sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Velha Senhora!

Há várias coisas que me irritam, que me tiram do sério, que não consigo ouvir sem responder.
"O que faz falta é um Salazar!", "No tempo do Salazar as coisas não eram assim" e frases do género que demonstram o Portugal atrasado e deprimido que ainda hoje temos.
Não se lembram como era o Portugal de Salazar? "Era a miséria eternizada, de pé descalço, de pais para filhos. Era a PIDE, o Tarrafal, Caxias, gente presa e torturada a meio da noite só por pensar de outra maneira. Eram os livros e filmes proibidos, as mulheres impedidas de dar um passo sem a assinatura de um pai ou marido, a guerra colonial obrigatória, a amputação, a morte. Lembram-se?" (Inês Pedrosa).
Infelizmente não era nascido a 25 de Abril de 1974, mas imagino a felicidade de homens e mulheres que lutaram para aquele dia acontecer, que sofreram na pele os horrores do fascismo, que viram os seus filhos, irmãos, pais, morrerem numa guerra estúpida.
O Portugal de hoje não é perfeito, muito longe disso, mas pelo menos dá-nos a oportunidade de sermos nós a escolher o que fazer Dele.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ó GENTE DA MINHA TERRA (3)

Na vida cruzamo-nos com muitas pessoas. Os amigos da infância, os amigos na escola, no trabalho, os amigos da noite. Alguns ficam, outros vão. Há também aqueles que por muito que se afastem permanecem sempre.
Hoje venho-vos falar de alguém que marcou indiscutivelmente a minha adolescência e o meu crescimento. Chama-se Ana Lameira e criei uma amizade com ela, que embora não tenha o fogo que tinha há alguns anos, posso dizer que foi com ela que tive a maior amizade de sempre. Numa altura da minha vida, em que trabalhava com os meus pais, ela era a irmã que nunca tive.
Praticamente tudo o que fazia dependia dela, os seus conselhos eram Sagrados.
Houve sem dúvida um momento que marcou o esmorecer desta amizade. O dia em que José Sócrates venceu as eleições legislativas com maioria absoluta em 2005. Por um erro qualquer, eu não pude votar, e por um erro ainda maior, criamos uma guerra infantil com o presidente da Junta da altura, que é o marido desta amiga. Desde aí tudo piorou, é verdade.
Mas óbvio que o carinho, a amizade e as recordações se mantêm e acredito que há sempre uma oportunidade de as coisas voltarem a acontecer.
É verdade que as coisas neste momento não são como eram antes, mas acredita Ana, nunca senti por ninguém uma amizade, como aquela que senti por ti naquela altura. Já lá vão uns anos. O carinho mantem-se e só te desejo a maior das felicidades e que um dia ainda iremos voltar ao que éramos. Acredito que pode ser possível.
Peço aqui publicamente desculpa por tudo e acredita que não escrevo isto por favor!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dissertação

O símbolo do Benfica é uma águia, do Sporting o Leão, o Porto é simbolizado pelo Dragão. Poderia continuar a enumerar clubes e terras que têm como símbolo um animal. Penhascoso não tem nenhum. Mas poderia ter. Será uma luta que eu irei travar enquanto Presidente de Junta. Quero que o Ganso passe a ser o símbolo do Penhascoso, da minha terra. Todos nós, jovens de Penhascoso temos uma grande ligação a este animal. Entrou nas nossas vidas atavés de um amigo nosso que com grande amor faz criação desta ave da família Anatidae, onde se encontra também os cisnes. Embora muitos de nós não tenhamos conhecimento desta informação, são mais de 40 os tipos de Ganso, sendo que o mais predominante na nossa terra é o Ganso-do-Havai. Quantas saídas perdidas, quantos jantares adiados devido aos gansos.
A criação de Gansos no Penhascoso está em expansão e ninguém me tira da cabeça que pode ser o futuro desta terra.

Adenda: Jamais me dêm Ganso para comer.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sem Ideias!

Já desde a última quinta que não coloco um novo post no meu blog. Óbvio que gostaria de o manter mais actualizado, mas apesar da pouca paciência ando sem ideias. Alguém quer dar ideias?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Esta é a música que se exige neste momento!

Todos devem estar à espera de palavras de apoio, frases bonitas e essas coisas banais que se escrevem nestas alturas. neste momento só tenho palavras de revolta. Por isso deixo-vos esta música do Jorge Palma que me diz tanto. Dedico a ti e a todos os que nos quiserem seguir nesta caminhada.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Votar outra vez em branco?

Quando se realizou o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez votei em branco. Não me achava, na altura, consciente sobre a matéria que estava a ser referendada. Com o anúncio da candidatura de Manuel Alegre prevejo que volte a repetir a experiência de votar em branco.
Sócrates, por muito que lhe custe, irá apoiar a sua candidatura e assim teremos um duelo Esquerda/Direita ao mais alto nível.
Aproximo-me mais dos ideais de Esquerda, é sabido, mas dificilmente irei votar em Manuel Alegre, um homem que tem um ego muito maior que as suas reais capacidades políticas e que colocou sempre os interesses pessoais à frente dos do partido que o mesmo representou durante várias décadas.
Reconheço grandes qualidades a Manuel Alegre. É um poeta exímio, brilhante, sofreu bastante com a ditadura e deu sempre a cara por aquilo em que acreditou, mas sem ser como deputado, teve muito poucas responsabilidades políticas e vive muito mais da sua imagem do que daquilo que politicamente realizou.
Nas últimas presidenciais apresentou-se a eleições contra o seu "amigo" Mário Soares e contra o seu próprio partido. Na legislatura anterior votou contra o seu partido várias vezes. Tem liberdade para isso, mas por favor, querer depois o apoio de quem criticou ferozmente?
Sócrates vai engolir o sapo. Não quer perder o partido e Alegre arrisca-se a ganhar. Se tal acontecer irei sorrir porque a esquerda venceu, mas ficarei amargo porque foi um adversário do PS que terá ganho. Perante isto vou cumprir a minha obrigação enquanto cidadão, votar. Outra vez em branco.

domingo, 17 de janeiro de 2010

TEXTO QUE GOSTARIA DE TER ESCRITO (4)

Mais um grande texto de FErnanda Câncio, publicado na coluna Sermões Impossíveis da revista Notícias Magazine do DN, que não posso perder a oportunidade de aqui publicar.

"Escolhemos os nossos amigos por muitas razões. Podemos até fazer listas infindáveis sobre razões – termos crescido juntos, gostarmos da mesma música ou dos mesmos livros ou dos mesmos filmes ou da mesma estética em geral, termos o mesmo sentido de humor, termos passado por coisas importantes ao mesmo tempo, termos as mesmas ideias sobre o mundo e as pessoas e as pessoas no mundo. No limite, porém, por mais fundamental que tudo isso seja, não chega para fundamentar essa coisa extraordinária que é ter alguém em quem podemos confiar e que pode confiar em nós, alguém a quem sabemos que podemos recorrer sempre e que, esperamos, nunca nos deixará cair.


A ideia da predestinação, tão associada ao amor e à sua biologia (uma predestinação aliás estranha, quando pensamos em todos os amores não correspondidos, infelizes e/ou desadequados – no sentido de nada haver de comum entre os amantes -- em que já tropeçámos na vida) costuma andar arredada da amizade. Não é comum elucubrar-se sobre pessoas feitas umas para as outras no que aos amigos respeita – há a noção de que a amizade é uma ligação assente na razão e não uma revelação metafísica como a do amor. Peço licença para discordar. Creio que a ligação a que damos o nome de amizade tem muito mais em comum com a paixão que o que estamos em geral dispostos a admitir. Há um momento no amor em que percebemos que amamos – pode ser qualquer coisa, importante ou sem relevo, de uma frase a um olhar ao esplendor da carne – e o mesmo sucede com o momento em que o reconhecimento da empatia com alguém nos faz chamar-lhe amigo. Como no amor, há na amizade traições, altos e baixos, fins e recomeços. Como no amor há ilusões e desilusões, desapontamentos, quedas e deslumbramentos. Ao longo de uma relação entre amigos estamos sempre, como numa relação de amor (se a relação prestar para alguma coisa, bem entendido) a redescobrir motivos para ela, a valorizá-la, a celebrá-la. Nem todos esses motivos são tão transcendentes como uma certificação de lealdade (e se sem lealdade não há amizade, certo é que todas as grandes amizades têm os seus momentos de dúvida, de falta, de falha, até de traição). Às vezes são só confirmações disso que se sente como predestinação. Descobrir, por exemplo, que aquela nossa amiga tem exactamente as mesmas manias que nós, manias tão improváveis e bizarras que nunca nos teria passado pela cabeça alguém poder partilhá-las. Ódios de estimação – de Dire Straits e Phil Collins a cortinados, de relógios de pulso a nacarados --; pancadas monomaníacas, como fazer colecção de sabonetes de hotel ou só gostar de verniz de unhas escuro; gostos rigorosamente idênticos, como os que ocasionam compras separadas absolutamente iguais ou o decorar do mesmo único poema.



Claro que com o tempo os amigos tendem a acertar sentimentos e escolhas, a influenciar de forma subliminar, intangível, os gestos e as cosmovisões: a convivência torna-nos sempre mais parecidos. É porém nos hábitos e peculiaridades que já traziam consigo que mais nos maravilhamos com os encontros. Não como se o que procuramos e nos apazigua nos outros fosse uma outra versão de nós, mas como se as semelhanças nos certificassem que estávamos destinados a encontrar-nos e a fazer alianças. Que, afinal, existimos uns para os outros, e que de outra maneira dificilmente faríamos sentido. Que é isso mesmo que fazemos com os que escolhemos e nos escolheram: um sentido. Como quem diz um caminho – uma estrada. E se não podemos nas portas estreitas (e são tantas) passar em companhia, que haja quem connosco odeie cortinados e dance Blondie.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ó GENTE DA MINHA TERRA (2)

A primeira característica que salta logo à vista é o facto de ser bastante corcunda. As pessoas da minha terra que lerem isto já sabem de quem estou a falar. Sim, é uma pessoa popular. Não lhe conheço a idade, deve rondar os 55. Conhecido por Bimbo, o Ramiro, começou a ganhar o meu respeito quando eu comecei a crescer e não quando eu me ria das suas piadas "brejeiras", as suas "bacoradas" e "tonteiras". Trabalhava de noite numa padaria - não a minha - e de dia trabalhava para um construtor civil como motorista de camiões. Não sei a razão de tanto trabalho, mas desconfio. O Ramiro criou sozinho dois filhos, acredito que tenha contado com a ajuda de muitas pessoas, inclusive da sogra, mas foi o suporte de duas crianças que cresceram e foram jovens e hoje são homens. Homens bem na vida e se o são muito o devem a eles e ao seu esforço, mas sobretudo ao grande pai que tiveram.
Não sei a razão - nem quero saber - pela qual a mulher o deixou e aos seus filhos, mas para o caso não interessa nada. O que quero realmente louvar é o esforço, a dedicação e o exemplo que deixou aos seus filhos, tornando-os grandes pessoas em todos os sentidos.
Escrevi este texto para homenagear o Bimbo, acho que ele merece.

Guilty Pleasures!

Miguel Guedes, vocalista dos Blind Zero, diz que cura a depressão a ouvir Quim Barreiros, Soraia Chaves confessa que adora o Bed of Roses dos Bon Jovi, Susana Félix não resiste a ouvir a música do camelo Areias. Todos nós temos um. Ou vários. Eu partilho o meu com o António Feio (as melhoras). Adoramos ouvir as Favas com chouriço do José Cid. Sem dúvida alguma que as músicas do José Cid são o meu guilty pleasure. Sei praticamente todas de cor e já fui a vários concertos. Não resisto a ouvir quando estou em casa, ou no carro, ou no mp3. Aprendi a gostar dele pela minha mãe, que me cantava as músicas dele quando era pequenote. A "Cabana junto à praia", "O dia em que o rei fez anos", "nasci para a música", "como o macaco gosta de bananas" são tudo canções que por mais tempo que passe irei sempre cantar e dançar quando as ouvir.
"Eu já sei muito bem/tudo quanto convém/para a praia levar/...", é assim que começa a música óculos de sol de Natércia Barreto. Este é outro dos meus. Assim como todas aquelas músicas dos anos 60/70/80 do Festival da Canção!
Há muita gente que não confessa mas que vibra com o Tony Carreira, ou que venera justin Timberlake.

Quais são os vossos pecados musicais? Vá não tenham medo de confessar?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Avanços e Recuos!

Portugal avançou com a eliminação das barreiras jurídicas que permitem o acesso ao casamento civil por parte de pessoas do mesmo sexo, mas recuou muito com as cedências aos sindicatos em relação à avaliação dos professores. Neste dia relembro aquela que foi a melhor ministra da Educação de sempre, Maria de Lurdes Rodrigues, que depois de tanto esforço e humilhação, viu todo o seu trabalho desaparecer num instante!

Portugal recuou mais nestes dias do que avançou!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

...

Na dor, nos momentos mais complicados em que perdemos alguém, o olhar, o engolir em seco e algumas palavras expressam bem mais que muitos gritos e muito choro.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desabafo!

Porque é que não deixamos de falar da vida dos outros? Não acham que cada um deve fazer dela o que entender, desde que não prejudique ninguém? Está na hora de cada um se meter na sua vida, por mais frustrante que seja, e deixar os outros ser felizes. cada um à sua maneira.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ó GENTE DA MINHA TERRA! (1)

Era por volta das 10h que chegavam os dois a minha casa para comprar o pão. Vinham de bicicleta. Um conduzia e o outro vinha sentado no quadro. Para mim era um grande momento. Eles ficavam sempre um pouco a brincar comigo, até às 11h30, hora em que tinham que regressar a casa, uma vez que, o pai estaria prestes a chegar para o almoço e eles não podiam estar ausentes.
Falo do Tó e do Pedro, claro, os dois irmãos, mas este post é para o Pedro, nunca esquecendo o Tó.
Não me apetece estar com meias palavras. Não sei se a família irá ler isto, mas aquilo que irei escrever é no meu entender, e sem querer ofender ninguém, a realidade. O Pedro não era um menino igual. Tinha dificuldades de expressão e de aprendizagem. Custa muito aceitar esta realidade e, parece-me, que os pais durante algum tempo recusaram-se a aceitá-la. Frequentou tempo demais o ensino normal, onde provavelmente percebeu que aquele não era o seu mundo, onde provavelmente terá sido ostracizado por crianças e jovens sem educação e a formação necessária para perceberem que há pessoas diferentes e que é necessário haver um mínimo de respeito pela diferença.
Só mais recentemente entrou numa escola para os meninos como ele, diferentes. E sei que lá ele é feliz. Está a aprender a fazer aquilo que ele sabe e que lhe dá prazer fazer.
O Pedro vale muito mais que nós que conseguimos ler este post, que conseguimos escrever o nosso nome, que conseguimos falar sobre política, literatura ou cinema. O Pedro, apesar da diferença, é feliz. É feliz à sua maneira. Com a sua horta, com os seus animais, com o seu mundo. E sabem é isso que me conforta.
Isto não é uma homenagem ao Pedro porque ele nem sequer irá ler isto é apenas para todos percebermos que ele merece muito, mas muito mais respeito, do que aquele nós lhe temos.

Ó GENTE DA MINHA TERRA!

Vou iniciar uma nova rúbrica neste blog. Com alguma regularidade irei colocar posts sobre pessoas da minha terra. As escolhas das pessoas não terão regra. Será sobre quem me apetecer falar num determinado momento. Vamos lá então dar início a isto.