quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ó Gente da Minha Terra (4)

Como a maior parte de vós sabe, o meu irmão desde muito novo esteve problemas de saúde, o que o levava a passar algumas temporadas internado. O hospital de Santa Marta, em Lisboa, foi durante algum tempo a sua morada, onde ele ficava acompanhado pela minha mãe. Com isto, já devem pensar que este post seria dedicado a ele - bem que o merecia - mas não, este início serve para vos fazer perceber melhor a importância que a Lurdes tem e teve para mim, nomeadamente quando era muito criança.
A Lurdes, a minha vizinha Lurdes, foi sem dúvida alguma a minha segunda mãe. Nas ausências da minha verdadeira mãe, era ela que me alimentava, era ela que me lavava, era ele que me acolhia, era ela que me ajudava na escola. Com a minha mãe e o meu irmão fora, com um pai ausente e desligado que se refugiava muitas vezes no álcool, era para a casa da Lurdes que eu ia depois da escola e ficava até o meu pai me decidir ir buscar, sempre depois de eu já ter adormecido no sofá e até ter feito chichi enquanto dormia, tendo ela que passar a vida a lavar as almofadas do sofá. Muitas outras vezes, ela foi um grande apoio, nomeadamente, quando eu caí de um terraço e desmaiei, a Lurdes que vinha com um saco de ovos, ouvindo os gritos da minha mãe, que me julgava morto, não teve meias medidas e atirou-os para o meio do chão tendo ir a correr para me socorrer e ficando sem ovos. Não falo publicamente da vida dela, que também foi recheada de muitos problemas, por uma questão de respeito, mas acreditem que vivia com algumas dificuldades, não era rica, mas tinha sempre um cantinho para mim, nunca dizia que não quando a minha mãe ia a consultas e me dava o almoço. Continua a ser uma pessoa muito importante para mim, para a minha família, ela que depois foi empregada cá em casa. Por tudo isto e por muito mais quero agradecer-lhe o bem que me fez.~

P.S. também foi com a Lurdes que descobri que nestum de arroz é muito bom, acreditem!

8 comentários:

  1. Post muito bem conseguido da tua parte, impressionante como descreves as pessoas com as tuas palavras...gosto deste teu tema, chamemos-lhe assim....continua. ABRAÇO

    fabrizio

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  2. Eras mijão menino Valter??? Ai ai... (tou a brincar!)!
    Gosto imenso do modo carinhoso como falas destas pessoas que tanto te marcam!!!
    Continua a falar sobre elas!Fazes com que elas despontem um sorriso e se sintam felizes, nem k seja por momentos!!!!
    Beijo

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  3. lá me esqueci eu d assinar...
    Mara Serra

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  4. Sim Mara, era mijão até aos 5/6 anos, mas até aos 10/11 anos eu não fazia chichi na cama, mas nunca era na casa de banho, era ali num canto do quarto ou do corredor.. Enfim, todos temos os nossos podres..

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  5. eheh!! Tu és engraçado!
    São essas coisas k nos fazem relembrar a nossa infância com um sorriso na cara!!!!
    Beijo grande!
    Mara

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  6. Que belo post Valter muito bom mesmo :)
    Gosto imenso desta tua "rubrica" do blogue dá vontade de conhecer todas estas pessoas que descreves com tanto carinho.

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  7. É bom recordar pessoas que nos marcam e elogiá-las publicamente, mas há coisas deprimentes e desnecessárias!!!

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  8. Mas quais coisas deprimentes e desnecessárias? Eu, felizmente, não me envergonho do meu passado nem daquilo que sou hoje. Vivo muito bem com isso.

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