quinta-feira, 22 de abril de 2010

TEXTO PARA MIM! (adaptação da crónica publicada por José Luís Peixoto na revista Visão)

Valter,
lembra-te que há no Mundo milhares de crianças com fome, milhares de crianças no Mundo que não sabem escrever, nem ler, porque desde pequenos tiveram que saber o que custa a vida com o suor do seu corpo, com a força dos seus braços, crianças que são escravas, miúdos que por terem a oportunidade de comer aquilo que rejeitas se sentem reis.
Não te esqueças que existem milhares de velhos (gosto da palavra velho) abandonados, entregues ao seu próprio destino, velhos que apenas a esperam a sua hora, velhos que foram pais e que amaram os seus filhos, filhos esses que não reconhecem quem os pariu ou criou, velhos que já não se recordam do valor de um carinho, de um gesto.
Não te esqueças Valter, de todos aqueles pais que sofrem pelos seus filhos, pais que não têm dinheiro para assegurar os "cuidados mínimos" de uma criança, pais que sofrem por ver os seus filhos enfiados na cama de um hospital, ou perdidos nas noites atrás de fios de droga. Lembra-te Valter, de todos os pais a quem a vida não faz sentido algum, uma vez que, perderam aquilo que tinham de mais valioso, os seus filhos, pais que perderam o norte, que perderam o chão.
E os sem abrigo valter, não os ignores, aqueles que vivem à sua sorte, sem um tecto, sem uma família, olhados de lado, estigmatizados, não te esqueças deles. Recorda-te que eles não têm mesmo ninguém, socorrem-se de caixotes do lixo, socorrem-se daquilo que tu não queres, das sobras dos jantares de gente milionária em restaurantes de luxo.
É importante não te esqueceres disto, Valter, sobretudo quando andas chateado com pequenas merdas da vida, quando te sentes inútil, incompetente, quando não percebes que se calhar não és tão forte quanto pensas. Lembra-te Valter, e se quiseres recorda também isto aos teus amigos. Sabes Valter, eu já aprendi isto.

5 comentários:

  1. Concordo com o teu post! Todos nós, quando aborrecidos, desiludidos, desanimados com a vida, pensamos que a vida é uma treta, que mais valia desaparecer, que não temos sorte na vida... deviamos parar para pensar em todas as situações que aqui expuseste. Queixamo-nos de coisas inuteis e pequenas perante estes problemas tão grandes da nossa sociedade, do nosso mundo, perante tanto sofrimento que, por vezes, tentamos colocar de lado, tentamos "não ver"..... Deviamos de nos preocupar mais em ajudar pessoas em condições nefastas, em vez d andarmos com brigas inuteis.
    M.S.

    ResponderEliminar
  2. ´Mara eu gostava que lesses a crónica do José Luís Peixoto na Visão, não nesta semana, é sensacional e está extremamente bem escrita, ao contrário desta.. Mas o sentido está presente, temos que começar por valorizar aquilo que realmente interessa.. Esquecemo-nos muitas vezes que temos muita sorte em comparação com algumas pessoas!

    ResponderEliminar
  3. Estou de acordo contigo! Gostava de ler mesmo, vou ver se encontro.
    Ah e a tua não está mal escrita, está à nossa maneira!
    Mara

    ResponderEliminar
  4. Sei de muitas pessoas que deviam de ler 1000 vezes estes post, e reflectir bastante... A verdade é que poucas são as que ficam de fora dessa leitura, mas enfim.
    Admiro as pessoas que mesmo nos momentos mais difícies nunca desistem e enfrentam tudo com uma sorriso, mesmo que lá bem no fundo isso seja um pouco diferente... Infelizmente reclamamos de forma bastante excessiva dos obstáculos que a vida nos coloca, com o intuito de nos fazer crescer. A esses obstáculos temos por norma o hábito de chamar problemas, mas a verdade é que um problema é algo bem mais complicado.
    A verdade é que não se pode ter tudo, nem tão pouco ser-se perfeito, pelo simples facto de que isso não existe.

    Beijinhos Té

    ResponderEliminar