quarta-feira, 23 de março de 2011

"agora ou nunca"

no congresso do cds, que se realizou no passado fim-de-semana, em viseu, paulo portas disse tudo: "é agora ou nunca".
a oposição tem consciência de que portugal estava no bom caminho, que depois do fmi não ter entrado em portugal, depois de uma execução orçamental brilhante, com um acordo extremamente favorável para portugal na zona euro e com as exportações portuguesas a darem cartas, pareciam reunidas as condições para sairmos desta situação extremamente difícil que estamos a atravessar.
a oposição, e sobretudo o psd, percebeu isso, então, a única forma de derrubar sócrates, seria inventar uma crise política, esquecendo o superior interesse de portugal.
ferreira leite disse, hoje, que o que se estava a discutir ali não era o pec e as suas medidas, o que estava ali em causa era quem as executava. o que ferreira leite disse é que as medidas apresentadas no pec iv eram as necessárias, mas que por virem de sócrates perdiam a sua credibilidade.
eu percebo a oposição. conhecem muito bem as potencialidades políticas de josé sócrates e que o melhor é afastá-lo o quanto antes, porque "é agora ou nunca".
passos coelho amedontrou-se perante a oposição interna e para não abrir uma crise interna, abriu uma crise política nacional que terá graves consequências para os portugueses.
cavaco diz que não teve tempo de intervir, ou seja, treze dias não lhe chegam para tomar uma posição, para falar aos portugueses, chamar os partidos, criar consenso. não lhe chegam porque não a quer. ele e o seu ar sonso, a sua atitude cínica, mostram que aquilo que ele diria ser - garante de estabilidade política - não passa de mera retórica. ele, que achava que o país não comportava uma segunda volta nas presidenciais, ajudou à festa, levando o país a novas eleições.
os portugueses não querem barulho nas ruas, não querem caravanas, não querem comícios, os portugueses querem políticos responsáveis, que defendam os portugueses e resolvam os problemas. todo este folclore vai ajudar a descredibilizar, ainda mais, a classe política. mas era "agora ou nunca". esta sofreguidão de poder vai sair-nos cara, mas o país pode esperar, o psd é que não!

terça-feira, 22 de março de 2011

terceira via

diz-se que os políticos não estão acima dos partidos, porque os políticos vão e vêm, enquanto os partidos permanecem iguais. percebo a ideia, mas repugno totalmente aquela lógica de de que os partidos devem manter-se iguais, fiéis à sua ideologia, não acompanhando a evolução dos tempos. olhe-se para o partido comunista, penso que dá para entender o que estou a dizer.
gosto de ser polémico, não me preocupando muito com as consequências.
sempre fui simpatizante do partido socialista, por uma variada ordem de razões, de ordem familiar, até aos meus 14/16 anos, depois de uma ordem mais racional, por o ps representar a esquerda, o campo ideológico que mais me preenche, mas o ps era o único partido que representava uma esquerda democrática, o que me levou a estar sempre mais próximo do ps.
sócrates veio mudar o ps e a forma de se fazer política em portugal, assim como a minha forma de olhar para a política. o primeiro político com uma ideia para o país. sabia o que queria, ao que vinha, enfrentou o défice deixado por santana lopes de uma forma brilhante e, pela primeira vez em 30 anos, o défice português esteve abaixo dos 3%, a economia começava a crescer a um bom ritmo e fez-se reformas importantíssimas neste nosso portugal, e as sondagens continuavam a dar uma larga vantagem ao ps, numas hipotéticas eleições. sim, antes de 2008, portugal estava no bom caminho. isto antes da crise económica e financeira internacional, aquilo que muitos gostam de ignorar.
sócrates representa a 3ª via, uma linha ideológica que ganhou uma forte expressão com tony blair, enquanto líder do "labour" e primeiro ministro inglês, mas bill clinton e gerard schroder também seguiram esta orientação ideológica. a 3ªa via, em poucas palavras, tenta conciliar o melhor de dois mundos, para os seus defensores, o melhor da direita e o melhor da esquerda. o título do meu blog refere-se a isso. eu sou um esquerdista e defendo uma sociedade mais livre, mais igualitária, mas ao mesmo tempo,considero que o estado não tem que ser assistencialista, deve procurar um estado que esteja presente quando necessário, mas que procure uma economia mais forte, longe de um estado totalitário ou minimalista. é preciso adequar o estado à conjuntura.
sócrates defendia isto e sócrates fez-me vibrar com a política (ainda faz) e decidi tornar-me militante socialista. não me arrependo de nada e estarei ao lado de sócrates até ao último momento.
o portugal democrático não conheceu primeiro ministro como sócrates. a história cá estará para lhe fazer justiça.
"realizo-me ao pagar as quotas do meu partido", esta frase foi dita por mário castrim. eu também me realizo, pelo menos enquanto sócrates estiver à frente dele.

quarta-feira, 16 de março de 2011

fmi. cuidado, ele vem aí

a crise política está instalada e não me parece que tenha remédio. a cimeira europeia foi um sucesso e estava afastada a ideia de o fmi entrar em portugal (aquela que era a única forma de o psd chegar ao pote sem a abertura de uma crise política directa).
sócrates foi chamado por merkel a berlim, onde a chanceler teceu os louvores necessários, referiu que portugal estava no caminho certo para sair da crise, mas se sócrates queria que os outros países autorizassem a flexibilização do fundo de estabilidade europeu, teria que levar à cimeira europeia novas medidas de austeridade, que garantissem aquilo a que este governo se propôs, nomeadamente na redução do défice.
sócrates levou as medidas, conseguiu os resultados desejados na cimeira, mas não o deveria ter feito antes de apresentar as medidas aos portugueses.
contudo, esta não pode ser a desculpa para se abrir uma crise política, porque isso será catastrófico para os portugueses. não é só a mudança de governo e a hipotética chegada de passos coelho ao governo, com os relvas, marcos antónios e menezes atrás, é sobretudo a chegada imediata do fmi a portugal. aqueles que defendem a intervenção do fmi não têm noção do que dizem. haverá mais recessão, mais pobreza, cortes nos salários, retirada de 13º mês e subsídio de natal, entre muitas outras mudanças.
a oposição, com o psd à cabeça, não quer aprovar este novo pacote de medidas, para o ano de 2012 e 2013 (devem pensar que o défice nos próximos anos descia por obra e graça de deus), que são difíceis, nem diz quais seriam as medidas que tomariam, mas não terão dúvidas em aprovar as medidas que o fmi vier propor, que essas sim, vão doer, mas a sério e as taxas de juro continuarão altíssimas.
estar na política exige responsabilidade e a defesa dos superiores interesses dos cidadãos, não na defesa dos interesses pessoais e partidários. passos coelho não está disposto a aprovar estas medidas e sócrates já afirmou que, nesse cenário, deseja eleições antecipados e que se voltará a recandidatar.
era bom que este governo, que tem legitimidade, conseguisse chegar ao fim da legislatura. a economia e os portugueses agradecem. tenho a certeza que olhando os dois cenários, a maior parte dos portugueses preferia continuar este caminho difícil que tem sido trilhado por todos.

sábado, 12 de março de 2011

a manif..

não era para ir à manifestação da "geração à rasca", contudo, devido a uma série de razões - não políticas - acabei por descer a avenida.
não era para ir por várias razões. em primeiro lugar, considero que esta manifestação não vai ter nenhuma consequência na prática. depois iria estar a pactuar com uma lógica dos partidos da extrema esquerda que é o de dizer mal por dizer, não avançando com qualquer ideia e proposta, limitando-se a ser do contra. todos sabem o que não querem, mas ninguém parece entender o mundo em que vivemos. é pena.
apesar de tudo, gostei de sentir o povo na rua. nunca tinha estado numa manifestação e achei que é interessante este fenómeno de nos unirmos em prol de uma causa. a força da rua é enorme - olhem para o norte de áfrica.
sim, as coisas não estão fáceis, mas mais fácil é o discurso demagógico e irresponsável da maior parte das pessoas que lá estavam.

sábado, 5 de março de 2011

carnaval

não tenho muitas memórias da minha infância. há quem diga que a nossa memória é selectiva, guardando apenas aquilo que nos marcou. então, poderei concluir que a minha infância me passou ao lado. esta conversa vem a propósito do carnaval e da ausência de memórias carnavalescas na minha infância. na minha memória não há fatos de pirata, nem de cowboy. não há memórias de desfiles, de máscaras, nem de balões de água. na minha memória dos carnavais passados há apenas o acordar cedo e ir ao jardim da aldeia ver o que os jovens levaram para lá, o que tinham conseguido roubar aos velhotes, as carroças, os vasos, os animais. algo muito peculiar, algo muito tradicional, algo muito nosso. apenas isto. talvez por isso não ligue ao carnaval e a disfarces. assim como não sinto necessidade de ir para a praia todos os verões, uma vez que, em criança só tive férias de praia um único verão.
para quem goste do carnaval, desejo-lhe bons disfarces, bons desfiles. eu irei procurar ir ao jardim da minha aldeia. chega-me.

quinta-feira, 3 de março de 2011

sócrates e merkel

mais um dia terrível para os grandes opositores a sócrates. a comunicação social passa a vida a anunciar que está próximo o fim do reino de sócrates, mas o anúncio do apocalipse nunca se realiza. é a vida. ninguém esconde que a situação é complicada, mas eu olho para a oposição e percebo a irresponsabilidade daquela gente, que não coloca o interesse nacional à frente dos interesses partidários. no entanto o psd começa a voltar à normalidade, com a oposição interna a revelar-se e a falar em "falta de consistência" de passos coelho, nas palavras de pacheco pereira e paulo rangel considera que "o psd não tem programa para a educação nem para a agricultura". enquanto isso, há quem faça o seu trabalho. sócrates. primeira redução efectiva na despesa nos últimos 15 anos. execução orçamental muito positiva. propõe-se a cumprir as metas do défice. aquilo que tem que ser feito. merkel sabe que o caminho é difícil e quis felicitar o seu trabalho, a sua coragem e as suas medidas dando-lhe o maior palco da europa. foi isso que ela fez. não sei o que se falou na reunião, provavelmente até serão notícias não muito animadoras para portugal quanto ao fundo de estabilização financeira, mas é óbvio para todos que sócrates está a fazer aquilo que tem que ser feito, tentando causar o menor dano na econoomia portuguesa.
merkel começa a perder o seu eleitorado, porque não querem que a alemanha continue a financiar o fundo de estabilização financeira, mas isso seria contrariar toda a lógica europeia, aquilo que os líderes europeus sempre quiseram. uma economia forte e solidária. resta a merkel ter a coragem suficiente e a europa conseguirá sair deste impasse.