segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Avançar Portugal!

Alguns deputados do PS já afirmaram que até ao final deste ano os casamentos entre pessoas do mesmo sexo serão aprovados na Assembleia da República.
A polémica tem vindo a aumentar, de um lado estão os que defendem que este tema não é importante nesta altura, que há coisas mais importantes para resolver, que depois do casamento virá a adopção e que o casamento tem por único objectivo a procriação, algo que não pode suceder nos casamentos homossexuais. Do outro lado estão aqueles que consideram que os direitos das pessoas são sempre importantes, que se trata de uma questão de liberdade, de igualdade, de respeito e de respeito pela constituição.
Uma coisa é certa. Algo tem que mudar. Não podemos ter uma Constituição que afirma que ninguém pode ser discriminado devido à sua orientação sexual e um Código Civil que refere que os casamentos só se podem realizar entre pessoas de sexo oposto.

Todos temos uma opinião acerca deste assunto.

Eu sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acho que todos devem ter a liberdade de escolher a pessoa com quem querem passar o resto dos dias. Podem escolher a pessoa que pode tomar uma decisão quando o outro estiver internado numa cama de hospital, alguém que pode herdar os bens do companheiro/a na hora da sua morte. Não se pode tratar os homossexuais como cidadãos de segunda, com menos direitos que os heterossexuais, porque estes cidadãos podem ser médicos e tomar decisões de vida ou morte, podem ser juízes e tomar decisões de culpa ou inocência, podem ser o Primeiro Ministro ou Presidente de República e tomar decisões de guerra ou de paz, mas não podem casar porque têm uma característica que os torna diferentes.
É uma questão de igualdade!Muitos defendem que se dê os mesmos direitos, mas outro nome, para esses eu deixo este vídeo maravilhoso dos GATO, um dos que que levou Ricardo Araújo Pereira a vencer o prémio ILGA.



Qual a vossa opinião?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Parabéns!

Depois de no último post ter feito referência a uma grande perda para Portugal, mas também para a ESTA. Hoje vou colocar aqui uma curta que fala por si. Uma curta dos alunos de Vídeo e Cinema Documental da ESTA que venceu o prémio CANON do Estoril Film Festival.
Parabéns Colegas!

domingo, 22 de novembro de 2009

Um grande homem!



Tive a sorte de conhecer o Professor Jorge Ferreira. Não foi mais um professor. Foi sem dúvida o professor com o qual me cruzei, que mais dominava a matéria que leccionava. Morreu cedo. Demasiado cedo para o comum dos mortais. Talvez na idade normal dos grandes homens. Das pessoas íntegras. Sérias. Justas. Por alguma razão se diz "só os bons morrem cedo".
Gostava de o picar. Gostava de debater com ele. Tínhamos ideias opostas, muito opostas. Em comum havia o amor ao Glorioso, embora o Jorge Ferreira fosse bem mais louco que eu. Recordo-me de Manuel Monteiro afirmar que só faltava "a campainha de casa do Jorge Ferreira tocar o hino do Benfica".
Aprendi muito com ele. Aprendemos todos muito com ele. Era duro. Não gostava de meias conversas e prezava o respeito e a boa educação.
Gostava de um dia lhe poder ter dito o quão importante foi conhece-lo. Desenvolveu-me o gosto pela blogosfera. Desenvolveu-me o espírito crítico. Tinha uma ironia genial. Um sentido de humor único. Uma capacidade argumentativa capaz de desarmar qualquer um. Não duvido que tenha sido um advogado brilhante.
Penso que depois da morte de Jorge Ferreira não irei mais perder a oportunidade de expressar às pessoas que respeito a minha admiração por elas.
Espero que para onde quer que fosse, que tenha levado um portátil para poder ler isto e para nos continuar a brindar com as suas brilhantes análises que foi fazendo na blogosfera.
Até sempre Professor. A vida sem si vai ser uma "maçada".

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O que realmente interessa...

Voltei a torcer pela selecção. Um seleccionador brasileiro, pelo qual tenho grande respeito, afastou-me de sentimentos patrióticos.
Há instantes festejei o golo de Portugal.
No momento em que escrevo, Portugal vence a Bósnia e tem o apuramento praticamente garantido. Mas lembrei-me de um povo que ainda há poucos anos vivia em guerra. Sarajevo foi nessa guerra dos sítios mais afectados. Sarajevo é a capital da Bósnia. Sarajevo é o nome de uma música que no próxima Verão espero poder cantar, gritar em memória de um povo. Obrigado UHF!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Os Nossos!

Todos nós temos um. Ou mais. Podem ser cantores, futebolistas, actores, políticos. Variam consoante a nossa idade, a nossa maturidade, os nossos sonhos. Lembro-me do meu primeiro ídolo. Decorria a época 1993/1994 e sentado na mesa de um café da minha terra assisti a um jogo memorável. O Benfica ganhou 6-3 em Alvalade com o hattrick daquele que seria o meu primeiro ídolo, João Vieira Pinto (aquele que se tornou ídolo de muitos, não é Louro?). Não passei a olhar para ele da mesma forma. Deixou de ser um homem naquele momento e passou a ser o único que eu considerava ser capaz de dar alegrias e títulos aos benfiquistas. Depois dele mais futebolistas se seguiam. Os meus filhos iam ter o nome daqueles craques, eu queria ser como eles.

Seguiu-se o Van Damme. Não sei quantas vezes eu assisti ao filme Força Destruidora. Não sei, mas as suficientes para ter as falas praticamente todas decoradas. Hoje é um senhor que me passa ao lado. Não sei se ainda faz filmes, não se ainda tem a mesma agilidade, a mesma força, mas naqueles tempos eu tinha um amigo que me vinha proteger sempre que eu precisasse e eu juntava-me a ele sempre que era necessário lutar contra o chung ly (penso ser assim que se escreve).

Na música tive vários ídolos. Mas há um que é intocável. Eu diria génio. "Teus olhos são cor de pólvora/TEu cabelo é o rastilho/Tua forma de andar é uma maneira eficaz de atrair sarilho/A tua silhueta é um mistério da criação/Mas sobretudo tens cara de Anjo Mau". Este é um simples exemplo daquilo que Jorge Palma faz. "Na Terras dos Sonhos podes ser quem tu és ninguém te leva a mal/Na terras dos Sonhos toda a gente trata a gente toda por igual". Pode ser um cantor banal, mas como letrista não tem comparação.

Fernanda câncio e Clara Ferreira Alves no jornalismo. Eunice Munoz e Dalila Carmo na representação. Rodrigo Leão na música. Estes são alguns daqueles que sonhamos conhecer. Um dia poder dizer pessoalmente o quão importante sao para nós. Que em alguns momentos da nossa vida foram essenciais.
Há textos, músicas, personagens que nos percorrem, nos consomem o imaginário. Vêm de gente como nós, mas parecem vir de alguém bem superior a nós!

Quem são os vossos?


domingo, 15 de novembro de 2009

Texto que gostaria de ter escrito (1)

Um texto mais que merecido, vindo de uma das pessoas que mais admiro, a jornalista FErnanda Câncio, em homenagem a António Sérgio, um Senhor da Rádio.

"não sei se já escrevi este post. andei anos a pensar escrevê-lo. em post, em carta, em telegrama, em artigo, em entrevista. é possível que tenha hesitado de mais. é possível que tenha soçobrado à impressão de que não tinha nada de facto para perguntar ou elaborar sobre ele. que estava, ou me sentia, demasiado próxima -- e que isso, que não me impediria de fazer um bom trabalho (não é, nunca é, por aí, pelo contrário) me deixava, como se diz em brasileiro, 'sem jeito'.



resumindo: este homem significava demasiado para mim para correr o risco de fazer figura de ursa a falar dele ou com ele. era aliás um pouco diferente de um homem: era uma voz, uma intensidade, uma revelação. durante meses -- anos? -- segurou-me e assegurou-me. ouvir todos os dias o som da frente, que passava muito tarde na rádio comercial, era um ritual inabalável. gravar cassetes, ligar a participar nos concursos para entendidos -- e que orgulho quando os ganhava, quando fui à rádio comercial buscar os prémios(um era o big science, da laurie anderson) --, nas votações das 'melhores canções de amor e ódio' (ganhou o wild thing, versão da siouxsie and the banshees), nisto e naquilo.



portugal era muito, muito diferente. aquilo que antónio sérgio passava no seu programa não estava acessível de outro modo. e aquilo que ele passava num programa à meia noite foi -- é tão difícil explicar isto a quem tem hoje 18 anos -- fundamental para um processo de formação identitária de uma série de pessoas, entre as quais me conto (as outras conheci depois, e esse conhecimento aconteceu também em consequência da música). um processo de descoberta de um mundo do qual nos sentíamos parte e que se traduzia em bandas, vozes, guitarras. uma espécie de revolução cultural, estética e filosófica semi clandestina que fez gente de todo o país sentir que algures havia alguém que sentia, via e queria dizer exactamente o mesmo que sentíamos, viamos e queríamos dizer.



gostava de ter dito isto a antónio sérgio alguma vez -- o quanto ele foi importante para mim e o quanto ainda sou hoje e provavelmente serei sempre uma consequência daquilo que me deu a ouvir noite atrás de noite -- mas nunca fiz a oportunidade. agora passou.



gostava de lhe dizer que foi ele que pela primeira vez me deu a ouvir isto, e depois tudo o que isto implicava (a história da banda que são os new order e as canções da banda que lhes deu origem). e que esta é ainda, tantos anos depois, uma das minhas canções favoritas -- como a voz dele. heaven knows it's got to be this time."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009