engrossar a sua podridão ao recusar uma mediação que se pode sempre afigurar pacífica, fora o "high-spirit" de alguns portugueses com tiques marcelistas com o propósito enriquecedor de achincalhar. Não falemos de tiques, se calhar, não é boa ideia, visto que enrolar o cabelo e arrasar as empregadas dos cafés da Liberdade são o passatempo preferido da pobre mestre, e ela assim, além de acumular ordenado de ministra com funções executivas em órgãos nacionais e europeus de gestão e outros negócios obscuros (de mau grão nunca bom pão, lembrai-vos, leitores), exige ainda uma choruda avença por publicarem aspectos da sua existência infecta, sob pena de ir fazer queixinhas ao lacaio dos Assuntos Parlamentares para inibir constitucionalmente o direito à informação nessas vertentes, apressadamente promulgado pelo avô cantigas do Palácio de Belém, guardado por aquelas pobres cavalgaduras, de corpos robustos e trabalhados quase a escopro e a cinzel, e cornos habilmente pendurados sobre a cabeça que está farta de comunicar ao resto do corpo se já não ganhou varizes e caruncho de tanta hora que naquela soleira fica plantado. Eu é que devia ser chamado a gerir a pasta da Justiça. Despachava funcionários incapazes e imbecis, corria com os cães e a canalha, fanfarrões e malandros, abria um mega-concurso público no território nacional de cem mil pessoas para trabalhar nos tribunais, no magistério e nos órgãos consultivos e policiais, a par com o MAI, e assim as instâncias percorriam-se com a rapidez de uma flecha; às escadarias dos palcos da tribuna, infelizmente, não se lhes conhece mais do que a amizade com os caracóis, petisco muito apreciado pelos habilidosamente qualificados para muito pouco ou nada fazer. A seguir, se o Professor Álvaro me pedisse para opinar, diria para enfiar o seu nariz descomunalmente grande na sua pasta e que, se quisesse ajuda, pensasse em aumentar as exportações, criando fábricas, empregos e subindo os salários mínimos via DR, que afinal, continua a ser o único ainda de respeito pela sociedade. Já não haveria móbil de queixas para isso, nem falta de competitividade, concorrência, usufruto socioeconómico, emprego, poder de compra e milhentos outros parâmetros que fazem hoje pelo mau aspecto delícias e água na boca de miúdos e graúdos, sem sentido de Estado ou cidadania.
Ah, voltando ao que estava aqui a magicar... não se esquecem da declaração de guerra à comunidade cigana, nem da expulsão dos judeus de volta ao Monte Sinai, decerto. Mas eu sou português, acontece aos melhores e, portanto, posso celebrar o Yom Kippur com a efusividade que quiser, ou organizar o mais barulhento Hanukkah de sempre... e fá-lo-ei (adoro quando me sai este sorrisinho melífluo misturado com ódiozinho de estimação pelos lábios fora), quando os ovos da Páscoa se escaqueirarem no chão pelo fim de 2011, visto que o coelho desertou e deixou portas a bater, num escândalo de iliteracia, corrupção descarada, despotismo, despesismo, atraso mental e civilizacional, e gestão danosa; uma receita perfeita mas recheada de veneno para quem projectou a orelha na direcção da melodia encantadora do recém-chegado inquilino a São Bento. O pior é que leva para aí seis meses a cozer.

PS - Doutora Paula, quantos kits de maquilhagem oferece à AR? É que para aquelas cinco mulheres de grandes tomates chegava um, e sobejava :) Mas se quiser sempre pode elaborar um despacho que contemple a pena de prisão de 30 dias e coima entre 50-500 euros às suas malditas secretárias de Estado e escrivãos febris e caquécticos que depositarem a lancheira no Ministério, atrevendo-se a picar ponto sem um quilograma de pó compacto na cara... só custa 8,90€ na Sephora do Vasco da Gama, e estão em saldos, aproveite. Faça campanha com isso quando lhe der um lampejo de génio e processar o tarado do seu ex-marido por clientelismo político e cartelização bancária, (isso sim, é prevaricação) que seria resolvida de forma estupidamente fácil se eu estivesse no seu adorado lugar, a braços com o Economista-chefe. Se preferir poupar-nos, porém, a um desastroso desaire sem precendentes, aborreça-se, peça um desconto ao seu compincha da TAP e parta para a sua terra natal, ou ajude a Mariazinha das Neves na campanha presidencial de São Tomé, vós que sois mui poderosas e virtuosas mulheres...

(Alguém por acaso já reparou que as ministras deste Governo são todas pretas? É que assim vão dar uma de Hitler ou Mussolini e renegar as origens :)

Seja Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amén. Shal'lom :)

um novo ciclo

não escrevo neste espaço desde a semana que antecedeu as eleições legoslativas, no dia 5 de junho. apaixonado pela política, tive o meu período de nojo (mais fácil do que inicialmente julgava). sócrates perdeu, um novo ciclo político, sempre de louvar. passos tem que ter o apoio de todos nós, uma vez que, o seu sucesso será o nosso sucesso. não gosto de quem olha para a política como "nós e os outros", normalmente não se presta um bom serviço, quando assim funciona. temos divergências políticas de fundo, é certo, discordamos em questões essenciais como a educação, a saúde ou a segurança social, mas acima disso tudo, está algo, incondicionalmente mais importante, que é a democracia. podem-me dizer que as pessoas quando votaram psd, não tinham noção da sua agenda neoliberal, o que eu concordo, mas as pessoas decidiram no dia 5 de junho que queriam passos e o seu programa, o que me leva a respeitar, sem objecções algumas, a legitimidade do novo governo. cá estarei para mostrar a minha opinião, o que acho que poderia ser feito de forma diferente, mas meus amigos, acima de tudo a democracia, o respeito pela decisão da maioria. daqui a quatro anos, se tudo correr bem, iremos votar de novo. aí as pessoas irão reflectir e perceber se acertaram na escolha ou se preferiam diferente. eu acho que sei a resposta, mas acredito que ainda me posso surpreender. como não olho para a política como um jogo de futebol, seria algo positivo, para todos nós.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

EXÉRCITO DE SÓCRATES...

Muitas vezes, nestes dias que antecedem a chegada do solstício de Verão, pergunto-me como será, no âmbito do meu anterior julgamento neste blog, como será dispender os nossos dias à porta de casa ou na esplanada do café, assistindo ao subir do Sol no nosso lindo céu português e manter trajo curto, num convite à brisa inexistente que teima em não nos apaziguar o quente do corpo flácido e de veias dilatadas. A simpatia pelas ruas é bem maior nesta altura, embora não ocorra pelos melhores motivos. Os portugueses vivem com o seu nome nas bocas do Mundo e, com efeito, amargurados, tentam desesperadamente encontrar propósitos para a sobrevivência que, não raras vezes, apelidam de desinteressante. O desinteresse, meus caros leitores, é extremamente relativo, tão relativo como os Teoremas da Incompletude de Gödel e da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Eu arranjo tempo para trabalhar, para estudar, exercitar-me, visitar familiares, confraternizar com os amigos, reuniões do PS, marchas a monumentos e concelhos de Portugal, causas solidárias e toda uma parafernália que levaria horas infindas a descrever.
Espero que Sócrates partilhe desta minha humilde opinião. O celibato político por que acaba de enveredar, mercê da torpe e suicida sede de poder evidenciada por todos aqueles que falam à Direita (será do Pai?), é uma manobra inteligente para dar tempo ao povo de relembrar os seus mais altos valores, os seus séculos de independência, o legado dos Descobrimentos, e o mais importante de tudo, dar espaço à Comunicação Social para desferir ininterruptos ataques exorbitantes de mal-dizer contra o nosso... líder, será um termo adequado. Francisco Assis remexe-se certamente no covil parlamentar, com um incómodo pior do que o causado pela urticária, lembrando-se fora de tempo que António José Seguro sempre primou pela humildade e sincero empenho, facto que engenhosamente lhe permite gozar actualmente de um confortável favoritismo dentro do partido. Os velhos dinossauros acham que sangue novo é sublime, é confortante, e eu partilho dessa conversa fiada. Muitos se esquecem de princípios ideológicos e psicológicos com a mesma facilidade com que esqueceram da gestão ruinosa de Durão Barroso e Santana Lopes, mais o chorrilho de asneiras que Manuela Ferreira Leite proferia (com ou sem senilidade), para gáudio dos mais derrotistas. Relembrem-se... temos no PS vozes que ficarão para sempre no nosso coração. Maria de Lurdes Rodrigues, com a sua determinação inabalável, conquistou o mais que merecido reconhecimento na FLAD. Maria Helena André, que com tanto empenho e dedicação retirou o açaime dos corruptos e rosnou aos sindicatos de má rês, sem pôr em causa as suas próprias convicções, correndo com patronato imbecil e precursor da ilicitude e escarrapachando em cima da mesa 219 000 empregos que ninguém pega. Conveniente, não é? Ana Jorge, que aprendeu depressa como lidar com a incompetência, conseguindo quase in extremis dividir-se em trezentos clones dela própria para assistir com olhos de ministra sábia a balbúrdia em que colocaram os hospitais, e arregaçar as mãos para resolver tão ingrato legado. Fernando Teixeira dos Santos, que tão a custo impediu a bancarrota de atingir Portugal de modo indelével, resistindo à sabotagem da praça financeira e fazendo entre nós e os capitalistas um escudo invisível, no qual restaram graves mazelas que o tempo há-de curar, se Deus quiser. Dulce Pássaro, que mostrou dotes de negociata e esteve sempre presente em todo o tipo de investimentos e poupança ambiental com um comportamento praticamente mecénico, brilhante. Já, por outro lado, vêm aí as coligações reles e cobardes do centro com a direita, que é aquilo de que dispomos. O português contenta-se com caras larocas, para um mês depois poder massacrar o Governo com a língua afiada à força da arte do bem-falar e do mal-fazer. Pedro Passos Coelho aprendeu o secretismo e as mentiras no colo da mãe, e soma e segue com práticas de índole proibida que nos farão caminhar a passos largos para um abismo infernal. Apraz-me, no fim disto tudo, comunicar que, afinal, ainda há quem permaneça fiel ao "Exército de Sócrates": e aviso, não estou sozinho. Agora, é continuar a trabalhar com a mesma fidelidade e com o intuito de servir a Pátria, com base nos nobres valores do Socialismo que, hoje e sempre, serão a última voz, a palavra derradeira, o caminho último e atingível. Eu estou por aqui... e dedico-me o mais que puder. Se o meu Estado um dia me chamar à nobre profissão de gerir (não que isso esteja nos meus planos), é porque é pródiga a minha dedicação para isso, e a natureza... é líder.

BRANDOS COSTUMES...

"A velha descasca maçarocas no umbral da porta que dá acesso a uma das milhentas casas idênticas e de aspecto antiquado que ensombram as ruas da Estrela e de Campo de Ourique. Lamenta os joanetes que fazem prender o rabo rotundo a uma cadeira todo o dia, em geral, e a péssima visão, alegando ser a implacável idade a única responsável por isso. Chama a vizinha Albertina, e a Dona Miquelina à saída da mercearia, e não-sei-quantas mais "-inas" que dividem o tempo entre a afeição aos gatos, à choraminguice de uma reforma que não sabem gerir e do amor pelos netos e o chafurdar em fotografias antiquíssimas que o tempo amareleceu. Comentam, ávidas e sedentas de motivos para trocar por palavras os pensamentos corrompidos, segundo fazem constar, pelos muitos episódios dignos de Hollywood que lhes atravessaram o caminho durante os tempos áureos da sua vida. A Dona Lurdes, a matriarca rica que reside na mansão no final da rua, com o seu gradeamento verde-aquamarinho e estátuas que fazem lembrar os ditames lindíssimos da minha tão desejada expedição à terra da Santa Sé, palco de carnificinas mil que a História decidiu repetir ad nauseam, como se de um diabólico jogo de cadeiras se tratasse, não lhes (como é a expressão na moda desta juventude que se diz à rasca)... passa cartão, assim é que é, nada deve macular o seu bom nome e prestígio de uma família que em tempos idos foi mui fielmente admitida por el-Rei D. Carlos, o Diplomata e que, de cuja existência, actualmente, não lhe restam senão resquícios de memórias de família e diários putrefactos, que contam a história de outra maneira. Tampouco, conversar com aquelas plebeias jurássicas que se acotovelam todos os dias ao balcão da boutique de pão da esquina, para saber quem são os mortos do dia e mordiscar uma torrada seca.
No final da rua, está o Joãozinho das obras, mente obstinada que grita com a mulher porque lhe falta o álcool em casa; no entanto, na taberna, será difícil obra não satisfazer esse requinte vicioso até onde o fígado e a boca lho permitirem. O futebol, mui nobre e supremo desporto-rei, é o tema dominante, que por meio de portas e travessas, um alvitrar aqui e um redarguir ali acendem as mais que gastas acendalhas da discussão sobre o contrato milionário de Fábio Coentrão pelo Real Madrid ou sobre a injustiça do árbitro que ditou a derrota reiterada contra a Grécia, faz já não-sei-quantos anos. No meio dos guinchos de índole quase zoológica e do estrebuchar entre mesas imundas e chão escorregadio devido à escorregadia mão de quem já perdeu o norte há muito, uma alminha farta do convívio alcoólatra dispensa-se a si mesmo e decide fomentar a sua coscuvilhice, rodando os polegares dentro dos bolsos, qual figa, à falta de melhor ocupação. Ao passar pela avenida, nem reconhece o valor belo do céu azul ou do chilreio incessante dos pássaros que aqui e ali brindam crianças satisfeitas e enroladas em brincadeiras de gaiatos para quem tudo é uma descoberta, uma novidade fantástica. Entra pela porta reluzente da boutique de pão, e observa o televisor a regurgitar as ignomínias levadas a cabo contra os cidadãos pelo Governo socialista, e essa abominável forma de comunicação social estende-se como um vapor denso e liquefeito até à esplanada banhada de sol, onde famílias enchem todas as cadeiras metálicas já cansadas de servir de prateleiras para aqueles rabos gordos. Discute-se política na mais pobre das versões, num ruído tonitruante do infecto do mecânico que, muito convicto, considera ser culpa do Governo os desgraçados dos receptores de RSI não terem emprego, brandindo o jornal no nariz dos vizinhos que o ouvem de forma quase hipnótica. Nem sequer se dá, por um momento, conta de que os seus filhos tropeçam nas pessoas e mascam batatas fritas com regozijo, como se isso fosse o alimento mais prazenteiro e saudável do mundo, as mulheres, vulgo galinhas, falam mal da irmã da colega de trabalho porque adquiriu um iPhone e do marido que comprou um automóvel de cinco lugares melhor que o delas, porque ele é um pé-rapado que não tem onde cair morto e deve ter contraído um empréstimo ao banco para comprar uns cortinados de dez euros e servir a mesa à família toda a semana, já que a esposa, muito servil e competente, advoga apaixonadamente que os números do INE são claros, e nem para ela, portadora de três brilhantes canudos obtidos pela Nova de Lisboa a custo, existe uma função adequada, visto que é uma desonra e uma perfídia oferecerem-lhe um terço do salário a que tão mal estava habituada. Gucci para quê? Agora nem para canja de galinha.
E é assim o triste e fiel retrato da sociedade portuguesa. Diaboliza a esquerda e responsabiliza-a pela sua falta de capacidade de economia e gestão, de instrumentalização dos seus haveres, e pela sua constante e repetitiva incompetência enquanto actores sociais. Agora... a direita deles que os governe, já que tão sábia se afigura. Continuai, senhores, com o mesmo savoir-faire de sempre... e vereis onde pára o barco que um dia descobriu a Taprobana."

novo inquilino

tem-me sido difícil escrever no blog, por várias razões, o que me deixa um pouco triste, uma vez que, gostava que o blog fosse actualizado mais frequentemente, mas também por todos aqueles que visitam o blog frequentemente, não havendo nenhuma novidade. nesse sentido, decidi convidar alguém para me acompanhar nesta tarefa difícil, mas estimulante. hélder almeida, 23 anos, socialista, sendo este o ponto de partida para este conhecimento, que se aprofundou devido à sua inteligência, cultura, versatilidade de conhecimentos e história de vida apaixonante. trabalha desde os 14, vive só desde os 16, acaba o secundário com média de 18, ao mesmo tempo que trabalhava, não tendo ainda possibilidades económicas para frequentar o curso de medicina que tanto ambiciona. enquanto o sonho não se torna realidade continua a sua busca incessante por mais e mais conhecimento. aceitou o meu convite, o que agradeço, sabendo eu que servirá para engrandecer o blog. ficamos todos a ganhar, penso eu. espero a vossa opinião. brevemente, também eu voltarei a publicar um novo post. até já!